As análises sobre a última pesquisa Datafolha acenam
para os principais destaques a superação dos obstáculos contra a realização da
Copa do Mundo no Brasil e a constatação do seu sucesso. O governo está
plenamente embebecido com a recuperação das intenções de voto da presidente da
República, tendo concluído que tanto a imprensa como a oposição erraram ao
prever o fracasso do evento. Os números são animadores, por mostrarem sensível
melhora da intenção de voto na mandatária do país, na aprovação de seu governo
e na expectativa em relação à economia. O resultado dessa pesquisa vai servir
de argumento político ao governo para ser usado na campanha eleitoral, em
proveito da administração petista, como elemento para robustecer o discurso
presidencial de que o pessimismo foi derrotado, como se o governo tivesse
investido recursos públicos em empreendimentos de interesse da sociedade,
quando é notório que os estádios não têm a menor serventia para a satisfação do
interesse público, posto que eles continuem sendo usufruto somente da
cartolagem, bastante distanciada da população. Agora causa perplexidade se
saber que integrantes da campanha petista avalia acusar a imprensa e a oposição
de boicote à copa, com a finalidade de prejudicar o país. No entanto, outra ala
governista pretende adotar o tom de otimismo, sob o argumento de que o Brasil
foi capaz de se unir para realizar o evento mundial, conquistado no governo do
ex-presidente, como forma de demonstrar humildade e angariar a simpatia dos
brasileiros. Numa ou noutra forma, é muito estranho que a aprovação da Copa do
Mundo possa servir para propiciar alívio e fôlego ao governo, que, nesta altura
do campeonato, quando se começa para valer a campanha eleitoral, tem como seu
calcanhar de Aquiles o desastroso desempenho da economia, com a inflação em
ritmo de alta, as taxas de juros nas alturas, o parque industrial em processo
de desaceleração, com a produção perdendo progressiva competitividade, os
investimentos estrangeiros dando às costas ao Brasil, ante as dificuldades de
enfrentar a pesada carga tributária, os elevados e diversificados encargos
previdenciários e trabalhistas, além de outros gargalos que comprimem os
sistemas industrial e econômico. A mediocridade político-administrativa
tupiniquim não consegue vislumbrar que, com pessimismo ou otimismo na
realização da Copa do Mundo, nenhum benefício será demandado para a sociedade
depois da sua realização, salvo os assombrosos e astronômicos gastos com os
estádios, que já foram incorporados aos ombros dos bestas dos contribuintes,
pois o povo vai continuar sendo desrespeitado e menosprezado com a costumeira
qualidade de quinta categoria dos serviços públicos prestados pelo governo, que
não se digna a aprimorá-los e equipará-los às obras dos estádios, que foram
executadas sob as exigências de qualidade padrão Fifa. O governo tem é que se
envergonhar de ter gastado tanto dinheiro em obras inúteis e irrelevantes para
a sociedade, quando deveria ter destinados os recursos para empreendimentos
exclusivamente de interesse público, exigindo que os estádios fossem
construídos e reformados com recurso da iniciativa privada, em conformidade com
a garantia do governo junto à Fifa, quando da entrega da documentação de
candidato a país-sede. É decepcionante que o Estado assuma os gastos que eram
da iniciativa privada e depois pretenda se vangloriar de ter realizado a Copa
das Copas, com recursos públicos, e ainda manifeste indigna pretensão de se
beneficiar eleitoralmente, para mostrar que teve capacidade de cumprir, de
forma eficiente, as severas exigências da Fifa. Todavia, o mesmo governo
demonstra não ter capacidade de administrar com a mesma eficiência, mesmo sendo
cobrado pela população, os programas e as políticas públicas, motivo que o leva
a ser desacreditado e criticado pelos economistas nacionais e internacionais,
diante da visível incompetência na administração do país, cuja gestão é
sinônimo de convivência pacífica com o fisiologismo exacerbado; o inchamento da
máquina pública, para o atendimento às alianças espúrias; a corrupção, como no
último caso ocorrido na Petrobras; e com tantas precariedades que estão
contribuindo para que o país esteja entre os piores países na avaliação dos
índices de desenvolvimento humano. Com tantas mazelas no país, os “iluminados”
governistas ainda têm a indignidade de se autopromoverem pela realização de
copa absolutamente dispensável para a realidade e os padrões de miserabilidade
de parcela significativa dos brasileiros, muitos dos quais ainda são beneficiários
do principal programa assistencialista do governo, que tem por finalidade contribuir
para incentivar o desprezo ao pleno emprego e à produção e para a consolidação
de brasileiros cada vez mais dependentes das benesses assistencialistas, sem
perspectiva de trabalharem e dignificam o próprio sustento com o seu trabalho,
a exemplo do que acontece nos países um pouco evoluído e administrado com
competência. Sob a ótica da eficiência administrativa, a realização da copa em
si não significativa absolutamente nada para o país, conquanto os serviços
públicos permaneçam no mesmo padrão de qualidade brasileiro, ou seja, sem
padronização civilizada. Urge que a sociedade se conscientize sobre a
necessidade de efetivas mudanças nas mentalidades dos homens públicos, no
sentido de capacitá-los a evoluir e compreender que os recursos públicos
somente devem ser despendidos em empreendimentos destinados à satisfação do
interesse da sociedade e do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de julho de 2014
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