domingo, 23 de dezembro de 2012

Responsabilização do desgoverno

Pegando carona na Lei Geral da Copa, os jogadores de futebol campeões mundiais com a Seleção Canarinha, nas Copas de 1958, 1962 e 1970, receberão auxílio, uma espécie de provento ou pensão, neste caso para a família daquele já falecido, ambos de forma vitalícia, no valor mensal de R$ 3.916,20, cujo valor servirá de teto para eventual abatimento de renda ou provento que alguém já venha percebendo dos cofres públicos. Cada ex-atleta ainda vai receber a bolada de R$ 100 mil do Tesouro Nacional. Não se pode deixar de reconhecer a importância dos talentosos jogadores para o desporto nacional, que ajudaram a disseminar o nome do Brasil aos quatro cantos do mundo, mostrando que, além do samba, o país era craque também com a bola no pé, fazendo com que os estádios se transformassem em palco de verdadeiro espetáculo do futebol e a seleção tivesse a competência de ser a maior conquistadora de títulos da face da terra. Não obstante, nada disso justifica que o povo brasileiro seja obrigado a arcar com essa vergonhosa benesse, que teve o respaldo da incompetência e irresponsabilidade dos congressistas e do governo, que aprovaram sem o menor escrúpulo o pagamento de despesas altíssimas, à custa dos bestas dos contribuintes, sem que houvesse um fundo constituído para suportá-las senão o já sacrificado e eterno deficitário Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, que normalmente passa a se responsabilizar por essa e outras medidas desastrosas do desgoverno. Não se pode, em absoluto, ignorar a necessidade de proteger e amparar o futuro dos atletas, mas isso deve ficar sob a competência do órgão vinculado ao jogador de futebol, no caso, a Confederação Brasileira de Futebol – CBF, que arrecada e administra bilhões de recursos oriundos de patrocinadores multinacionais e tem a obrigação originária de destinar parcela desse dinheiro para a constituição de um fundo específico para eventual ajuda à aposentadoria de atleta incompetente, que gastou desregradamente seus milhões, amealhados no auge da sua bem sucedida carreira, ancorada justamente por ter participado das campanhas vitoriosas da Seleção Canarinha, organizada por aquela confederação e não pelo povo brasileiro, que agora é obrigado a pagar, de forma  injusta, a fatura fruto da incompetência gerencial do governo. A sociedade tem o dever cívico de dar um basta à incapacidade de gestão do Estado, exigindo que os recursos públicos sejam aplicados à luz da legitimidade, eficiência e eficácia, e que os envolvidos pela promiscuidade como o verificado no caso em comento sejam responsabilizados pelos gastos indevidos e injustificáveis, por não terem amparo legal. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de dezembro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário