domingo, 6 de julho de 2014

O amor: essência de Deus

Um padre do interior da Bahia surpreendeu os fiéis da sua paróquia, ao anunciar que deixará a vida religiosa para assumir o amor por uma jovem da comunidade, que está grávida dele. Durante as missas celebradas no último dia de trabalho pastoral, o ainda padre, de 32 anos, decidiu ler excerto da carta anunciando a decisão, que dizia: "Com o tempo fui observando que na nossa amizade tinha algo a mais: o amor, mas sempre procuramos deixá-lo só no nível da amizade, pois dizia que, se por acaso eu percebesse que não conseguiria manter o celibato, deixaria antes o ministério para não escandalizar a comunidade. Mas por ironia do destino não aconteceu como eu pensava e nos envolvemos concretamente e hoje ela está grávida e eu quero assumir a paternidade". Ele disse que a amizade começou quando eles se conheceram e logo foi despertado algo diferente, mas o projeto de ser padre era muito forte, por ele pertencer a uma família religiosa e desde garoto dizia que planejava ser padre quando atingisse a fase adulta. Ele foi ordenado padre em 2009 e confessa que durante sua formação nunca teve dúvidas sobre a vocação religiosa. O casal decidiu revelar o relacionamento quando a moça descobriu que estava grávida. Foi quando ele resolveu assumir de imediato a situação, apesar de temer a reação das pessoas, por acha que isso poderia ser motivo de escândalo para a comunidade. Ele disse que "A gente passou por essa crise, entre a fé e o amor, mas depois da revelação, fiquei aliviado. Estou feliz". Após as três missas celebradas, agora já ex-padre, por ter anunciado para a comunidade seu desligamento da Igreja, ele declarou que "Eu fiquei emocionado e chorei muito, quase a igreja toda chorou". Depois do episódio, o sentimento da comunidade era de muita tristeza com a perda do vigário, mas a decisão dele foi respeitada, pelo fato de se tratar de ser humano que tem os mesmos sentimentos das pessoas normais, inclusive do usufruto do direito de se apaixonar e ser feliz com a pessoa que ama verdadeiramente. Com certeza, a união do ex-padre não é abençoada somente pela comunidade da sua ex-pastoral, mas das pessoas que imaginam que a missão da Igreja Católica, na atualidade, não seria prejudicada com a liberação do celibato, justamente por inexistir qualquer fato que possa impedir o trabalho de profissão importante como tantas outras, como as de médico, dentista, advogado etc., que prestam relevantes serviços à comunidade e nem por isso são impedidos da liberdade de se relacionarem em matrimônio com a pessoa que ama, porque o contrário disso representaria a negação dos princípios humanitários e cristãos, que tem, em seus fundamentos, justamente o direito ao sagrado usufruto do amor universal, que pode ser sublimado entre o homem e a mulher, mediante a formação da imaculada família, sempre abençoada por Deus. Seria forma de heresia se condenar o relacionamento entre duas pessoas que se amam, porque esse ato simplesmente consolida a vontade cristã, que se fundamenta no princípio de amar o seu próximo como a si mesmo. A Igreja Católica não perde seguidamente somente padres, que são os principais responsáveis pela sua evangelização e orientação quanto aos princípios cristãos, há também significativas perdas por parte do seu rebanho, que é a razão da sua existência. Tudo isso ocorre porque a igreja parou no tempo, não querendo aceitar a evolução da humanidade permitida pelo Ser Supremo, que tem o dom de conceder ao homem a possibilidade da modernização e do aprimoramento dos conhecimentos, para serem aplicados em seu benefício. Então, por qual motivo a Igreja ignora essas conquistas permitidas por Deus, que é o Pai da humanidade e certamente tem interesse que ela também se evolua e cresça acompanhando a sabedoria dos homens? Causa a maior estranheza se perceber que a instituição integrada por pessoas altamente instruídas e qualificadas, principalmente com formação em filosofia, teologia e história da humanidade, com profundos conhecimentos sobre a evolução da história antiga e contemporânea e sendo igualmente beneficiárias das conquistas e dos avanços das ciências e da tecnologia, não conseguem vislumbrar que os dogmas, os tabus e as cismas apropriados para a sociedade desinformada e com pouco ou nada de conhecimento não podem prevalecer na atualidade, quando a modernidade fora da Igreja Católica é realidade que impera há bastante tempo, com enorme vantagem para o desenvolvimento da humanidade. Não obstante, de forma inexplicável, os cardeais da igreja insistem em desconhecê-la e menosprezá-la, em detrimento dos interesses da própria igreja, que precisa rever seus conceitos - como no caso do celibato, que não mais se justifica - e de igual modo se modernizar e evoluir, em conformidade com os princípios fundamentais aplicáveis à humanidade, que demonstra interesse em caminhar em sintonia com ela renovada e atualizada, evidentemente sem se distanciar dos fundamentos do amor entre os semelhantes, que é a essência de Deus nos seus ensinamentos terrenos, sublimados justamente nessa importante palavra: amor. 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de julho de 2014

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