quinta-feira, 17 de julho de 2014

Críticas justas à incompetência?

Em editorial, o jornal Financial Times pede "choque de credibilidade" no Brasil, ao afirmar que, se o governo da presidente petista não mudar de rumo, as eleições presidenciais poderão acenar para mudanças, entre outras, na equipe econômica e a transformação do Banco Central em entidade independente, em eventual segundo mandato da presidente. O editorial não suaviza nas críticas à presidente do país, pelo fato estranho de ela haver projetado "uma aura tediosa da eficiência de Angela Merkel", mas a sua avaliação resulta em um trabalho mais parecido com comédia bufa, sem credibilidade. O jornal ressalta que "Os preparativos atrasados para a Copa do Mundo já envergonham o país, enquanto o trabalho para os Jogos Olímpicos de 2016 é classificado como 'o pior' que o Comitê Internacional já viu. A economia também está em queda. O Brasil, que já foi o queridinho do mercado, vê investidores caindo fora". No texto, consta que "O país precisa de um choque de credibilidade. Se Dilma não entregá-lo, as eleições presidenciais de outubro o farão" e que o Brasil enfrenta desafios imediatos, como o escândalo referente à compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos EUA, e o fornecimento de energia elétrica, após a recente escassez de chuvas. Em que pese o forte e duro tom empregado nas críticas, o jornal dá voto de confiança à presidente, dizendo que "Dilma Rousseff é conhecida por falar em vez de ouvir, mas há sinais de que ela mesma está reconhecendo as críticas. Fala-se que ela poderia dar independência formal ao Banco Central, em um segundo mandato (originalmente, uma ideia de oposição). Ela também pode recrutar o presidente do BC, Alexandre Tombini, para substituir Guido Mantega, o desafortunado ministro da Fazenda. Ambos os movimentos seriam bem-vindos". O texto finaliza pondo em dúvida a capacidade da mandatária do país, afirmando: "Saber se a senhora Rousseff que parece Merkel, mas resulta nos Irmãos Marx é realmente a pessoa certa para colocar o Brasil de volta aos trilhos é outra questão. Afinal de contas, sua primeira administração foi uma decepção. Mas, pelo menos, há sinais de que os mercados do país estão trabalhando como deveriam através da transmissão de uma preocupação generalizada e crescente. Estes estão agora começando a empurrar o debate político em uma direção favorável aos investidores. Isso só pode ser uma coisa boa". O ceticismo sobre a capacidade da gestão petista não é evidenciado somente por parte dos especialistas brasileiros, a exemplo do Financial Times, que, no alto da sua competência e credibilidade, faz duras críticas contra a presidente brasileira, dando a entender que ela contribuiu para desarranjar e desorganizar a economia do país, com as ineficientes políticas fiscais, que resultaram na queda da economia; nas contas públicas fora de controle; nos juros beirando as nuvens; no descomunal crescimento da dívida pública, em razão dos gastos descontrolados; no desempenho raquítico do Produto Interno Bruto – PIB; na falta de competitividade da produção nacional; e principalmente na debandada do capital estrangeiro, em virtude das sufocantes cargas tributárias, dos injustificáveis encargos previdenciários, da inexplicável burocracia, entre tantos gargalos que não têm sido capazes de sensibilizar o governo para a premência das reformas estruturais que seriam suficientes para solucionar os notórios entraves que jamais existiriam num país cujos governantes tivessem o mínimo de sensibilidade política e responsabilidade administrativa, para perceberem que os mecanismos retrógrados e obsoletos resistem ao tempo e fazem estragos no sistema econômico, contribuindo perversamente para o subdesenvolvimento da nação. Urge que a sociedade se desperte para a triste realidade da administração do país, em especial no que diz respeito, entre outras precariedades, aos prejuízos que as políticas econômico-fiscais estão causando ao desenvolvimento nacional, e seja capaz de eleger alguém que tenha capacidade de estadista com qualificação e capacitação suficientes para implementar as reformas estruturais necessárias ao crescimento social, político, econômico e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de julho de 2014

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