terça-feira, 1 de julho de 2014

Falta de sensibilidade política

Na avaliação do governo, a infraestrutura preparada para a Copa do Mundo vai corresponder às expectativas quanto às necessidades de atendimento das demandas exigidas pelo fluxo de visitantes, com relação ao pleno funcionamento dos aeroportos, hotéis e transportes, de modo que não haja reclamação dos turistas. Também merecerem especiais rigores e cuidados o planejamento e a estratégia para a segurança dos visitantes, tanto em contingente como em equipamentos, como forma de propiciar abrangente controle sobre a criminalidade e de diminuir ao máximo o número de casos policiais. O governo acredita que o bom funcionamento do evento ajudará a mudar a percepção e avaliação negativa de parte da população sobre o desempenho da gestão pública. O governo espera tirar proveito sobre o sucesso do evento, principalmente se a seleção Canarinha for bem dentro das quatro linhas. Por certo, como o filme da presidente está tão chamuscado, como se viu no último teste realizado no Itaquerão, não será o brilho do esquete brasileiro que vai contribuir para mudar a condição de incompetência da administração do país, cujo governo já demonstrou, sobejamente, a sua incapacidade gerencial. Não são os jogos da seleção que vão mudar os resultados da política ou da economia, que estão precisando de efetivos empenho e capacidade gerencial para alcançar objetivos positivos, em termos econômicos e democráticos, mediante desempenho com priorização para as políticas públicas destinadas à melhoria dos serviços básicos, da infraestrutura, do saneamento básico, da educação, da saúde, da segurança pública e de tudo que tenha por finalidade o atendimento do interesse público, com embargo das demandas voltadas para a satisfação das causas partidárias e pessoais, destinadas ao permanente objetivo de dominação do poder. Causa perplexidade se verificar que o governo pretenda se escorar em resultado dos jogos da seleção para tirar proveito eleitoreiro, quando deveria estar mais preocupado em melhorar seu desempenho gerencial, em busca de resultados satisfatórios para o país e não para seus interesses pessoal e eleitoreiro. É inacreditável que a presidente da República, não conseguindo mostrar competência para administrar a nação e angariar por seu trabalho a confiança do povo brasileiro, tente, talvez em esforço de imaginação, tirar proveito do desempenho do esquete Canarinho, mediante o acolhimento dos dividendos que precisa para se sentir poderosa e eficiente, quando isso não passa de absurdo da fantasia política de querer vincular os destinos e a gestão dos negócios da nação, que se mostram à deriva, graças à fatal de aderência aos princípios de eficiência e eficácia, aos resultados dos jogos da seleção nacional, numa grotesca e gigantesca concepção palaciana de que o povo não tem inteligência suficiente para distinguir uma coisa da outra. À toda evidência, não pode a seleção brasileira de futebol respaldar o desgoverno e a falta de iniciativa da mandatária do país para solucionar as graves questões que afetam negativamente a nação, o que significa dizer que este não era o momento apropriado para a realização da Copa do Mundo no Brasil, ante a existência de enormes precariedades que assolam a população, bastante carente de serviços essenciais, como infraestrutura, saneamento básico, educação, segurança pública, saúde, transportes, entre outras necessidades, que são prestados de forma precária, superficial e insatisfatória, comparativamente às prioridades dispensadas às obras para a realização da copa, apesar de serem completamente dispensáveis para os padrões e a realidade brasileiros, enquanto a população continuará padecendo das crônicas ausência e assistência do Estado. Por certo, os recursos comprometidos com as obras da copa não seriam suficientes para solucionar as pletoras dificuldades do país, mas o fato em si demonstra o descaso dos governantes quando se compromete com causa nitidamente alheia às questões de estrito interesse da sociedade, em clara demonstração de falta de sensibilidade e de racionalidade senão com a satisfação de interesses pessoais, à vista da possível obtenção de prestígio, como manifestado pela presidente, em claro detrimento das causas da sociedade e da nacionalidade. A sociedade não pode permitir que a fragilidade administrativa do país fique à mercê do desempenho milagroso da seleção brasileira para angariar a confiança da população, porque isso representa mera efemeridade que não se coaduna com a realidade e a efetividade gerencial que se pretende para a nação com as potencialidades do Brasil. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de junho de 2014

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