sexta-feira, 18 de julho de 2014

Salário exagerado e absurdo

As injustificáveis e humilhantes derrotas nos jogos da semifinal e do terceiro lugar da Copa do Mundo certamente não foram as únicas causas da demissão do técnico da Seleção do Brasil, mesmo por que a Confederação Brasileira de Futebol nunca foi de primar pelo rigor na seriedade no âmbito dessa entidade, a exemplo da continuidade da administração entre integrantes do grupo predominante, que certamente contribuiu para o caos no futebol brasileiro. Também teria influenciada a defenestração da comissão técnica a “bagatela” salarial paga somente ao comandante, o todo-poderoso treinador, que custava à entidade o valor de R$ 1,5 milhão por mês, compreendendo R$ 900 mil líquido de salários e o restante de encargos trabalhistas. Trata-se de valor absolutamente incompatível com o mero cargo de treinador de uma seleção de futebol, mesmo que ela já tenha sido afamada, por ter conquistado cinco títulos mundiais, em condições isoladas, mas, por esse valor, ela, no mínimo, deveria estar imunizada contra qualquer vexame dentro de casa e muito menos poderia ser surrada por goleada sequer impensável para uma seleção de respeito. Não há dúvida de que a questão salarial deveria se restringir no âmbito da qualificação envolvida no negócio, independentemente do glamour atribuído à Seleção do Brasil. À toda evidência, trata-se de enorme exagero o técnico de futebol, por mais gênio e diferenciado que ele seja, faturar o astronômico valor de R$ 900 mil líquidos por mês, o equivalente a R$ 30 mil por dia, para treinar, quando muito, duas horas por dia, somente na fase em que a seleção se encontra convocada, ficando o resto do tempo disponível para viajar o mundo como olheiro de jogos e jogadores, ou seja, praticamente o técnico da Seleção Canarinha embolsa uma grana preta para nem quase trabalhar e mesmo assim seu faturamento é de causar inveja aos maiores empresários do mundo, que investem recursos, para terem lucro. Tratando-se do cargo mais cobiçado do futebol mundial e que todos os técnicos, menos o atual técnico do São Paulo, fazem qualquer negócio para aparecer como o mais capacitado, principalmente pelo status de dirigir o que se convencional serem os melhores jogadores do planeta, o salário deveria ter por base critério justo e razoável, sem exageros, observada a realidade brasileira de que o salário mínimo do trabalhador, pai de família, com carga de trabalho semanal de 44 horas é de tão somente R$ 724,00. Eis aí a razão pela qual os clubes brasileiros estão completamente atolados em dívidas com a previdência, o FGTS, o Fisco, os jogadores, os bancos etc., justamente por esse disparate das contratações absurdas e fora da realidade de suas receitas, que são baseadas no desempenho nas competições, nas quais nem sempre há garantia de sucesso. Diante desses fatos, pode-se concluir que o futebol deveria ser administrado mediante a observância dos princípios empresariais, onde predomine o entendimento segundo o qual os custos nunca podem ser maiores do que as receitas, sob pena de haver prejuízo e contabilidade negativa a determinar a falência do empreendimento. Não há dúvida de que as atividades pertinentes ao futebol continuarão em situação falimentar enquanto persistirem as crônicas insensibilidade e irresponsabilidade dos dirigentes dos clubes, que ignoram completamente os comezinhos princípios econômicos sopesados na balança empresarial, cujo prato dos custos jamais deve superar o seu rival da receita. É evidente que os brasileiros torcem para que o novo técnico da Seleção verde-amarela tenha competência suficiente para superar o passado recente, que pouco contribuiu para o engrandecimento do futebol brasileiro, e que seja capaz de compreender o sucesso de um time de futebol dependente de muitos e especiais fatores, entre os quais não se incluem prepotência, arrogância e mediocridade, porque esses elementos já comprovaram que são incapazes de capacitar e qualificar os jogadores, a exemplo da lição mais autêntica que foi dada nesta copa, quando a comissão técnica tupiniquim assegurava, com a convicção de quem nadava em dinheiro, que o Brasil já estava com a mão na taça, dando a entender ainda a completa supremacia do futebol brasileiro e o atraso das demais seleções, quando o resultado demonstrou exatamente o contrário, ficando evidenciado que a Seleção brasileira contabilizou o pior dos resultados da sua centenária e gloriosa história. O certo é que o clamoroso fracasso do esquete verde-amarelo foi custeado a preço de ouro, cuja competência profissional ficou bastante distante dos salários milionários. Os dirigentes do futebol brasileiros poderiam assimilar a lição de que a nova comissão técnica deve ser remunerada tendo por base parâmetros razoáveis de salário, sem exageros capazes de distorcer a realidade do futebol, que serviria apenas como tentativa de justificar o insatisfatório trabalho, sem o menor resultado prático e convincente. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de julho de 2014

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