Em discurso à
militância do PT, o ex-presidente da República petista pediu engajamento dela para
"moralizar a política" e resgatar sua imagem perante o povo
brasileiro. Ele disse que "Aos olhos
do povo parece que todo mundo é igual. Parece que todo mundo é bandido".
Na avaliação dele, a política passa por momento de "muito descrédito e aos olhos
do povo parece uma coisa vergonhosa. A verdade é que nós precisamos de uma
reforma política. Não podemos continuar nessa situação de organização
partidária em que nós nos encontramos". O petista classificou de "necessária e urgente" a reforma
política, que é preciso conquistar a juventude e despertar na população o
sentimento sobre a importância de se fazer política: "Temos que dizer à nossa juventude que nós fazemos política que temos
orgulho de fazer política e que temos orgulho do partido a que pertencemos. E
se tiver alguma coisa errada, vamos tratar de acertar". Para o petista,
quando a população não se envolve com a política, ela acaba sendo comandada por
uma "minoria esperta. A desgraça de quem não gosta de política é
que é governado por quem gosta. Negar a política é a pior coisa que pode
ocorrer a uma Nação. Nós temos não só que gostar, mas que praticar política. Temos
que ter orgulho daquilo que nós fazemos". Ao declarar que “parece que
todo mundo é bandido”, o ex-presidente comete enorme iniquidade contra o povo,
justamente porque não é todo mundo que é bandido. Na concepção clássica, bandido
deve ser considerado somente aquele que não consegue trilhar no caminha da
dignidade, honestidade e boa conduta perante a sociedade. O que dizer de quem
fundou partido prometendo ser o mais ético do planeta, mas depois de conquistar
o poder com base em promessas que foram abandonadas e que tinha por propósito a
defesa dos interesses da sociedade, acabou mudando de ideologia com a
empolgação nutrida pelo poder, tão grandiosa e descomunal que foi capaz de
mandar a dignidade para o espaço, com a inobservância dos princípios da
moralidade e da honestidade, dando preferência aos hábitos da corrupção com
recursos públicos, a exemplo dos escândalos do mensalão e da Petrobras, que
envergonharam profundamente os brasileiros e a nação; a promoção de alianças espúrias
e inescrupulosas com a banda apodrecida dos políticos nacionais, que no passado
mereceram, por parte dos petistas, os títulos de bandidos, picaretas,
corruptos, ladrões e outros nomes incompatíveis com a nobre missão de
representação popular; o indecente estímulo ao fisiologismo, com o loteamento
entre os partidos da base de sustentação do governo de cargos de ministérios e
empresas estatais, em escrachada negociata sob balcão de troca de cargos
públicos por apoio político, tendo como pano de fundo a garantia da perenidade
no poder, mediante procedimento completamente censurável e recriminável, por
não se harmonizar com o conceito de moralidade no âmbito da administração
pública; o inchamento da máquina pública, tornando-a totalmente ineficiente e
inoperante, por ser administrada por pessoas desqualificadas e despreparadas para
o exercício dos importantes cargos públicos; o sucateamento e a precariedade
dos serviços públicos, reconhecidamente de péssima qualidade, ante a absurda
carga tributária suportada pela sociedade, para a manutenção de serviço público
incompatível com a grandiosidade e as potencialidades do país, que é
considerado a sétima economia do mundo, mas a sua população, graças à
bandidagem a que se refere o ex-presidente, é obrigada a ter serviços públicos
sem qualificação, a exemplo das mazelas na educação, na saúde, nos transportes,
na segurança pública, na infraestrutura e, enfim, nas demais políticas
públicas, que não sabem o que seja prioridade, em termos de políticas
governamentais. Não à toa que a população esclarecida e consciente sobre as
verdadeiras precariedades pelas quais passa o país já não perdoa a total
incompetência administrativa do país, cuja gestão só tem olhos para os
programas assistencialistas, com a distribuição de bolsas famílias, como se
somente isso fosse capaz de abonar os malfeitos e as omissões com relação à
falta de reformas estruturais, aos investimentos de impacto, capazes de
propiciar o desenvolvimento da nação, entre outras prioridades que são
relegadas em nome do projeto político de perenidade no poder, para o qual são
dedicados empenhos e esforços sem limites, não importando os meios empregados
para o atingimento dos objetivos almejados. Nesse caso, diante das práticas
contrárias ao interesse da sociedade, fica mais fácil entender a razão pela
qual determinado partido se convence sobre a necessidade de mobilização para “moralizar
a política”, cuja prática deve partir das suas lideranças, caso elas tenham a
humildade de reconhecer as pletoras maldades perpetradas contra o interesse
público e que foram capazes de contribuir para o completo descrédito
capitalizado pela agremiação, que é considerada a mais corrupta da história
republicana. Na verdade, compete aos protagonistas da degeneração dos
princípios ético, moral e da dignidade, no âmbito da política partidária
mostrar que realmente tem orgulho de fazer algo pelo país, mas de maneira
honesta, em estrita observância aos princípios republicano e democrático, em
harmonia com a decência e a dignidade. Para quem tem legado bastante nebuloso
na política, principalmente com a sua aproximação à banda podre e execrável da
política, com o exclusivo propósito de conquistar o poder e se firmar nele, é
terrível se saber que, apesar dos pesares, esse político ainda é capaz de
afirmação como essa: “Temos que ter
orgulho daquilo que nós fazemos", o que demonstra real personalidade
do político tupiniquim. A sociedade precisa se conscientizar sobre a urgente
necessidade de moralização das atividades políticas e administrativas, de modo
que os partidos que demonstraram completa infidelidade aos princípios ético,
moral e da honorabilidade merecem o prêmio da eliminação das práticas
político-partidárias, como forma de se purificar a administração pública, em
benefício do interesse da população e do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de julho de 2014
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