Na avaliação do governo, a infraestrutura preparada
para a Copa do Mundo vai corresponder às expectativas quanto às necessidades de
atendimento das demandas exigidas pelo fluxo de visitantes, com relação ao
pleno funcionamento dos aeroportos, hotéis e transportes, de modo que não haja
reclamação dos turistas. Também merecerem especiais rigores e cuidados o planejamento
e a estratégia para a segurança dos visitantes, tanto em contingente como em
equipamentos, como forma de propiciar abrangente controle sobre a criminalidade
e de diminuir ao máximo o número de casos policiais. O governo acredita que o
bom funcionamento do evento ajudará a mudar a percepção e avaliação negativa de
parte da população sobre o desempenho da gestão pública. O governo espera tirar
proveito sobre o sucesso do evento, principalmente se a seleção Canarinha for
bem dentro das quatro linhas. Por certo, como o filme da presidente está tão
chamuscado, como se viu no último teste realizado no Itaquerão, não será o
brilho do esquete brasileiro que vai contribuir para mudar a condição de
incompetência da administração do país, cujo governo já demonstrou,
sobejamente, a sua incapacidade gerencial. Não são os jogos da seleção que vão
mudar os resultados da política ou da economia, que estão precisando de
efetivos empenho e capacidade gerencial para alcançar objetivos positivos, em
termos econômicos e democráticos, mediante desempenho com priorização para as
políticas públicas destinadas à melhoria dos serviços básicos, da
infraestrutura, do saneamento básico, da educação, da saúde, da segurança
pública e de tudo que tenha por finalidade o atendimento do interesse público,
com embargo das demandas voltadas para a satisfação das causas partidárias e
pessoais, destinadas ao permanente objetivo de dominação do poder. Causa
perplexidade se verificar que o governo pretenda se escorar em resultado dos
jogos da seleção para tirar proveito eleitoreiro, quando deveria estar mais
preocupado em melhorar seu desempenho gerencial, em busca de resultados
satisfatórios para o país e não para seus interesses pessoal e eleitoreiro. É
inacreditável que a presidente da República, não conseguindo mostrar competência
para administrar a nação e angariar por seu trabalho a confiança do povo
brasileiro, tente, talvez em esforço de imaginação, tirar proveito do
desempenho do esquete Canarinho, mediante o acolhimento dos dividendos que
precisa para se sentir poderosa e eficiente, quando isso não passa de absurdo da
fantasia política de querer vincular os destinos e a gestão dos negócios da
nação, que se mostram à deriva, graças à fatal de aderência aos princípios de
eficiência e eficácia, aos resultados dos jogos da seleção nacional, numa grotesca
e gigantesca concepção palaciana de que o povo não tem inteligência suficiente
para distinguir uma coisa da outra. À toda evidência, não pode a seleção
brasileira de futebol respaldar o desgoverno e a falta de iniciativa da
mandatária do país para solucionar as graves questões que afetam negativamente a
nação, o que significa dizer que este não era o momento apropriado para a
realização da Copa do Mundo no Brasil, ante a existência de enormes
precariedades que assolam a população, bastante carente de serviços essenciais,
como infraestrutura, saneamento básico, educação, segurança pública, saúde,
transportes, entre outras necessidades, que são prestados de forma precária,
superficial e insatisfatória, comparativamente às prioridades dispensadas às
obras para a realização da copa, apesar de serem completamente dispensáveis
para os padrões e a realidade brasileiros, enquanto a população continuará padecendo
das crônicas ausência e assistência do Estado. Por certo, os recursos
comprometidos com as obras da copa não seriam suficientes para solucionar as
pletoras dificuldades do país, mas o fato em si demonstra o descaso dos
governantes quando se compromete com causa nitidamente alheia às questões de
estrito interesse da sociedade, em clara demonstração de falta de sensibilidade
e de racionalidade senão com a satisfação de interesses pessoais, à vista da
possível obtenção de prestígio, como manifestado pela presidente, em claro
detrimento das causas da sociedade e da nacionalidade. A sociedade não pode
permitir que a fragilidade administrativa do país fique à mercê do desempenho milagroso
da seleção brasileira para angariar a confiança da população, porque isso
representa mera efemeridade que não se coaduna com a realidade e a efetividade gerencial
que se pretende para a nação com as potencialidades do Brasil. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de junho de 2014
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