terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sexualidade de autoridades

Com a deflagração do último escândalo envolvendo personalidades da vida republicana, no bojo da já afamada Operação Porto Seguro, em que se denuncia a importante figura da assessora presidencial, com base em escritório na capital paulistana, começaram concomitantes especulações pela mídia e opinião pública sobre o que realmente existia entre o ex-presidente da República petista e a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, indiciada pela Polícia Federal sob acusação de corrupção passiva, tráfico de influência, duas vezes por falsidade ideológica e formação de quadrilha, deixando pouca dúvida quanto à índole criminosa da “competente” altíssima assessora, que era regiamente remunerada pelos bestas dos contribuintes, com o intuito de se beneficiar das facilidades do cargo público. Além disso, as investigações da Policia Federal revelam que ela usava a proximidade com o ex-presidente petista para nomear pessoas amigas para a ocupação de postos-chave em agências reguladoras. Seu prestígio no poder se notabilizava por agendar reuniões entre empresários mal-intencionados e agentes do governo federal e dos estados, com a finalidade de viabilizar negociatas e fraudes de interessas privados. Também são bastantes estranháveis as 28 viagens realizadas por ela ao exterior, fazendo parte da comitiva presidencial, por não ter ficado claro nem esclarecido quanto à sua real função, em termos do assessoramento prestado ao então presidente, que, por coincidência do destino, em nenhuma delas a primeira-dama se encontrava presente, ou seja, as centenas de viagens presidenciais para o exterior sempre contavam com a assistência de uma primeira-dama oficial ou quase, a depender da preferência do principal protagonista do evento. A história registra que, embora latente, a sexualidade extraconjugal esteve presente no cenário político de alguns presidentes, a começar pelo famoso Pai dos Pobres, passando pelo mentor e construtor da capital federal e o ex-presidente tucano, cujas amantes faziam parte da vida privada, sem vínculo com o serviço público. Em contramão da vida amorosa presidencialista, o caso da citada assessora presidencial, se confirmado o seu envolvimento com o ex-presidente petista, será a primeira vez na história do país que uma amante de presidente é mantida à custa do dinheiro público, tudo em nome da pureza de um partido que tudo faz pensando no “bem” do povo brasileiro. Essa é mais uma tremenda hipocrisia que a imprensa não teve a dignidade de denunciar com a devida antecedência, preferindo preservar a vida privada de quem, por tanto tempo, foi desonesto e indigno de comandar a nação com probidade e moralidade que a liturgia do cargo exige, ao permitir que a sua intimidade com pessoas pudesse favorecer a desenvoltura de quadrilhas dentro do poder, em prejuízo das causas nacionais. A sociedade anseia por que os cidadãos públicos tenham a dignidade e o caráter compatíveis com os cargos eletivos que forem investidos, de modo que sejam observados os princípios republicanos, em especial de honestidade e de intransigente defesa dos interesses nacionais. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de dezembro de 2012

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