Depois que a Copa do Mundo terminou e a sua passagem
pelas terras tupiniquins deixou a marca indelével na história do futebol brasileiro
da tristeza e muita lamentação, principalmente quanto o desempenho da Seleção
verde-amarela, resta agora o inevitável questionamento sobre as reais razões
que levaram os mentores desse empreendimento absurdo e injustificável a merecer
tamanhos esforços e tremendas dedicações, não sopesando em momento algum o
montante dos recursos destinados à realização dela no Brasil, sabendo-se,
sobretudo, da existência de tantas prioridades de cunho social, político e
econômico que foram simplesmente desprezadas, sobrelevando-se tão somente a
realização da copa como supremo empreendimento prioritário e essencial à
consecução de fins supostamente pessoais, como reafirmação política, com
menosprezo à satisfação do interesse público que sempre deve predominar sobre quaisquer
outros projetos, por se tratar, no caso, do envolvimento e da aplicação de
recursos públicos, que jamais deveriam se destinar a tais finalidades de cunho
privado, pelo notório interesse particular do empreendimento, sem a menor
serventia à população. Não há a menor dúvida de que administrador público responsável
e cônscio do seu dever com os princípios elementares do gerenciamento da res publica não teria cometido a
insanidade de assumir tal compromisso caso não tivesse o propósito relacionado
com o atendimento de interesses políticos pessoais, suportados à custa de
recursos da sociedade que deveriam se destinar exclusivamente para programas
públicos, em benefício da população e do bem comum. É evidente que tamanha irresponsabilidade
não se implementa sem ter sido planejada para que o seu resultado não sofresse
o mínimo revés ou solução de continuidade, para que os reais objetivos do
aproveitamento de seus benefícios causassem indiscutíveis reconhecimentos pela capacidade
empreendedora a ser imputada ao governante, que poderia incorporar ao seu
currículo os bons fluidos propiciados pela maravilhosa e mirabolante ideia da
realização da copa no Brasil. Todavia, o castigo pela insensatez veio em dose inesperada
e exagerada, transformando o sonho que era para ser glorioso em surpreendente e
doloroso pesadelo, que destruiu as esperanças quanto à conquista do
hexacampeonato de futebol, que teria o condão de beneficiar as pretensões
políticas de quem não teve a sensibilidade de entender que o desempenho da
Seleção brasileira de futebol não poderia jamais se confundir com atividades
relacionadas à gestão pública, por serem situações distintas. Por certo, a
prepotência e a onipotência do governo e da comissão técnica da Seleção
brasileira não se atinaram para o fato de que não bastava somente a time
nacional jogar em casa, com o pleno apoio da torcida para ser campeão apenas
com a ajuda dos deuses do futebol, porque eles sabem muito bem que apenas o
mito de ser reconhecido pelo talento dos atletas que, no passado, era abundante,
mágico e temia os adversários não é mais capaz de ganhar absolutamente nada na
atualidade, se não houver intensos treinamentos técnico e tático, além do
completo conhecimento sobre seus oponentes. Não há dúvida de que a lição da
Copa do Mundo foi um golpe mortal aos objetivos de associação da incompetência
à ignorância do povo, como forma de mostrar o sucesso que não foi possível na
via própria da administração do país, no que diz respeito à gestão dos recursos
públicos, justamente por inexistir realizações capazes de justificar a
realização de obras e de benfeitorias materializadas com o dinheiro dos
contribuintes. Diante da formidável lição deixada pelo insucesso do Mundial,
resta agora à sociedade se despertar da sua terrível letargia que a impede de
enxergar as maldades protagonizadas pelos maus políticos, que infelizmente são
capazes de atuar tão somente com a finalidade de realizar objetivos pessoais ou
partidários, em detrimento dos verdadeiros fins de satisfação do interesse
público e do bem comum. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de julho de 2014
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