Um empreiteiro que se encontra preso pela Operação
Juízo Final, sétima fase da Operação Lava Jato, revelou novo nome do PT no
esquema de propinas transformadas em doações eleitorais, com base no esquema de
corrupção instalado na Petrobras.
Em depoimento à Justiça Federal no Paraná, onde
funciona a Operação Lava Jato, o empreiteiro, que é vice-presidente da Engevix
Engenharia, declarou que “ajustava as
doações com João Vaccari Neto, tesoureiro do partido. E antes com Paulo Pereira".
Este último nome é a nova revelação.
Os investigadores da Lava Jato imaginam que o
empreiteiro queria se referir a Paulo Ferreira, que teria ocupado o cargo de
tesoureiro do PT, no período de 2005 a 2010, quando foi substituído pelo atual
tesoureiro, que também é acusado de ter recebido dinheiro sujo, desviado da
estatal.
O novo nome incluído no rol dos suspeitos de
corrupção na estatal é muito próximo do ex-ministro da Casa Civil da
Presidência da República, condenado no terrível processo do mensalão, e
substituiu, em 2005, o tesoureiro desse escândalo.
O empreiteiro disse que "Como ele (Pascowitch) tinha
um relacionamento com o PT e na diretoria de Serviços, também ele trazia
pedidos não vinculados a obras, né, mas vinculados a doações para o partido nas
épocas das eleições ou em dificuldades de caixa do partido. Então, nós fizemos,
teve um ano que eu doei que não era um ano eleitoral, foram feitas duas doações
para o PT".
A direção do PT refuta com veemência recebimento de
propinas, sempre ressaltando que todas as doações recebidas são devidamente declaradas
à Justiça eleitoral, que as aprova. Já o atual tesoureiro do PT repudia as afirmações,
que ele as denomina de “suspeitas”, lançadas sobre sua conduta, declarando que
as delações mencionando seu nome "não
correspondem à verdade".
Não há dúvida de que tem sido doloroso se ouvir as reiteradas
declarações de que a dinheirama recebida pelo PT, com origem dos contratos celebrados
pela Petrobras, é limpa, legal e chancelada pela Justiça eleitoral, por se
vislumbrar que os petistas imaginam que os brasileiros são imbecis e
estupidamente ignorantes que não têm condições de perceber a farsa embutida no
esquema das propinas que abasteciam irregularmente os cofres de partidos do
governo e de aliados seus.
É preciso entender que, segundo a lei eleitoral, as
doações a partido político têm vinculação à campanha eleitoral, ou seja, elas
não podem ser feitas fora do período eleitoral, para o suprimento de carência
de caixa, o que pode ter sido o caso das doações ao PT, por terem o caráter de
continuidade, mesmo fora daquele momento cívico.
Também é preciso se verificar se a
"generosidade" das empresas contratadas pela Petrobras se estendia a
outros partidos, indistintamente e fora do pleito eleitoral, para se formar
juízo sobre a preferência ou não dos empreiteiros ao partido do governo. No
mundo jurídico, não se pode considerar legítimo o produto conseguido por meio
ilegal, como no caso de dinheiro resultante de valor inserido em contrato de
forma fraudulenta, mediante o artificialismo do sobrepreço – valor à margem do
objeto contratado -, tendo por propósito seu repasse a terceiros.
Imagine-se que alguém receba, mediante doação, ou
adquira produto de origem suspeita ou fraudulenta, a transação é considerada
ilegítima e criminosa, sujeitando os envolvidos ao enquadramento nos crimes de
roubo, conforme o caso, e recepção.
É evidente que ainda é muito prematuro para fazer-se
juízo de valor sobre o tanto de doações que foram feitas ao PT, consideradas
absolutamente legais pelo partido, que não se cansa de se vangloriar que ele
somente recebe doações sob o pálio da legalidade, mas os fatos amiudamente tornados
ostensivos, por força da salutar transparência, suscitam as mais atrozes dúvidas
sobre a legitimidade que se pretende atribuir às piores maracutaias vindas à
luz solar na história republicana.
Não obstante, as pletoras suspeitas sobre as
negociatas em torno dos contratos superfaturados da Petrobras, onde, não
somente uma, mas dezenas de pessoas denunciaram as exigências de propinas para a
continuidade das contratações de determinada empresa pela estatal, cada vez
aumentam as suspeitas sobre ilicitude acerca das "generosas" doações
ao partido do governo.
Até quando os fatos vão continuar sob o manto dessa
névoa tênue de sustentação movediça de legitimidade, quando somente os
fanáticos ainda confessam acreditar nessa ridícula, estapafúrdia e
insustentável história de doações legais?
A nação brasileira não merece passar por esse
momento de grave crise de credibilidade, em que a mandatária do país é a
primeira pessoa em acreditar nessa farsa de doações legítimas, quando os fatos
são claríssimos em demonstrar que a realidade aponta para verdadeiro mar de
podridão, bem aos seus pés, mas ela nada faz para esclarecer de vez os fatos
nebulosos e criminosos, que não se sustentam com a abertura dos sigilos fiscal
e bancário do partido dela, de seus integrantes, das empreiteiras e pessoas
envolvidos nesse affaire, como forma legítima do atendimento ao saudável
princípio da transparência, tão comum nos países civilizados e desenvolvidos social,
político, econômico e democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de março de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário