segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vergonhoso financiamento de campanha

Conforme dados parciais do Tribunal Superior Eleitoral, as construtoras e empresas do setor imobiliário doaram pelo menos R$ 7,6 milhões, somente em São Paulo, aos comitês de campanha do PT e PSDB, partidos preferidos por elas à vista de terem disputado o 2º turno da eleição para a Prefeitura. Esse valor é 62% equivalente às doações depositadas diretamente nas contas dessas legendas e ainda representam os repasses sob o controle da Justiça Eleitoral, porquanto não foi possível o rastreamento de mais de 80% dos repasses financeiros aos comitês. Os setores da construção civil e do mercado imobiliário contribuíram com R$ 4,6 milhões, representando 75% das doações feitas aos comitês financeiros do PT, enquanto os tucanos receberam desses empreendimentos R$ 3 milhões, algo em torno 49% dos depósitos feitos em suas contas. Os mencionados empreendedores lideram em disparada as doações financeiras aos partidos da preferência popular, ao abrirem seus cofres sem dor nem piedade, de forma totalmente descontrolada e desmedida, numa bondade acima de qualquer suspeita, para os padrões brasileiros de “honestidade” e de segundas intenções quanto aos procedimentos negociais futuros. As maiores doadoras de recursos são bastante generosas, não se limitando em “ajudar” nas campanhas eleitorais em valores na faixa de um milhão para cima. Um grupo empresarial bonzinho, comandado por um banco, fez doação de R$ 1 milhão para financiamento das campanhas petistas em São Paulo. Na verdade, percebe-se que existe uma forma aberta e bastante promíscua de doação de recursos e são originados, normalmente, pelas principais empresas que têm interesse em firmar contrato com os futuros prefeitos ou continuar prestando “relevantes” serviços à comunidade, em nome da amizade conquistada ou turbinada na campanha eleitoral. Essa notória pouca vergonha precisa acabar com urgência, como forma de moralizar a administração pública, que não pode permitir que os palanques sirvam de palco das negociatas e de indecente vínculo do doador com o candidato eleito, haja vista que parte da sua vitória foi construída com recursos dele, que se sente no direito de ter a sua empresa confirmada nas verbas da prefeitura, como meio legítimo de recompensar os investimentos de campanha. Essa forma esdrúxula de financiamento de campanha somente se permite em países ultrapassados quanto aos sistemas políticos vigentes, cujos governantes não têm a dignidade de reformar algo totalmente inaceitável, por ser escancaradamente imoral e indecoroso, que a sociedade e os homens públicos, principalmente estes, jamais deveriam aquiescer com procedimento pernicioso ao interesse público, por contrariar os salutares princípios da administração pública. Urge que o bom senso e a consciência dos homens de bem pugnem por reformas políticas abrangentes, inclusive estabelecendo critérios justos e honestos de financiamento de campanhas eleitorais, de modo que cada candidato receba dos cofres públicos determinado valor para suas despesas eleitorais, em condições absolutamente transparentes e sob rigoroso controle, ficando proibidas outras formas de financiamentos, principalmente de empresas e empreendimentos potencialmente interessados em contratações com a administração pública, federal, estadual ou municipal. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de dezembro de 2012

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