As injustificáveis e
humilhantes derrotas nos jogos da semifinal e do terceiro lugar da Copa do
Mundo certamente não foram as únicas causas da demissão do técnico da Seleção
do Brasil, mesmo por que a Confederação Brasileira de Futebol nunca foi de
primar pelo rigor na seriedade no âmbito dessa entidade, a exemplo da
continuidade da administração entre integrantes do grupo predominante, que certamente
contribuiu para o caos no futebol brasileiro. Também teria influenciada a
defenestração da comissão técnica a “bagatela” salarial paga somente ao
comandante, o todo-poderoso treinador, que custava à entidade o valor de R$ 1,5
milhão por mês, compreendendo R$ 900 mil líquido de salários e o restante de encargos
trabalhistas. Trata-se de valor absolutamente incompatível com o mero cargo de
treinador de uma seleção de futebol, mesmo que ela já tenha sido afamada, por
ter conquistado cinco títulos mundiais, em condições isoladas, mas, por esse
valor, ela, no mínimo, deveria estar imunizada contra qualquer vexame dentro de
casa e muito menos poderia ser surrada por goleada sequer impensável para uma
seleção de respeito. Não há
dúvida de que a questão salarial deveria se restringir no âmbito da
qualificação envolvida no negócio, independentemente do glamour atribuído à
Seleção do Brasil. À toda evidência, trata-se de enorme exagero o técnico de
futebol, por mais gênio e diferenciado que ele seja, faturar o astronômico
valor de R$ 900 mil líquidos por mês, o equivalente a R$ 30 mil por dia, para
treinar, quando muito, duas horas por dia, somente na fase em que a seleção se
encontra convocada, ficando o resto do tempo disponível para viajar o mundo
como olheiro de jogos e jogadores, ou seja, praticamente o técnico da Seleção
Canarinha embolsa uma grana preta para nem quase trabalhar e mesmo assim seu
faturamento é de causar inveja aos maiores empresários do mundo, que investem
recursos, para terem lucro. Tratando-se do cargo mais cobiçado do futebol
mundial e que todos os técnicos, menos o atual técnico do São Paulo, fazem
qualquer negócio para aparecer como o mais capacitado, principalmente pelo status de dirigir o que se convencional
serem os melhores jogadores do planeta, o salário deveria ter por base critério
justo e razoável, sem exageros, observada a realidade brasileira de que o
salário mínimo do trabalhador, pai de família, com carga de trabalho semanal de
44 horas é de tão somente R$ 724,00. Eis aí a razão pela qual os clubes
brasileiros estão completamente atolados em dívidas com a previdência, o FGTS,
o Fisco, os jogadores, os bancos etc., justamente por esse disparate das
contratações absurdas e fora da realidade de suas receitas, que são baseadas no
desempenho nas competições, nas quais nem sempre há garantia de sucesso. Diante
desses fatos, pode-se concluir que o futebol deveria ser administrado mediante
a observância dos princípios empresariais, onde predomine o entendimento segundo
o qual os custos nunca podem ser maiores do que as receitas, sob pena de haver
prejuízo e contabilidade negativa a determinar a falência do empreendimento.
Não há dúvida de que as atividades pertinentes ao futebol continuarão em
situação falimentar enquanto persistirem as crônicas insensibilidade e
irresponsabilidade dos dirigentes dos clubes, que ignoram completamente os
comezinhos princípios econômicos sopesados na balança empresarial, cujo prato
dos custos jamais deve superar o seu rival da receita. É evidente que os
brasileiros torcem para que o novo técnico da Seleção verde-amarela tenha
competência suficiente para superar o passado recente, que pouco contribuiu
para o engrandecimento do futebol brasileiro, e que seja capaz de compreender o
sucesso de um time de futebol dependente de muitos e especiais fatores, entre
os quais não se incluem prepotência, arrogância e mediocridade, porque esses
elementos já comprovaram que são incapazes de capacitar e qualificar os
jogadores, a exemplo da lição mais autêntica que foi dada nesta copa, quando a
comissão técnica tupiniquim assegurava, com a convicção de quem nadava em
dinheiro, que o Brasil já estava com a mão na taça, dando a entender ainda a
completa supremacia do futebol brasileiro e o atraso das demais seleções, quando
o resultado demonstrou exatamente o contrário, ficando evidenciado que a
Seleção brasileira contabilizou o pior dos resultados da sua centenária e gloriosa
história. O certo é que o clamoroso fracasso do esquete verde-amarelo foi
custeado a preço de ouro, cuja competência profissional ficou bastante distante
dos salários milionários. Os dirigentes do futebol brasileiros poderiam
assimilar a lição de que a nova comissão técnica deve ser remunerada tendo por
base parâmetros razoáveis de salário, sem exageros capazes de distorcer a
realidade do futebol, que serviria apenas como tentativa de justificar o
insatisfatório trabalho, sem o menor resultado prático e convincente. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de julho de 2014
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