sábado, 14 de março de 2015

A confirmação das precariedades

Com a finalidade de defender a Petrobras e a permanência da petista no cargo de Presidente da República, milhares de pessoas saíram às ruas, com faixas e bandeiras de sindicatos e partidos políticos. Consta que muitas pessoas confirmaram o recebimento de dinheiro para comparecer ao protesto.
De acordo com o jornal o “Valor”, manifestantes que estavam próximos ao prédio da Fundação Cásper Liberto, segurando um balão gigante da CUT nas mãos, disseram que receberam R$ 35,00 para participar dos protestos.
O mesmo jornal mostra o caso de um desempregado, que disse ter visto na manifestação uma maneira de ganhar uns trocados. A reportagem ainda menciona casos de pessoas contratadas que são imigrantes e sequer falam português.
Nessa mesma linha, a “Folha de S. Paulo” também faz relatos sobre a existência de manifestantes que asseguraram o recebimento de dinheiro para segurar balões da central sindical. Um dos manifestantes informou à reportagem que recebeu dinheiro, mas que não pode falar sobre esse caso. De igual modo, a Folha também noticiou a presença de manifestantes que não falam português. Há suposição de que sejam imigrantes africanos ou haitianos.
Um jovem de 18 anos disse ter recebido o valor de R$ 50,00.  Ele declarou que se encontra desempregado e que teria vindo de Campos dos Goytacazes, norte fluminense, para participar do protesto no centro do Rio de Janeiro.
Em que pese o sufoco e o esforço para conseguir a presença de militante, inclusive tendo que distribuir dinheiro para a participação não ter sido ainda mais decepcionante, o presidente da CUT declarou ter ficado satisfeito com o resultado dos protestos.  
Ele afirmou que "Foi um sucesso extraordinário. Manifestação em todas as capitais pelo direito dos trabalhadores, pela democracia, contra qualquer tipo de retrocesso, em defesa da Petrobras como empresa pública e solicitando para o Brasil que nós tenhamos condição de crescer com uma política econômica voltada para o crescimento.".
Não há menor dúvida de que a pobre democracia tupiniquim se enfraquece cada vez mais com práticas afrontosas e indignas da sempre condenável compra de votos, com a distribuição de bolsas e de outras excrescências.
Agora se confirma a compra de figurantes para protestar, para dar a impressão de que a presidente tem, pelo menos, um pouquinho de gente para mostrar que ainda há alguém que acredita nela e disposta a defendê-la, em que pese a indisfarçável condição de impotência e de falta de reação do governo às precariedades administrativas.
Realmente, não passou de mirrado aglomerado de pessoas que tinham a inacreditável finalidade de protestar em defesa da empresa que teve seu patrimônio dilapidado pela turma do próprio governo, que também foi alvo de injustificável defesa, dando a entender que as manifestações não passaram da confirmação da grave crise que devasta impiedosamente o governo, que, de tanto apanhar em razão das suas atrapalhadas atuações na administração do país, notadamente na condução da política econômica, encontra-se completamente abatido e atordoado, sem iniciativa e sem condições de se levantar da lona.  
Tempos atrás, quando o PT ainda tinha um pouco de ética e havia um pouco de competência e credibilidade no governo, os militantes enchiam as grandes avenidas das maiores cidades do país, empunhando suas bandeiras e seus balões, no maior entusiasmo, que inexistiu complemente nessa decepcionante manifestação.
Agora, diante do notório debacle que se abate sobre o governo, com robustecido vigor, arrasando terrivelmente o moral de quem costuma se achar que tem o rei na barriga, os "simpatizantes" somente comparecem às manifestações mediante pagamento, dando a entender que ninguém é de ferro para segurar balão e bandeira, porque isso não faz mais qualquer sentido, em momento de incomparável crise.
O fiasco foi tão visível que as lideranças petistas sequer compareceram a público para se manifestar, talvez por cautela para se evitar maior desgaste pela falta de argumentos para justificar a completa ausência daqueles que teriam realmente votado na presidente, mas não tiveram coragem nem dignidade de confirmar a sua infeliz escolha.
Mesmo diante dos fatos melancólicos, ainda teve o entusiasmo de sindicalistas anunciando sucesso do movimento em prol da Petrobras que foi quebrada por aqueles objeto da defesa desses poucos gatos pintados, que deveriam se conscientizar que os protestos têm apenas o condão de fortalecer a posição pacífica do governo de continuar em completa inércia sobre a limpeza administrativa que deveria ter sido feita na administração da estatal, como forma de reestruturá-la com pessoas estranhas ao aparelhamento que foi capaz de promover o famigerado desvio de recursos da estatal.
Compete à sociedade, no âmbito da verdadeira responsabilidade cívica, propugnar por que a administração do país seja obrigada a observar com o estrito rigor os princípios da dignidade, competência, eficiência, transparência, legalidade e moralidade na governança da nação, como forma capaz de se perseguir os caminhos do progresso e do desenvolvimento social, econômico, político e democrático. Acorda, Brasil!
 
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de março de 2015

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