Quem sou? “Diria
que é um ser humano como outro qualquer – que nasceu, viveu e morreu. Sou um
homem comum – que trabalhou como todos os outros. Passou a vida debruçado sobre
uma prancheta. Interessou-se pelos mais pobres. Amou os amigos e a família.
Nada de especial. Não tenho nada de extraordinário. É ridículo esse negócio de
se dar importância. Consegui manter, a respeito dos homens, uma posição que me
tranquiliza muito: vejo os homens como uma casa, em que você pode consertar as
janelas, acertar o aprumo das paredes, pintar. Mas, se o projeto inicial foi
ruim, fica prejudicado. Aceito as pessoas como elas são. Todo mundo tem um lado
bom e um lado ruim. O homem nasce numa loteria: é bom, é ruim, é inteligente ou
não. Se a gente aceita este fato como uma condição inevitável, a gente tem de
ser mais paciente com as pessoas, aceitá-las como elas são”. Oscar Niemeyer.
Foi-se o gênio da arquitetura mundial, o homem que conseguiu ser sinônimo e
referência da arte do seu ofício, que teve a dignidade de prestigiá-la até seus
últimos dias de vida. Niemeyer foi autor de inumeráveis obras importantes, mas
algumas se tornaram marcas indeléveis da sua pujante genialidade, como o
conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, onde pela primeira vez
ele utiliza superfícies com belas curvas, com a exploração das possibilidades
plásticas do concreto armado. O prédio da Organização das Nações Unidas foi
construído com base na seleção do seu projeto definitivo e outras edificadas em
vários países. Não obstante, a sua mais prestigiada, destacada e fantástica obra
pertence à construção da moderníssima capital do Brasil, a nossa amada
Brasília, que tem planos urbanísticos da lavra de outro gênio do século XX, o não
menos famoso Lúcio Costa, que ajudaram a construir dezenas de lindas obras
arquitetônicas, capazes de encantar os amantes da avançada arte nascida das
pranchetas e materializadas de forma magistral, que devem ser reverenciadas perenemente,
como legado jamais imitado e sequer comparado. Vai-se o homem simples, mas
deixa obras maravilhosas, de beleza inigualável e verdadeiro presente para as
gerações de todos os tempos e de todas as culturas. As suas ideias sempre foram
singulares, revolucionárias e avançadas, merecedoras do reconhecimento mundial da
sua genialidade e do seu talento em benefício da humanidade. A obra de Niemeyer
o faz ser verdadeiro mito da arquitetura mundial, por ter alcançado o ápice da
sua arte e ainda sido reverenciado por sua contribuição revolucionária aos
traços das pranchetas, notáveis revelações de poesias e encantamentos, quando
passados para o frio e duro concreto armado. Não é verdade que o Brasil tenha perdido
um gênio, porquanto a sua vida e obra artísticas, a partir de agora, incorporam-se
ao patrimônio arquitetônico nacional como o maior e mais produtivo da beleza e
do assombroso modernismo da arquitetura mundial. O seu legado é indiscutivelmente
notável para o enriquecimento da cultura e da história das gerações, que
saberão venerar a dedicação e valorização de importante ofício em prol do aperfeiçoamento
e desenvolvimento da arquitetura. A sociedade, que tem preito de enorme gratidão
ao notável arquiteto brasileiro, pelo seu extraordinário legado à arquitetura
nacional, sabiamente modernizada e diferenciada do resto do mundo, como marca
própria e singular, anseia por que o maior e idolatrado arquiteto brasileiro descanse
em paz, com os merecimentos de quem cumpriu satisfatoriamente a sua passagem terrena.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de dezembro de 2012
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