sábado, 12 de julho de 2014

Moralização, ainda é possível?

Em discurso à militância do PT, o ex-presidente da República petista pediu engajamento dela para "moralizar a política" e resgatar sua imagem perante o povo brasileiro. Ele disse que "Aos olhos do povo parece que todo mundo é igual. Parece que todo mundo é bandido". Na avaliação dele, a política passa por momento de "muito descrédito e aos olhos do povo parece uma coisa vergonhosa. A verdade é que nós precisamos de uma reforma política. Não podemos continuar nessa situação de organização partidária em que nós nos encontramos".  O petista classificou de "necessária e urgente" a reforma política, que é preciso conquistar a juventude e despertar na população o sentimento sobre a importância de se fazer política: "Temos que dizer à nossa juventude que nós fazemos política que temos orgulho de fazer política e que temos orgulho do partido a que pertencemos. E se tiver alguma coisa errada, vamos tratar de acertar". Para o petista, quando a população não se envolve com a política, ela acaba sendo comandada por uma "minoria esperta. A desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. Negar a política é a pior coisa que pode ocorrer a uma Nação. Nós temos não só que gostar, mas que praticar política. Temos que ter orgulho daquilo que nós fazemos". Ao declarar que “parece que todo mundo é bandido”, o ex-presidente comete enorme iniquidade contra o povo, justamente porque não é todo mundo que é bandido. Na concepção clássica, bandido deve ser considerado somente aquele que não consegue trilhar no caminha da dignidade, honestidade e boa conduta perante a sociedade. O que dizer de quem fundou partido prometendo ser o mais ético do planeta, mas depois de conquistar o poder com base em promessas que foram abandonadas e que tinha por propósito a defesa dos interesses da sociedade, acabou mudando de ideologia com a empolgação nutrida pelo poder, tão grandiosa e descomunal que foi capaz de mandar a dignidade para o espaço, com a inobservância dos princípios da moralidade e da honestidade, dando preferência aos hábitos da corrupção com recursos públicos, a exemplo dos escândalos do mensalão e da Petrobras, que envergonharam profundamente os brasileiros e a nação; a promoção de alianças espúrias e inescrupulosas com a banda apodrecida dos políticos nacionais, que no passado mereceram, por parte dos petistas, os títulos de bandidos, picaretas, corruptos, ladrões e outros nomes incompatíveis com a nobre missão de representação popular; o indecente estímulo ao fisiologismo, com o loteamento entre os partidos da base de sustentação do governo de cargos de ministérios e empresas estatais, em escrachada negociata sob balcão de troca de cargos públicos por apoio político, tendo como pano de fundo a garantia da perenidade no poder, mediante procedimento completamente censurável e recriminável, por não se harmonizar com o conceito de moralidade no âmbito da administração pública; o inchamento da máquina pública, tornando-a totalmente ineficiente e inoperante, por ser administrada por pessoas desqualificadas e despreparadas para o exercício dos importantes cargos públicos; o sucateamento e a precariedade dos serviços públicos, reconhecidamente de péssima qualidade, ante a absurda carga tributária suportada pela sociedade, para a manutenção de serviço público incompatível com a grandiosidade e as potencialidades do país, que é considerado a sétima economia do mundo, mas a sua população, graças à bandidagem a que se refere o ex-presidente, é obrigada a ter serviços públicos sem qualificação, a exemplo das mazelas na educação, na saúde, nos transportes, na segurança pública, na infraestrutura e, enfim, nas demais políticas públicas, que não sabem o que seja prioridade, em termos de políticas governamentais. Não à toa que a população esclarecida e consciente sobre as verdadeiras precariedades pelas quais passa o país já não perdoa a total incompetência administrativa do país, cuja gestão só tem olhos para os programas assistencialistas, com a distribuição de bolsas famílias, como se somente isso fosse capaz de abonar os malfeitos e as omissões com relação à falta de reformas estruturais, aos investimentos de impacto, capazes de propiciar o desenvolvimento da nação, entre outras prioridades que são relegadas em nome do projeto político de perenidade no poder, para o qual são dedicados empenhos e esforços sem limites, não importando os meios empregados para o atingimento dos objetivos almejados. Nesse caso, diante das práticas contrárias ao interesse da sociedade, fica mais fácil entender a razão pela qual determinado partido se convence sobre a necessidade de mobilização para “moralizar a política”, cuja prática deve partir das suas lideranças, caso elas tenham a humildade de reconhecer as pletoras maldades perpetradas contra o interesse público e que foram capazes de contribuir para o completo descrédito capitalizado pela agremiação, que é considerada a mais corrupta da história republicana. Na verdade, compete aos protagonistas da degeneração dos princípios ético, moral e da dignidade, no âmbito da política partidária mostrar que realmente tem orgulho de fazer algo pelo país, mas de maneira honesta, em estrita observância aos princípios republicano e democrático, em harmonia com a decência e a dignidade. Para quem tem legado bastante nebuloso na política, principalmente com a sua aproximação à banda podre e execrável da política, com o exclusivo propósito de conquistar o poder e se firmar nele, é terrível se saber que, apesar dos pesares, esse político ainda é capaz de afirmação como essa: “Temos que ter orgulho daquilo que nós fazemos", o que demonstra real personalidade do político tupiniquim. A sociedade precisa se conscientizar sobre a urgente necessidade de moralização das atividades políticas e administrativas, de modo que os partidos que demonstraram completa infidelidade aos princípios ético, moral e da honorabilidade merecem o prêmio da eliminação das práticas político-partidárias, como forma de se purificar a administração pública, em benefício do interesse da população e do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 11 de julho de 2014

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