terça-feira, 15 de julho de 2014

Vielen Dank, Seleção Alemã

Felizmente, a tragédia ocorrida com a Seleção verde-amarela na Copa do Mundo pode ter explicação natural e mais do que plausível, ante a idêntica situação catastrófica que permeia a administração do país, causada pela notória precariedade da prestação dos serviços públicos, afetados pela falta de priorização das políticas públicas e pelo desprezo aos princípios da moralidade, economicidade, competência, legitimidade e transparência, em evidente desdém aos conceitos de zelo e responsabilidade do administrador público com a res publica, por haver descumprimento do dever constitucional de cuidar e agir em consonância com os compromissos assumidos politicamente. Não é novidade que o governo, mentor do aludido evento, garantidor da sua organização e responsável pelas reformas e construção dos megalomaníacos estádios, com recursos públicos, já havia planejado e deliberado, exatamente na fase do seu nascedouro, que iria usar o sucesso do empreendimento na campanha da reeleição da candidata petista, como forma de tirar proveito da gloriosa trajetória da Seleção brasileira, como se o desempenho dela devesse ser atrelado à administração do país e que a sua contribuição fosse fundamental para as conquistas políticas, ainda que ambos os casos sejam completamente dissociados. Como foram constatadas na última pesquisa DataFolha, as intensões de voto para a presidente teriam sido aumentadas em razão do bom funcionamento da copa e, por conta disso, os marqueteiros da campanha já contavam como certo que a presidente estava sendo preparada para aparecer nos programas eleitorais repleta de entusiasmos, vangloriando-se aos quatro cantos, por ter sido responsável pelo êxito da copa e das conquistas do esquete nacional. Na verdade, quem conhece o PT, sabe perfeitamente que a realização desse importante evento tinha por finalidade justamente mostrar algo que o governo não conseguiu implementar na administração do país, qual seja, capacidade gerencial à altura das riquezas e potencialidades do Brasil, por não ter realizado nenhuma reforma sobre as estruturas do Estado, que são mais do que necessárias, principalmente nos setores tributário, político, econômico, fiscal, administrativo, trabalhista, tecnológico, educacional, previdenciário, infraestrutura etc., sem os quais não há como a nação se desenvolver social, política e economicamente, ante os entraves que emperram os mecanismos capazes de contribuir para o progresso nacional, que o governo os ignora e despreza. Não há dúvida de que, caso o governo tivesse conseguido mostrar competência na administração do país, principalmente com relação à prestação de serviços públicos de qualidade e à suficiência das necessidades básicas da população, no que diz respeito à eficiência e à satisfação do interesse da sociedade, nos programas e nas atividades pertinentes à educação, à saúde, à segurança, ao saneamento básico, aos transportes etc., não precisaria se desesperar em busca do possível sucesso da Copa do Mundo e muito menos do desempenho da Seleção Canarinha para atrelar à sua campanha à reeleição. Não há dúvida de que a Seleção Alemã, sem perceber ou pretender, acaba de prestar inestimável contribuição ao povo brasileiro com a vitória sobre o esquete brasileiro, evidentemente que não precisava tamanho massacre e ainda com requinte de crueldade, mas o simples afastamento do time do Brasil da final da copa teve o condão de quebrar o ímpeto do governo brasileiro de se apropriar indevidamente desse fato para associá-lo à campanha eleitoral da candidata petista, com o propósito de mostrar uma competência que somente inexiste no funcionamento da copa e não na gestão do país, a exemplo da situação crítica e complicada do desempenho da economia, com a inflação em alta, superando a meta do Banco Central; o descontrole das contas públicas; as taxas de juros nas nuvens; a incontrolável e altíssima dívida pública; a pesada carga tributária; o pífio resultado do Produto Interno Bruto – PIB; a continuada perda de competitividade dos produtos nacionais; a debandada do capital estrangeiro, que não suporta o famigerado e agressivo custo Brasil; entre outros entraves e precariedades administrativos que estão contribuindo, de forma preponderante e decisiva, para o subdesenvolvimento do país, que não merece padecer no torvelinho da crise de incompetência e ineficiência gerenciais, ante as suas potencialidades e riquezas de sétima economia mundial que, se aproveitadas com eficiência e capacidade administrativas, a nação certamente não estaria em condições tão precárias e sem esperanças de futuro promissor. Os fatos revelam à saciedade que, não fosse a impiedosa surra aplicada à Seleção Canarinha pelo eficiente time alemão, a quem os brasileiros têm preito de eterna gratidão por essa façanha, o país teria enorme possibilidade de mergulhar de vez num processo trágico de subdesenvolvimento, por consequência de inevitável campanha de marketing governamental, mediante a apoderação dos benefícios resultantes do desempenho de outrem para mostrar capacidade que a presidente não conseguiu imprimir na administração do país, fato esse que denota, com inexorável clareza, a sua falta de condições para continuar administrando a nação com a grandeza do Brasil, que não pode depender de fatos inusitados e absurdos como esse da Copa do Mundo para o seu gerenciamento. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de julho de 2014

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