terça-feira, 11 de dezembro de 2012

"Vaquinha" da imoralidade

Por ocasião do encontro do diretório do PT em Brasília, as lideranças acenaram para a possibilidade de levantar recursos entre os companheiros, numa espécie do jeitinho brasileiro denominado “vaquinha”, para ajudar no pagamento das multas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal aos integrantes da legenda, condenados que foram no julgamento do processo do mensalão, embora o presidente da legenda tenha sido enfático em classificá-las de “desproporcionais”. Na realidade, as citadas multas atingem aproximadamente R$ 1,5 milhão, sendo R$ 676 mil para o ex-chefe da Casa Civil; R$ 468 mil para o ex-presidente da legenda; e R$ 325 mil para o ex-tesoureiro do partido, absurdamente insignificantes ante à suntuosidade dos recursos desviados dos cofres públicos. Embora as condenações dos réus do mensalão tenham sido adotadas com base nos elementos robustamente acostados ao processo, fruto dos levantamentos e das apurações exaustivamente promovidos, as lideranças petistas insistem em que o Supremo decidiu não havendo provas nos autos, mas por mera imposição da elite reacionária, que não admite ser derrotada nas urnas, e pela cobrança da imprensa implacavelmente interessada em destruir o passado de conquista dos últimos governos. O certo é que o PT não concorda com o resultado do julgamento do mensalão, por entender que houve direcionamento político, quando deveria ter sido apenas técnico e isento de influências e pressões, em consonância com os autos e à luz das provas. Não há a menor dúvida de que as multas aplicadas nos autos do mensalão são resultantes das atuações deletérias aos princípios da moralidade e da honestidade por parte de membros da cúpula do partido, com infringência ao ordenamento jurídico aplicável ao gerenciamento de recursos públicos. As multas em causa são penalidades pessoais, em que os indivíduos punidos devem arcar em razão dos seus graves deslizes. Em se tratando de integrantes do partido que procura agir de forma escamoteada, a exemplo do famigerado esquema do mensalão, consistindo no maior escândalo da história política brasileira, mas a legenda garante que o desconhece, é muito provável que o lançamento da “vaquinha“ servirá apenas de chamariz para que as empresas contratadas pelos governos federal e estadual e pelas prefeituras comandadas pelo partido paguem, na maior satisfação, as multas em comento, como forma de continuarem sendo prestigiados nas futuras contratações. Em tese, esse pagamento termina sendo feito pelos bestas dos contribuintes, que, em última análise, assumem o ônus dos contratos com preços superfaturados. Embora esses procedimentos sejam plenamente condenáveis, mas, para o PT, isso é absolutamente normal, por constituir mera solidariedade com recursos públicos. A sociedade precisa urgentemente dar um basta nessa pouca vergonha dos políticos inescrupulosos, como forma de moralização da administração pública e de estrita observância aos princípios da ética, moralidade, legalidade e transparência na gestão dos dinheiros públicos. Acorda, Brasil.
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de dezembro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário