É induvidoso que os possíveis pessimistas que
apregoavam o apocalipse no país, por ocasião da Copa do Mundo, deveriam ter se
fundamentado na notória precária capacidade do governo na condução das políticas
públicas, à vista da decadente prestação dos serviços públicos, evidenciada na
educação, que é de péssima qualidade, se comparada aos países desenvolvidos,
cujos alunos já ingressaram há muito tempo do ensino com o auxílio da
informática e o acesso ao mundo virtual; na saúde pública, que ainda se
conforma com as mortes de seres humanos nos corredores dos hospitais, ante o
sucateamento dos recursos pessoais e materiais; na segurança pública, com o
visível despreparo do policiamento e do disparate do seu armamento em relação
aos utilizados pelos criminosos; no gigantesco distanciamento do governo das
questões essenciais que afetam a sociedade, causadas justamente pela completa
falta de prioridades quanto às políticas públicas; além do desastroso
desempenho da equipe econômica, à vista dos pífios resultados obtidos pelo
governo. Pode até ser verdade que quem vaticinou o caos perdeu com alguma coisa
boa evidenciada na realização da copa, mas certamente houve surpresa pela
conclusão dos estádios e não das obras de mobilidade bem em cima do início do
evento, graças às ameaças da poderosa Fifa, que prometeu chutar o traseiro do
governo e declarou arrependimento por ter escolhido o Brasil para país-sede,
tendo ressaltado que o Brasil foi o pior de todos os organizadores da copa,
apesar de ter sido o país que teve mais tempo para a realização das obras: sete
anos. Embora somente os estádios e pouco mais de cinquenta por cento das obras
de mobilidade terem sido concluídas para o empreendimento, a mandatária do país
ainda se acha no direito de se vangloriar com o sucesso da “Copa das Copas”,
cujas obras de construção e reformas dos estádios deveriam ter sido custeadas
com recursos públicos, mas foram assumidas com dinheiro dos bestas dos
brasileiros, em evidente demonstração de irresponsabilidade com a gestão de
recursos públicos. Nesse particular, conquanto a presidente se arvore em querer
se beneficiar do resultado da copa, o povo deveria se mostrar frustrado por não
poder contar com os serviços públicos de qualidade que tem direito, à vista dos
elevados tributos que ele é obrigado a pagar, além de ter a tristeza de
acompanhar o sofrível desempenho da economia nacional, com a inflação em alta,
ultrapassando a meta oficial; os juros batendo nas nuvens; as contas públicas
asfixiadas pela incontrolável gastança da máquina pública; o desempenho do
Produto Interno Bruto – PIB bastante desalentador, em contraste com as
potencialidades econômicas do país; a progressiva perda de competitividade dos
produtos nacionais; a alarmante dívida pública; a corrupção batendo as portas
dos órgãos e das entidades públicos, a exemplo do clamoroso caso da Petrobras,
que foi envolvida em operações nada recomendáveis para o que se espera da
gestão pública; entre outros casos de notória deficiência da administração do
país, que deveria se encontrar em situação bem diferente da atual se a nação
estivesse sendo administrada com racionalidade e eficiência, respeitados os
princípios essenciais da administração pública. É evidente que os espetáculos
da copa e os astronômicos gastos superfaturados com planejamentos, construções,
reformar, mobilizações de pessoas e materiais, apoio logístico etc., tudo às
custas dos bestas dos contribuintes, não acrescentarão quase nada em benefício
da sociedade, ante a montanha de verbas públicas despendidas, que não serão
revertidas para a população, a exemplo dos faraônicos e inúteis estádios, que
continuam sugando dinheiro dos cofres públicos para a sua manutenção, eis que a
iniciativa privada, que terá o privilégio do seu usufruto, não terá condições
de arcar com os altos custos para o seu cuidado. Na verdade, o saldo da copa
vai servir para mostrar como a irresponsabilidade administrativa é capaz de
desperdiçar recursos pelos ralos da incompetência, haja vista que a população
com um pouco de discernimento vai perceber logo que a copa não conseguiu
contribuir para a melhoria da economia, a diminuição da corrupção e muito menos
a prestação dos serviços públicos de qualidade, ou seja, a “Copa das Copas“ não
passa de mero engodo, porque não houve melhoria senão nos aeroportos, que estão
bastante distanciados dos anseios e das necessidades da população que o Estado
tem o dever constitucional de cuidar e zelar pela melhoria das suas condições
de vida. A seriedade somente vai aportar neste país quando houver a copa das copas, de verdade, no Sistema
de Saúde Pública, em que os hospitais e as unidades de saúde passem a funcionar
com efetividade e ninguém mais seja condenado à morte dentro de nosocômios; na
educação, de modo que o ensino público seja modelar do conhecimento de
qualidade para o mundo; na segurança pública, permitindo que os criminosos
fiquem presos e a população sinta-se segura e tenha a certeza da proteção do
Estado; nas estradas, onde não haja mais mortes em razão da triste realidade
atual de sucateamento da malha viária; enfim, nessa copa das copas a ser
realizada, o governo passaria a ter responsabilidade pela execução de políticas
públicas verdadeiramente centradas nas suas atribuições constitucionais, em
obediência aos estritos princípios de moralização e efetividade da
administração pública, com embargo às maquiavélicas medidas destinadas à
perenidade no poder, que somente têm contribuído para o subdesenvolvimento da
nação. A sociedade precisa se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade
de o país ser administrado com competência e responsabilidade, respeitados os
princípios republicano e democrático, com vistas à estrita satisfação do
interesse público e da melhoria do bem comum. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de julho de 2014
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