Um padre do interior
da Bahia surpreendeu os fiéis da sua paróquia, ao anunciar que deixará a vida
religiosa para assumir o amor por uma jovem da comunidade, que está grávida
dele. Durante as missas celebradas no último dia de trabalho pastoral, o ainda
padre, de 32 anos, decidiu ler excerto da carta anunciando a decisão, que
dizia: "Com o tempo fui observando
que na nossa amizade tinha algo a mais: o amor, mas sempre procuramos deixá-lo
só no nível da amizade, pois dizia que, se por acaso eu percebesse que não
conseguiria manter o celibato, deixaria antes o ministério para não
escandalizar a comunidade. Mas por ironia do destino não aconteceu como eu
pensava e nos envolvemos concretamente e hoje ela está grávida e eu quero
assumir a paternidade". Ele disse que a amizade começou quando eles se
conheceram e logo foi despertado algo diferente, mas o projeto de ser padre era
muito forte, por ele pertencer a uma família religiosa e desde garoto dizia que
planejava ser padre quando atingisse a fase adulta. Ele foi ordenado padre em
2009 e confessa que durante sua formação nunca teve dúvidas sobre a vocação
religiosa. O casal decidiu revelar o relacionamento quando a moça descobriu que
estava grávida. Foi quando ele resolveu assumir de imediato a situação, apesar
de temer a reação das pessoas, por acha que isso poderia ser motivo de
escândalo para a comunidade. Ele disse que "A gente passou por essa crise, entre a fé e o amor, mas depois da
revelação, fiquei aliviado. Estou feliz". Após as três missas
celebradas, agora já ex-padre, por ter anunciado para a comunidade seu
desligamento da Igreja, ele declarou que "Eu fiquei emocionado e chorei muito, quase a igreja toda chorou".
Depois do episódio, o sentimento da comunidade era de muita tristeza com a
perda do vigário, mas a decisão dele foi respeitada, pelo fato de se tratar de
ser humano que tem os mesmos sentimentos das pessoas normais, inclusive do usufruto
do direito de se apaixonar e ser feliz com a pessoa que ama verdadeiramente.
Com certeza, a união do ex-padre não é abençoada somente pela comunidade da sua
ex-pastoral, mas das pessoas que imaginam que a missão da Igreja Católica, na
atualidade, não seria prejudicada com a liberação do celibato, justamente por
inexistir qualquer fato que possa impedir o trabalho de profissão importante
como tantas outras, como as de médico, dentista, advogado etc., que prestam
relevantes serviços à comunidade e nem por isso são impedidos da liberdade de
se relacionarem em matrimônio com a pessoa que ama, porque o contrário disso
representaria a negação dos princípios humanitários e cristãos, que tem, em
seus fundamentos, justamente o direito ao sagrado usufruto do amor universal,
que pode ser sublimado entre o homem e a mulher, mediante a formação da
imaculada família, sempre abençoada por Deus. Seria forma de heresia se
condenar o relacionamento entre duas pessoas que se amam, porque esse ato
simplesmente consolida a vontade cristã, que se fundamenta no princípio de amar
o seu próximo como a si mesmo. A Igreja
Católica não perde seguidamente somente padres, que são os principais responsáveis
pela sua evangelização e orientação quanto aos princípios cristãos, há também significativas
perdas por parte do seu rebanho, que é a razão da sua existência. Tudo isso
ocorre porque a igreja parou no tempo, não querendo aceitar a evolução da
humanidade permitida pelo Ser Supremo, que tem o dom de conceder ao homem a
possibilidade da modernização e do aprimoramento dos conhecimentos, para serem
aplicados em seu benefício. Então, por qual motivo a Igreja ignora essas
conquistas permitidas por Deus, que é o Pai da humanidade e certamente tem
interesse que ela também se evolua e cresça acompanhando a sabedoria dos
homens? Causa a maior estranheza se perceber que a instituição integrada por
pessoas altamente instruídas e qualificadas, principalmente com formação em
filosofia, teologia e história da humanidade, com profundos conhecimentos sobre
a evolução da história antiga e contemporânea e sendo igualmente beneficiárias das
conquistas e dos avanços das ciências e da tecnologia, não conseguem vislumbrar
que os dogmas, os tabus e as cismas apropriados para a sociedade desinformada e
com pouco ou nada de conhecimento não podem prevalecer na atualidade, quando a
modernidade fora da Igreja Católica é realidade que impera há bastante tempo,
com enorme vantagem para o desenvolvimento da humanidade. Não obstante, de
forma inexplicável, os cardeais da igreja insistem em desconhecê-la e
menosprezá-la, em detrimento dos interesses da própria igreja, que precisa
rever seus conceitos - como no caso do celibato, que não mais se justifica - e
de igual modo se modernizar e evoluir, em conformidade com os princípios
fundamentais aplicáveis à humanidade, que demonstra interesse em caminhar em sintonia
com ela renovada e atualizada, evidentemente sem se distanciar dos fundamentos
do amor entre os semelhantes, que é a essência de Deus nos seus ensinamentos
terrenos, sublimados justamente nessa importante palavra: amor.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de julho de 2014
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