quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Niemeyer, o Oscar em profissão

Quem sou? “Diria que é um ser humano como outro qualquer – que nasceu, viveu e morreu. Sou um homem comum – que trabalhou como todos os outros. Passou a vida debruçado sobre uma prancheta. Interessou-se pelos mais pobres. Amou os amigos e a família. Nada de especial. Não tenho nada de extraordinário. É ridículo esse negócio de se dar importância. Consegui manter, a respeito dos homens, uma posição que me tranquiliza muito: vejo os homens como uma casa, em que você pode consertar as janelas, acertar o aprumo das paredes, pintar. Mas, se o projeto inicial foi ruim, fica prejudicado. Aceito as pessoas como elas são. Todo mundo tem um lado bom e um lado ruim. O homem nasce numa loteria: é bom, é ruim, é inteligente ou não. Se a gente aceita este fato como uma condição inevitável, a gente tem de ser mais paciente com as pessoas, aceitá-las como elas são”. Oscar Niemeyer. Foi-se o gênio da arquitetura mundial, o homem que conseguiu ser sinônimo e referência da arte do seu ofício, que teve a dignidade de prestigiá-la até seus últimos dias de vida. Niemeyer foi autor de inumeráveis obras importantes, mas algumas se tornaram marcas indeléveis da sua pujante genialidade, como o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, onde pela primeira vez ele utiliza superfícies com belas curvas, com a exploração das possibilidades plásticas do concreto armado. O prédio da Organização das Nações Unidas foi construído com base na seleção do seu projeto definitivo e outras edificadas em vários países. Não obstante, a sua mais prestigiada, destacada e fantástica obra pertence à construção da moderníssima capital do Brasil, a nossa amada Brasília, que tem planos urbanísticos da lavra de outro gênio do século XX, o não menos famoso Lúcio Costa, que ajudaram a construir dezenas de lindas obras arquitetônicas, capazes de encantar os amantes da avançada arte nascida das pranchetas e materializadas de forma magistral, que devem ser reverenciadas perenemente, como legado jamais imitado e sequer comparado. Vai-se o homem simples, mas deixa obras maravilhosas, de beleza inigualável e verdadeiro presente para as gerações de todos os tempos e de todas as culturas. As suas ideias sempre foram singulares, revolucionárias e avançadas, merecedoras do reconhecimento mundial da sua genialidade e do seu talento em benefício da humanidade. A obra de Niemeyer o faz ser verdadeiro mito da arquitetura mundial, por ter alcançado o ápice da sua arte e ainda sido reverenciado por sua contribuição revolucionária aos traços das pranchetas, notáveis revelações de poesias e encantamentos, quando passados para o frio e duro concreto armado. Não é verdade que o Brasil tenha perdido um gênio, porquanto a sua vida e obra artísticas, a partir de agora, incorporam-se ao patrimônio arquitetônico nacional como o maior e mais produtivo da beleza e do assombroso modernismo da arquitetura mundial. O seu legado é indiscutivelmente notável para o enriquecimento da cultura e da história das gerações, que saberão venerar a dedicação e valorização de importante ofício em prol do aperfeiçoamento e desenvolvimento da arquitetura. A sociedade, que tem preito de enorme gratidão ao notável arquiteto brasileiro, pelo seu extraordinário legado à arquitetura nacional, sabiamente modernizada e diferenciada do resto do mundo, como marca própria e singular, anseia por que o maior e idolatrado arquiteto brasileiro descanse em paz, com os merecimentos de quem cumpriu satisfatoriamente a sua passagem terrena.
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 06 de dezembro de 2012

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