Em
atendimento aos apelos dos líderes de partidos, o presidente do Congresso
Nacional pautou de forma absurda mais de três mil vetos, desagradando não
somente a presidente da República, a opinião pública e os parlamentares dos
estados produtores de petróleo, porque essa atitude objetivava a apreciação e
votação de todos os vetos presidenciais pendentes de deliberação, em
tresloucada e insensata decisão. O presidente do Congresso teria ignorado os
apelos das pessoas experientes, que entendiam que a votação de tantos dispositivos
vetados às pressas evidenciaria loucura, quando, no momento de pressão, era
recomendável serenidade e cautela, para se evitar consequências desastrosas
para o país. O mesmo Congresso já havia cometido outra atrocidade, ao aprovar a
urgência para votação do veto parcial da presidente sobre a proposta que
redistribui os royalties sobre a produção de petróleo, a qual não teve
prosseguimento porque o Supremo Tribunal Federal entendeu que os vetos devem
ser colocados em votação na ordem de chegada ao Parlamento, o que motivou a
irresistível pressão para pautar todos os vetos, a serem votados em bloco, numa
única sessão. Ocorre que os vetos são apreciados em obediência a rito especial,
exigindo votação secreta e por meio de cédulas, tornando demorado o processo. Ainda
bem que o bom-senso prevaleceu e houve a decisão inteligente de se adiar para o
ano que vem a votação dos 3.060 vetos presidenciais, em virtude da
impossibilidade da apreciação de matéria complexa, em tão pouco tempo. Diante do
impasse, houve o entendimento segundo o qual os vetos presidenciais trancam a
pauta, não podendo ser votada qualquer matéria, nem mesmo o Orçamento da União,
que também ficará para o próximo ano. Salta aos olhos, nesse lamentável episódio,
a completa falta de compromisso dos parlamentares com o cumprimento dos seus
deveres constitucionais, a se notar que a norma insculpida no artigo 66 da
Constituição estabelece que o veto, não analisado em até 30 dias, "será colocado na ordem do dia da sessão
imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final". O entulho dos escaninhos do
Congresso, causado pela vergonhosa guarda de vetos há mais de 12 anos, mostra
de forma cristalina mais um escândalo protagonizado pelos parlamentares, por
não produzirem absolutamente nada durante as atividades legislativas, não cumprirem
seu dever constitucional e ainda se beneficiam com generoso e escandaloso
recesso de 45 dias, remunerados pelos contribuintes, quando poderia utilizar
esse tempo para pôr seus trabalhos em dia. A inoperância parlamentar corrobora
para se inferir que esse Congresso é completamente dispensável, por não cumprir
as suas funções institucionais, não aprovar nada em benefício da sociedade e
ainda ser o mais oneroso do mundo, com absurdas ajudas de custo, auxílios estapafúrdios,
verbas de gabinete e quadro de pessoal superlotado, em indiscutível prova de desperdício
de recursos públicos. Essa tentativa desesperada de votar em bloco os
vetos presidenciais evidencia a falta de clarividência e ao mesmo tempo a farta
incompetência do Congresso, permitindo se questionar quanto à sua real
necessidade, em razão do custo beneficio, em razão de não ser capaz de
desempenhar suas funções constitucionais, na medida em que os representantes do
povo não satisfazem a vontade popular e os compromissos dos cargos, regiamente
remunerados. O caso da apreciação dos vetos expõe acentuadas ineficiência e
irresponsabilidade dos parlamentares, pela revelação de tantas matérias relegadas
aos porões do Congresso, sem qualquer preocupação quanto à avaliação sobre a
sua importância para o país, cuja resolução poderia resultar em benefício aos
interesses nacionais. É mais um vexame protagonizado por uma turma de despreocupados
com as causas dos brasileiros, que inventa de se divertir com a consciência
nacional, de forma atabalhoada e completamente irresponsável. A culpa desse caótico
estado legislativo é do povo, que elege pessoas sem as indispensáveis qualificações
para o desempenho de funções importantes e estratégicas para o desenvolvimento
do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de dezembro de 2012
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