A Copa do Mundo foi finalizada
apenas com o reconhecimento dos turistas estrangeiros e da imprensa nacional e
estrangeira quanto ao brilhantismo da sua organização e do seu funcionamento no
Brasil, que foi muito além das expectativas, principalmente quando se temia a
potencialização dos protestos e da ocorrência do caos nos eventos pertinentes.
Todavia, nada do pior aconteceu e o país passou no teste da civilidade, que era
o mínimo que poderia ter acontecido, porque não teria sentido o governo lutar bravamente
para sediá-la e não ter demonstrado condições de garantir a sua realização nos
padrões Fifa. Na verdade, trata-se de empreendimento quase efêmero, com
megacusto além da realidade brasileira, que não compensaria se fosse avaliado o
custo-benefício da sua implementação, em termos de atendimento ao interesse da
sociedade, principalmente a classe periféricas dos grandes centros, menos
aquinhoada, que não terá qualquer participação nos megalomaníacos estádios,
cujas obras inerentes às construções e reformas foram realizadas à custa de
bilhões de reais desviados dos cofres públicos, que nem seriam recompensados se
a seleção Canarinha tivesse representado com dignidade o país. O certo é que a
copa se foi, mas ela deixa importante lição de que o evento teve o significado
de satisfazer o ego de políticos inescrupulosos que menosprezam os reais
interesses da sociedade e os princípios fundamentais da administração econômica
e financeira, quanto ao conceito determinante de que os recursos públicos
somente devem ser aplicados em atendimento à satisfação do interesse da
sociedade, que não é o caso dos projetos eminentemente de interesse privado da
Copa do Mundo, cujo principal beneficiado é a todo-poderosa Fifa, que arrecadou
montanhas de dinheiros livres de tributos e os transportou para a sua sede na
Suíça, enquanto o povo brasileiro vai continuar na mesma situação anterior à
copa ou ainda em condições piores, porquanto os “minguados” recursos destinados
aos estádios não retornarão mais às finalidades sociais e muitas obras carentes
jamais serão providenciadas. Com absoluta certeza, o povo não precisava de copa
nem necessita de Olimpíada, ou seja, o Brasil não queria, por sua evidente
inutilidade, perda de tempo, produtividade e negócio, com a sua paralisação e
principalmente pela falta de atendimento às necessidades do povo. O país
precisa, com urgência, proporcionar dignidade para o seu povo, mediante a
prestação de assistência médica igual à que o ex-presidente petista recebe
quando adoece, não tendo que ser atendido em macas e cadeiras nos corredores de
hospitais, morrendo por falta de atendimento; o direito de ir e vir sem ser
assaltado, estuprado, assassinado, atropelado, sequestrado, violentado; o
devido cuidado das estradas que evitem a destruição de vidas e patrimônio; a
existência de portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias e infraestrutura em
condições de atender a demanda do progresso do país; a prestação de ensino
público de qualidade, com dignificação e respeito aos professores e escolas
seguras e modernas, equipadas com tecnológica de ponta; a prestação de serviços
públicos essenciais funcionando com eficiência e qualidade, sobretudo com
remuneração digna ao funcionalismo público; o funcionamento da Justiça com
celeridade; a permanente atualização do regramento jurídico, de modo que a
sociedade possa se beneficiar dos conceitos da modernidade e que sejam
eliminados os privilegiados indevidos e injustificáveis; a proteção de suas
riquezas contra o locupletamento e a distribuição do patrimônio nacional entre
apaniguados e ditadores de países comandados por ditadores contrários aos
princípios democráticos; o combate à corrupção; a punição aos corruptos e
dilapidadores de recursos públicos; o rigoroso combate à criminalidade e ao
narcotráfico, que são responsáveis pela perdição da sociedade, sobretudo, a
juventude, com a liberdade do tráfico de drogas; a priorização das políticas
públicas, mediante a implantação de gestão competente, eficiente e responsável,
com a observância dos princípios da ética, moralidade, economicidade,
legalidade e honestidade, como verdadeira e capaz maneira de colocar a administração
pública no seu correto rumo, do qual jamais deveria ter sido desviado, não fosse
o desperdício de excelentes oportunidades de avanço no sentido da modernidade e
do progresso, justamente por não terem sido evitados compromissos alheios aos
reais interesses da sociedade e da nação, a exemplo dessa famigerada Copa do
Mundo, que poderia ter sido realizada em qualquer país, menos no Brasil, cujos
resultados certamente teriam sido muito mais vantajosos para os brasileiros,
com a economia de recursos jogados pelos ralos da incompetência e da má gestão,
e até mesmo para a própria Seleção Canarinha, que teria se beneficiado da
ausência da terrível cobrança das autoridades e da população pela conquista do
título, em razão de jogar em casa e ainda ser obrigada a reparar o desastroso
resultado da copa de 1950, quando ela foi derrotada em pleno Maracanã. Não se
pode dizer que a copa foi coroada de êxito, em especial porque o seu legado é
absolutamente insignificante para a população, que não se beneficiou em nada dos
estádios preparados para ela, os quais continuarão bem distantes do povo e este
ainda continuará não tendo serviços públicos suficientes e de qualidade. A
sociedade tem o dever cívico e patriótico de se conscientizar sobre a maneira
correta de aplicação dos recursos públicos, uma vez que os administradores
públicos já demonstraram, de forma cabal, que desprezam completamente esse
comezinho conceito da execução da despesa pública; de mostrar aos homens
públicos a postura adequada e correta como se deve gerenciar o patrimônio dos
brasileiros; e de, em especial, eliminar da vida pública os maus políticos que
somente enxergam o próprio umbigo, para o fim de satisfazer seus interesses e
egos, a exemplo da absurda realização da Copa do Mundo, totalmente contrária à
realidade do país, mas tinha por exclusivo escopo a satisfação de objetivos
pessoais e partidários, cujos dispêndios foram completamente injustificáveis. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de julho de 2014
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