Conforme dados parciais do Tribunal Superior
Eleitoral, as construtoras e empresas do setor imobiliário doaram pelo menos R$
7,6 milhões, somente em São Paulo, aos comitês de campanha do PT e PSDB,
partidos preferidos por elas à vista de terem disputado o 2º turno da eleição
para a Prefeitura. Esse valor é 62% equivalente às doações depositadas
diretamente nas contas dessas legendas e ainda representam os repasses sob o
controle da Justiça Eleitoral, porquanto não foi possível o rastreamento de mais
de 80% dos repasses financeiros aos comitês. Os setores da construção civil e
do mercado imobiliário contribuíram com R$ 4,6 milhões, representando 75% das
doações feitas aos comitês financeiros do PT, enquanto os tucanos receberam
desses empreendimentos R$ 3 milhões, algo em torno 49% dos depósitos feitos em
suas contas. Os mencionados empreendedores lideram em disparada as doações financeiras
aos partidos da preferência popular, ao abrirem seus cofres sem dor nem
piedade, de forma totalmente descontrolada e desmedida, numa bondade acima de
qualquer suspeita, para os padrões brasileiros de “honestidade” e de segundas
intenções quanto aos procedimentos negociais futuros. As maiores doadoras de
recursos são bastante generosas, não se limitando em “ajudar” nas campanhas
eleitorais em valores na faixa de um milhão para cima. Um grupo empresarial
bonzinho, comandado por um banco, fez doação de R$ 1 milhão para financiamento
das campanhas petistas em São Paulo. Na verdade, percebe-se que existe uma forma
aberta e bastante promíscua de doação de recursos e são originados, normalmente,
pelas principais empresas que têm interesse em firmar contrato com os futuros
prefeitos ou continuar prestando “relevantes” serviços à comunidade, em nome da
amizade conquistada ou turbinada na campanha eleitoral. Essa notória pouca
vergonha precisa acabar com urgência, como forma de moralizar a administração
pública, que não pode permitir que os palanques sirvam de palco das negociatas e
de indecente vínculo do doador com o candidato eleito, haja vista que parte da
sua vitória foi construída com recursos dele, que se sente no direito de ter a
sua empresa confirmada nas verbas da prefeitura, como meio legítimo de
recompensar os investimentos de campanha. Essa forma esdrúxula de financiamento
de campanha somente se permite em países ultrapassados quanto aos sistemas políticos
vigentes, cujos governantes não têm a dignidade de reformar algo totalmente
inaceitável, por ser escancaradamente imoral e indecoroso, que a sociedade e os
homens públicos, principalmente estes, jamais deveriam aquiescer com
procedimento pernicioso ao interesse público, por contrariar os salutares
princípios da administração pública. Urge que o bom senso e a consciência dos
homens de bem pugnem por reformas políticas abrangentes, inclusive
estabelecendo critérios justos e honestos de financiamento de campanhas
eleitorais, de modo que cada candidato receba dos cofres públicos determinado
valor para suas despesas eleitorais, em condições absolutamente transparentes e
sob rigoroso controle, ficando proibidas outras formas de financiamentos,
principalmente de empresas e empreendimentos potencialmente interessados em
contratações com a administração pública, federal, estadual ou municipal.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de dezembro de 2012
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