Embora tenha sido a principal autoridade brasileira
no Maracanã, a presidente da República passou quase despercebida nas duas horas
do jogo da final da Copa do Mundo, realizado entre Alemanha e Argentina. Ela
ficou todo tempo escondida no palanque das autoridades e somente deu o ar da
graça quando foi obrigada a fazer a entrega da taça ao capitão do time campeão,
em cumprimento ao ritual da Fifa, mas a aparição dela no telão se resumiu a
apenas fração de segundos, muito mais rápido do que a passagem de um cometa. A
imagem da petista foi bastante veloz, como se ela não pudesse ser exibida,
porque, incontinenti, apareceu o gramado no telão, como despiste estratégico,
em combinação com o governo brasileiro depois das vaias e dos xingamentos que a
presidente recebeu no jogo de abertura do Mundial, no Itaquerão, quando ela foi
alvo de xingamentos por milhares de pessoas sempre que aparecia no telão. Desta
vez, a tática de esconder a presidente funcionou somente até a cerimônia de
premiação dos alemães, porque ela foi obrigada a entregar a taça e o fez muito
rápido, mas não conseguiu evitar que as vaias surgissem dos brasileiros
presentes ao estádio. Pouco antes de o capitão da Alemanha erguer a taça de
campeão, o Maracanã fez um imenso silêncio, mas, em seguida, quase todas as
pessoas do estádio que falavam português a mandaram-na para lugar inapropriado. Não resta a menor dúvida de que essa forma de
tratamento é totalmente recriminável e inaceitável, principalmente em se
tratando da liturgia do cargo exercido por ela de presidente da República do
país, que merece absoluto respeito. Não é que os atos contrários aos interesses
da sociedade não devem ser repudiados, mas há forma elegante e adequada para se
expressar quanto à desaprovação de determinada atitude ou conduta. No entanto,
é bem possível que a forma como ela administra a nação, em dissonância com o
princípio republicano de comandar o país, por privilegiar algo que não condiz
com a vontade popular – pelo menos da população mais esclarecida e cônscia da
sua cidadania -, pode servir para desagradar parcela significativa da
sociedade, que vê em situação como essa a forma de manifestar a sua
insatisfação com o desgoverno. Ainda bem que a presidente da República se esconde, nos estádios, do
público que ela dirige, evidenciando, de forma cristalina, a rejeição da
sociedade à sua forma de administrar país, em especial com relação à decisão de
ter assumido o compromisso com a realização da Copa do Mundo no Brasil, quando,
na origem, havia prometido que a construção e as reformas dos estádios seriam com
recursos privados, mas foram utilizadas verbas dos bestas dos contribuintes,
cujos empreendimentos jamais deverão satisfazer às necessidades da população,
que continuarão na mesma miséria de quando se encontrava antes da copa. Se a
presidente do país se esconde da população que vai ao mesmo estádio é porque
ela sabe perfeitamente que não está satisfazendo condignamente os interesses do
povo, principalmente por dar prioridade à realização da copa, que passa ano-luz
das carências dele, conforme ficaram evidentes quando das manifestações das
ruas, acontecidas em junho do ano passado. Dificilmente o governante cônscio de
suas responsabilidades constitucionais e legais e estando cumprindo
rigorosamente os programas e as políticas públicas em sintonia com os anseios
da sociedade se esconderia de seus súditos, por não ter vergonha ou indignidade
a serem encobertas. Ao contrário, ele faria questão de aparecer e marcar
presença junto do seu povo, justamente orgulhoso e altaneiro para ser aplaudido
e ovacionado pelo sucesso do seu trabalho. No caso da presidente petista, a sua
passagem pelo governo é marcada por muita corrupção, a exemplo dos afastamentos
dos ministros, por suspeitas de corrupção, do escândalo da Petrobras,
evidenciado nas apurações da operação Lava-Jata da Polícia Federal, além da
compra de refinaria sucateada, a preço superfaturado, das espúrias e
inescrupulosas coalizões de governabilidade, sustentadas pela entrega de
ministérios e empresas estatais a aliados, em troca de apoio político visando
exclusivamente à perenidade no poder, entre outras precariedades e ilegalidades
que não condizem com os princípios republicano e democrático, principalmente
por resultarem em cristalinos prejuízos às causas nacionais. O certo é que o
povo não aguenta mais a forma como o país está sendo administrado, que têm sido
levadas em conta as prioridades pessoas e partidárias da classe dominante, com
a finalidade de se manter no poder e de se beneficiar dele, não importando os
fins empregados para o atingimento dos meios, em contraposição aos interesses
da sociedade e do país. O povo tem que se unir aos propósitos daqueles que
tiveram a oportunidade de se manifestar nos estádios, para dizer à presidente
do país que as mudanças somente no que diz respeito à distribuição de renda,
sabidamente com viés eleitoreiro, não satisfazem à plenitude da população,
porque a mandataria da nação precisa saber que existem graves e pletoras
dificuldades no país que exigem a consecução de medidas urgentes, a exemplo das
reformas estruturais do Estado, compreendendo a diminuição da escorchante carga
tributária; dos desmedidos encargos previdenciários; da pesada e inoperante
máquina pública, com incontroláveis e inúteis ministérios; das insuportáveis contas
e dívidas públicas; do anacronismo do SUS, que gasta muito, mas é ineficiente;
do gargalo que impede a competitividade da produção nacional; e de uma séria de
outros entraves que contribuem, de forma preponderante e decisiva, para o
subdesenvolvimento socioeconômico do país. A população tem o dever cívico de se
despertar sobre a urgente necessidade de avaliação sobre os reais prejuízos
causados à nação pela atual gestão dos recursos públicos, como forma de
adequá-la aos princípios científicos da eficiência e da eficácia, sob pena da
continuidade do processo de subdesenvolvimento socioeconômico do país, digno
não somente de vais e xingamentos, mas de veementes descrédito, repúdio e
recriminação da sociedade em geral. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de julho de 2014
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