Em seguida aos
xingamentos à presidente da República, na abertura da Copa do Mundo, o
ex-presidente da República petista não teve dúvida em culpar a “elite” pelo
desrespeito à maior autoridade do país. Os petistas passaram a defender discurso
que dividia o eleitorado entre “nós”, o “povo”, o PT, o governo e seus aliados,
contra “eles”, a “elite branca” e os adversários políticos. O ex-presidente insinuou
sobre a existência de “ódio entre classes” fomentado pela “elite” com o
respaldo da imprensa. Tão logo foram alertados sobre o grave erro tático, os
petistas resolveram repaginar o discurso sobre o “mau humor” das elites, a começar pelo ministro da Secretaria Geral
da Presidência da República e pelo
ex-presidente, que, ao invés de atribuírem a ideia dos xingamentos apenas “às
elites”, eles passaram a admitir que a reação contra a presidente e o PT se
espalhou e que tanto o partido quanto o governo tiveram sua parcela de
responsabilidade para que isso acontecesse, porque não houve o devido combate
quando as acusações da mídia estavam no auge. O ministro se antecipou para
apontar a direção oposta, quando disse que a insatisfação já chegou às parcelas
importantes da população e que o PT tinha errado no diagnóstico. Em
seguida, o ex-presidente voltou atrás, para admitir que o PT teve culpa por não
“cuidar disso (do clima de
insatisfação) com carinho”. Foi o
suficiente para os dirigentes petistas se ajustarem e passarem a acompanhar o
novo discurso do ex-presidente, justamente para se evitar que o estrago à
campanha da reeleição da presidente tivesse maior proporção. O líder do PT no
Senado Federal disse que “Não temos
conseguido fazer um debate político. Ficamos apanhando muito tempo sem
responder adequadamente. Isso inclui o PT, o governo e tudo mais”, que
também entende, em face de resultado de pesquisa, que a insatisfação é difusa,
não tem motivos objetivos, partiu da elite, mas chegou às camadas mais
populares da sociedade, tendo concluído que “O diagnóstico está concluído. Agora estamos fazendo o debate que não
fizemos”. Já o vice-presidente do PT e responsável pela ação do partido nas
redes sociais, disse que é importante não deixar acusação sem resposta, porque
“Durante um bom período aguentamos
calados todos os ataques que sofremos. Nossa luta agora é para resgatar a
imagem”. O certo é que os fatos sobre o desempenho do governo petista
são realidade que os caciques do PT sempre desdenharam e menosprezaram, por se
sentirem suprassumo e onipotente, estando acima de todas as coisas, inclusive
de censura e críticas sobre o conjunto da obra, que tem sido muito maléfica aos
interesses públicos e bastante magnânima às causas do PT, que incorporou no
governo o sentimento de supremacia e de insuperação quanto à gestão implantada
no país, que tem por exclusivo objetivo a perenidade no poder, não importando
os fins empregados para o atingimento de seus objetivos. Veja-se que a cúpula
petista tem motivos para preocupação, no momento, porquanto, em conformidade
com pesquisa CNI/Ibope, a avaliação positiva do governo é de tão somente 31%,
que se associa à rejeição à pessoa da presidente do país ao patamar histórico
de 43%. À vista da possível constatação sobre o descontentamento em relação à
gestão petista, os dirigentes da agremiação, mesmo com enorme dificuldade,
estão sendo convencidos a assumir a culpa por insucesso do governo, que, à toda
evidência, não conseguiu agradar senão aos beneficiários do mais famoso
programa Bolsa Família, que tem sido o esteio político do PT, sob o velho e
surrado argumento da distribuição de renda, quando, na verdade, não passa de
puro assistencialismo em troca de votos. Não há dúvida de que a crise instalada
entre os cardeais petistas demonstra a falta de sintonia do discurso em defesa
do governo, deixando clara a dicotomia apregoada pela liderança partidária de
“nós”, os gênios intocáveis, contra “eles”, a elite branca, que, segundo o
petismo, se opõe aos seus planos de eterna dominação. Ao que tudo indica, as
constantes contradições da cúpula petista, agora evidenciadas, nada mais são da
certeza de alguns de que o fim se aproxima, à vista das manifestações da
população, que não suporta mais a falta de governança do país, cercada de muita
incompetência e corrupção. Convém que a sociedade seja capaz de afinar, com a
máxima urgência, não somente seu discurso com repúdio ao desgoverno, mas, em
especial, a sua atitude contra os homens públicos que se profissionalizaram e
se especializaram na política, aproveitando-se das conveniências e das
oportunidades, para exclusivo beneficiamento de seus interesses ou de seu
partido, em cristalino prejuízo das causas nacionais e da sociedade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de julho de 2014
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