domingo, 2 de dezembro de 2012

À prova da "honestidade"

Na desesperada tentativa de se safar das acusações de tráfego de influência e de uma séria de irregularidades, a ex-chefe do gabinete da Presidência da República, em São Paulo, divulgou nota negando ter participado, quando ocupava esse importante cargo, dos fatos característicos de corrupção no serviço público. Ela foi indiciada pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro, que investigou suposto esquema de venda de pareceres em órgãos públicos, para favorecer empresas privadas em negócios com o governo. Por causa disso, a presidente da República a exonerou do citado cargo. Na nota, ela teve o descaramento de dizer que nunca fez nada "ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula". Trata-se de mais um abominável escândalo protagonizado por “ilustres” petistas, em sequência ao não menos deplorável mensalão, ambos tendo por primordial objetivo o uso de cargos públicos e do poder, mediante os procedimentos clássicos de corrupção, em que quadrilha se organiza para se beneficiar economicamente das facilidades, dos arranjos e do jeitinho brasileiro. Na linha da coerência da excelente escola dos companheiros, a ex-chefe de gabinete da PR antecipa-se, cheia da “peculiar moral” partidária, para alegar a defesa básica de negar até a morte que jamais cometeu ilegalidade nem imoralidade, em desabono ao caráter ilibado e inatingível dos “todo-poderosos” chefes, que, evidentemente, também nada sabiam das suas travessuras. A psicologia explica que as delinquências, os erros e os deslizes nunca são assumidos pelos psicopatas, porque eles põem na consciência que são inocentes e os outros são os errados, por não compreenderem as suas traquinagens. No Brasil, alguns partidos políticos conseguem ter na sua composição pessoas desse naipe, com a inteligência capaz de entender que nunca fazem nada de errado e todos os seus atos estão revestidos de ética, moralidade, legalidade etc., quando têm sido o contrário, a exemplo dos crimes objeto do mensalão, em que os envolvidos se consideram pessoas honestas, honradas, dignas e, acima de tudo, injustiçadas diante do julgamento e da condenação pelo Supremo Tribunal Federal, em que pese terem por fundamento robustas provas testemunhais, periciais e substanciais, todas irrefutáveis quanto à culpabilidade dos denunciados. Em contraste às alegações, a imprensa escrita e televisiva vem revelando vasta documentação com provas do tráfego de influência da lavra da ex-servidora, inclusive evidenciando a sua proximidade com o "todo-poderoso", dando respaldo às nomeações de diretores de agências reguladoras. Todavia, essa cidadã tem a indelicadeza de declarar, em nota, inocência perante a opinião pública, que já não suporta mais tanta falta de caráter das pessoas que trabalham para o governo federal e que, na verdade, são empregadas da sociedade, por força dos pesados tributos impiedosamente impingidos aos brasileiros, que não suportam mais absurdas mentiras. A sociedade repudia tanta corrupção e anseia por que os governantes sejam obrigados a observar os princípios éticos, morais e legais, como forma de moralizar a gestão dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de dezembro de 2012

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