Em harmonia com as afamadas ineficiência e
inoperância do Poder Legislativo e no embalo de sonoros protestos generalizados
e exaltados, a CPI do Cachoeira encerrou seus trabalhos, após oito meses de inúteis
e improdutivas investigações e muitas trapalhadas, sem qualquer conclusão e,
consequentemente, sem o indiciamento de nenhum dos investigados. Ressalte-se
que a única providência concreta do parecer aprovado, com apenas duas páginas, foi
no sentido de encaminhar os resultados das apurações para a Polícia Federal e o
Ministério Público Federal, porquanto o relatório do relator petista, contendo
absurdamente mais de cinco mil páginas, foi rejeitado, sendo derrubado por 18
votos a 16. No relatório, havia proposta ao Ministério Público para o
indiciamento de 29 pessoas e a responsabilização de outras 12, por envolvimento
criminoso com a quadrilha do contraventor que deu nome à CPI. Na realidade, a
CPI foi instalada com o aval do ex-presidente da República petista, tendo por
objetivo básico investigar o governador de Goiás, que o teria lembrado sobre a
existência do escândalo do mensalão, cobrando-o a doção de medidas enérgicas,
mas nada foi feito à época. Contudo, além da confirmação das irregularidades
visadas, as investigações vislumbraram graves falcatruas envolvendo
contratações do governo federal e dos governos do Rio de Janeiro e do Distrito
Federal, principalmente com a participação de construtora responsável por obras
do Programa Acelerado do Crescimento, com recursos da União. Diante da gravidade
dos prejuízos constatados, a empresa não foi investigada, exatamente para não
expor a fragilidade e incompetência do governo com mais um de tantos
vergonhosos escândalos. O resultado dos trabalhos da CPI mostra de forma
cristalina a ridícula situação de descrédito e de inutilidade do Congresso
Nacional, que não tem a dignidade de cumprir com eficiência a sua competência
constitucional, se curvando aos interesses governamentais, em indiscutível
prejuízo aos interesses nacionais e evidente desmoralização de uma instituição
de quem se espera dignidade, moralidade e produtividade, em virtude de seus
membros serem eleitos em exaustivo processo eleitoral, para representar a
sociedade, que dela desdenham, apesar dos altíssimos vencimentos, os maiores do
mundo, percebidos à custa dos bestas dos contribuintes, que não têm a dignidade
de se revoltar contra atos vis, em completo desprezo ao povo brasileiro. Além
dos elevados custos inerentes ao tempo desperdiçado por dezenas de
parlamentares e servidores, toneladas de papéis, tintas e outros materiais de
escritório foram jogados na lata de lixo, diante de tamanha irresponsabilidade com
o encerramento dos trabalhos sem qualquer conclusão. Num país civilizado, no
mínimo, haveria responsabilização dos parlamentares que deram causa à farsa e à
desmoralização do Congresso Nacional. A sociedade tem a obrigação de repudiar
mais essa ruína da responsabilidade funcional dos congressistas, protagonizada
por políticos inescrupulosos, sem compromisso com a eficiência e moralidade do Poder Legislativo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de dezembro de 2012
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