Por ocasião do encontro do diretório do PT em
Brasília, as lideranças acenaram para a possibilidade de levantar recursos entre
os companheiros, numa espécie do jeitinho brasileiro denominado “vaquinha”, para
ajudar no pagamento das multas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal aos integrantes
da legenda, condenados que foram no julgamento do processo do mensalão, embora
o presidente da legenda tenha sido enfático em classificá-las de “desproporcionais”.
Na realidade, as citadas multas atingem aproximadamente R$ 1,5 milhão, sendo R$
676 mil para o ex-chefe da Casa Civil; R$ 468 mil para o ex-presidente da
legenda; e R$ 325 mil para o ex-tesoureiro do partido, absurdamente
insignificantes ante à suntuosidade dos recursos desviados dos cofres públicos.
Embora as condenações dos réus do mensalão tenham sido adotadas com base nos
elementos robustamente acostados ao processo, fruto dos levantamentos e das
apurações exaustivamente promovidos, as lideranças petistas insistem em que o Supremo
decidiu não havendo provas nos autos, mas por mera imposição da elite
reacionária, que não admite ser derrotada nas urnas, e pela cobrança da
imprensa implacavelmente interessada em destruir o passado de conquista dos
últimos governos. O certo é que o PT não concorda com o resultado do julgamento
do mensalão, por entender que houve direcionamento político, quando deveria ter
sido apenas técnico e isento de influências e pressões, em consonância com os
autos e à luz das provas. Não há a menor dúvida de que as
multas aplicadas nos autos do mensalão são resultantes das atuações deletérias
aos princípios da moralidade e da honestidade por parte de membros da cúpula do
partido, com infringência ao ordenamento jurídico aplicável ao gerenciamento de
recursos públicos. As multas em causa são penalidades pessoais, em que os
indivíduos punidos devem arcar em razão dos seus graves deslizes. Em se tratando
de integrantes do partido que procura agir de forma escamoteada, a exemplo do
famigerado esquema do mensalão, consistindo no maior escândalo da história política
brasileira, mas a legenda garante que o desconhece, é muito provável que o
lançamento da “vaquinha“ servirá apenas de chamariz para que as empresas
contratadas pelos governos federal e estadual e pelas prefeituras comandadas
pelo partido paguem, na maior satisfação, as multas em comento, como forma de
continuarem sendo prestigiados nas futuras contratações. Em tese, esse
pagamento termina sendo feito pelos bestas dos contribuintes, que, em última
análise, assumem o ônus dos contratos com preços superfaturados. Embora esses
procedimentos sejam plenamente condenáveis, mas, para o PT, isso é
absolutamente normal, por constituir mera solidariedade com recursos públicos.
A sociedade precisa urgentemente dar um basta nessa pouca vergonha dos políticos
inescrupulosos, como forma de moralização da administração pública e de estrita
observância aos princípios da ética, moralidade, legalidade e transparência na
gestão dos dinheiros públicos. Acorda, Brasil.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de dezembro de 2012
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