quinta-feira, 10 de julho de 2014

Mentalidade involuída

Segundo o ex-presidente da República petista, “O Japão é um país de primeiro mundo. Mas não ganhou um jogo sequer na Copa do Mundo. Primeiro perdeu da Costa do Marfim, depois empatou com a Grécia e, por fim, levou uma goleada da Colômbia. O problema do Japão é que eles só pensam em educação e saúde. Se investissem também em futebol ainda estariam na copa”. Ele ainda disse que “O Japão poderia ter evitado uma vergonha dessas. Ser desclassificado na primeira fase foi demais para um país que deu ao mundo o Pikachu e o Jaspion”. Trata-se de declaração de autoridade bastante infeliz e completamente destoada da realidade do contexto mundial, principalmente porque os fatos invocados e analisados pelo petista não servem para qualquer juízo de valor sobre o desempenho de seleção de futebol. Veja-se que, por exemplo, a Alemanha, França, Holanda, Bélgica investem e privilegiam a educação e saúde e nem por isso têm seleções fracas. Em contraposição, muitos países que investem muito pouco em saúde e educação não tiveram sucesso na copa, sendo igualmente desclassificadas como o Japão. O pronunciamento do petista não constitui nenhuma surpresa, porque ele guarda coerência e harmonia com o seu pensamento estreito, extemporâneo e normalmente dito em momento inoportuno, mas sempre com a finalidade de justificar as cristalinas precariedades da administração tupiniquim, que fraquejam e decepcionam quanto à falta de prioridade e de investimentos não somente na educação e na saúde, mas, sobretudo, na segurança pública, nos transportes, na infraestrutura, no saneamento básico e nos demais programas inerentes às políticas públicas, cujas omissões e deficiências prejudicam diretamente a sociedade, que deixa de se beneficiar dos serviços públicos de qualidade que faz jus, ante os escorchantes tributos que ela é compelida a pagar. Não há a menor dúvida de que a declaração do ex-presidente não contribui para o aprimoramento da democracia, em face de demonstrar forte crítica sobre assunto alheio à sua competência, por se imiscuir na autonomia de país ano-luz desenvolvido em relação ao país tupiniquim, em termos tecnológicos e gerenciais, inclusive no que diz respeito à sua administração pública, onde a corrupção é tratada com absoluta intolerável e quando há algum caso de irregularidade o envolvido é exemplarmente punido com penalidades duras e exemplares, como forma pedagógica de servir de lição para se evitar casos semelhantes, diferentemente do que ocorre no país governado pelo partido do ex-presidente, onde os criminosos condenados pelo Supremo Tribunal Federal, com base em documentos e provas robustamente coligidas aos autos pertinentes, foram, de forma absurda e estranha, aplausos com veemência por seus correligionários, que os qualificaram como verdadeiros heróis nacionais, a ponto de terem suas multas pecuniárias quitadas pelos companheiros, em processo de mutirão jamais visto na história do país. É lamentável se verificar que, em pleno século XXI, ainda carecer dignidade aos homens públicos, que deveriam evitar se manifestar sobre assunto que pode até comprometer as relações comerciais e de amizade com as nações amigas, principalmente quando elas estão disparadas na dianteira de todos os conceitos da administração pública, não somente quanto aos conceitos da competência, mas, sobretudo, da ética, da moralidade, do decoro, da honestidade, da legalidade, da eficiência, da eficácia e dos demais princípios humanos, aliás, pouco observados por muitos políticos tupiniquins, que preferem sentar sobre suas deficiências e criticar indevidamente quem trabalha com responsabilidade e capacidade. As manifestações do líder petista fazem lembrar célebre provérbio segundo o qual “Cada um dá o que tem”, o que significa dizer que não se pode esperar de alguém aquilo que está acima de suas possibilidades, méritos ou virtudes. Urge que a sociedade se conscientize de que o país não tem condições de se desenvolver social, econômica, política e democraticamente se insistir prestigiando políticos com mentalidades retrógradas e também focadas em assuntos estranhos à sua competência e que não contribuem para o engrandecimento das relações internacionais, como essa de censurar as políticas de país amigo. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de julho de 2014

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