segunda-feira, 21 de julho de 2014

Qual o objetivo do Mundial no Brasil?

Depois que a Copa do Mundo terminou e a sua passagem pelas terras tupiniquins deixou a marca indelével na história do futebol brasileiro da tristeza e muita lamentação, principalmente quanto o desempenho da Seleção verde-amarela, resta agora o inevitável questionamento sobre as reais razões que levaram os mentores desse empreendimento absurdo e injustificável a merecer tamanhos esforços e tremendas dedicações, não sopesando em momento algum o montante dos recursos destinados à realização dela no Brasil, sabendo-se, sobretudo, da existência de tantas prioridades de cunho social, político e econômico que foram simplesmente desprezadas, sobrelevando-se tão somente a realização da copa como supremo empreendimento prioritário e essencial à consecução de fins supostamente pessoais, como reafirmação política, com menosprezo à satisfação do interesse público que sempre deve predominar sobre quaisquer outros projetos, por se tratar, no caso, do envolvimento e da aplicação de recursos públicos, que jamais deveriam se destinar a tais finalidades de cunho privado, pelo notório interesse particular do empreendimento, sem a menor serventia à população. Não há a menor dúvida de que administrador público responsável e cônscio do seu dever com os princípios elementares do gerenciamento da res publica não teria cometido a insanidade de assumir tal compromisso caso não tivesse o propósito relacionado com o atendimento de interesses políticos pessoais, suportados à custa de recursos da sociedade que deveriam se destinar exclusivamente para programas públicos, em benefício da população e do bem comum. É evidente que tamanha irresponsabilidade não se implementa sem ter sido planejada para que o seu resultado não sofresse o mínimo revés ou solução de continuidade, para que os reais objetivos do aproveitamento de seus benefícios causassem indiscutíveis reconhecimentos pela capacidade empreendedora a ser imputada ao governante, que poderia incorporar ao seu currículo os bons fluidos propiciados pela maravilhosa e mirabolante ideia da realização da copa no Brasil. Todavia, o castigo pela insensatez veio em dose inesperada e exagerada, transformando o sonho que era para ser glorioso em surpreendente e doloroso pesadelo, que destruiu as esperanças quanto à conquista do hexacampeonato de futebol, que teria o condão de beneficiar as pretensões políticas de quem não teve a sensibilidade de entender que o desempenho da Seleção brasileira de futebol não poderia jamais se confundir com atividades relacionadas à gestão pública, por serem situações distintas. Por certo, a prepotência e a onipotência do governo e da comissão técnica da Seleção brasileira não se atinaram para o fato de que não bastava somente a time nacional jogar em casa, com o pleno apoio da torcida para ser campeão apenas com a ajuda dos deuses do futebol, porque eles sabem muito bem que apenas o mito de ser reconhecido pelo talento dos atletas que, no passado, era abundante, mágico e temia os adversários não é mais capaz de ganhar absolutamente nada na atualidade, se não houver intensos treinamentos técnico e tático, além do completo conhecimento sobre seus oponentes. Não há dúvida de que a lição da Copa do Mundo foi um golpe mortal aos objetivos de associação da incompetência à ignorância do povo, como forma de mostrar o sucesso que não foi possível na via própria da administração do país, no que diz respeito à gestão dos recursos públicos, justamente por inexistir realizações capazes de justificar a realização de obras e de benfeitorias materializadas com o dinheiro dos contribuintes. Diante da formidável lição deixada pelo insucesso do Mundial, resta agora à sociedade se despertar da sua terrível letargia que a impede de enxergar as maldades protagonizadas pelos maus políticos, que infelizmente são capazes de atuar tão somente com a finalidade de realizar objetivos pessoais ou partidários, em detrimento dos verdadeiros fins de satisfação do interesse público e do bem comum. Acorda, Brasil!
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de julho de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário