Um
teólogo brasileiro, que se tornou famoso por ter
abraçado o movimento da teologia da libertação como sua principal prática
ecumênica,
disse, durante visita a Montevidéu/Uruguai, que os últimos protestos de ruas contra
o governo brasileiro são o reflexo do "ódio" contra as pessoas que
saíram da pobreza no país, haja vista que, na avaliação dele, na atualidade, "o povo entra nos shoppings e voa em aviões".
O
teólogo disse que, "No Brasil, há
uma raiva generalizada contra o PT, que é mais induzida pelos meios de
comunicação, mas não é ódio contra o PT, é ódio contra os 40 milhões (de
pobres) que foram incluídos e que ocupam os espaços que eram reservados às
classes poderosas".
É
inconcebível que o religioso tenha concepção tão distanciada da realidade
brasileira, ao confundir os fatos, que são absurdamente claros quanto à
finalidade da demanda da ida população às ruas, para clamar no sentido de
despertar o governo para a catástrofe da administração do país, com destaque
para o completo destroço da governabilidade.
O
governo perdeu os rumos das políticas do Estado, onde a economia não sabe para
onde vai exatamente, de vez que a inflação cresce desordenadamente, os juros
não param de subir, as contas públicas estão há bastante tempo fora de
controle, as dívidas públicas assombram pelo substancial montante somente do
pagamento dos juros, o Produto Interno Bruto cresce negativa e perigosamente
para a recessão econômica, os investimentos públicos estão sendo garroteados
pela desindustrialização e pelo sumiço do capital estrangeiro, enfim, o país
ingressou num terrível ciclo de desespero econômico diante da demonstração de incapacidade
do governo de reverter, em curto prazo, a lastimável crise que foi originada
com as trapalhadas da sua equipe econômica da primeira gestão.
É
de se lamentar que o teólogo feche os olhos para esse quadro de dificuldades e
acuse justamente a sociedade que vem se sacrificando para pagar um dos mais
altos tributos do mundo, para sustentar a incapacidade governamental de
executar as políticas públicas com o mínimo de eficiência, além da falta de
condições gerenciais para combater os sistêmicos casos de corrupção que assola
a administração pública, a exemplo do que ocorre com a Petrobras, que teve seu
patrimônio dilapidado por agentes da base de sustentação do governo, conforme acusação
do ex-diretor de Abastecimentos da estatal.
Nesse triste e injusto episódio, só faltou o teólogo
elogiar a "excelência" do governo petista, de vez que, para ele, a
sociedade não deveria ter se manifestado em contrariedade ao desgoverno, eis
que agora as pessoas estão “indo aos shoppings e viajando de avião”, dando a
entender que, com isso, o governo não precisa ser competente para administrar o
país.
Não há dúvida de que esse cidadão está vivendo
noutro país, por não perceber a realidade brasileira, onde o governo vive numa
redoma de incompetência administrativa, notadamente na condução da economia e
na falta do enfrentamento da corrupção institucionalizada desde a origem dele,
fatos que vêm causando enorme insatisfação da população que trabalha e paga
pesados tributos.
Com certeza, o religioso cometeu pecado capital, ao
acusar os brasileiros de ter ódio contra o PT e os pobres, quando os fatos
mostram exatamente o contrário, ou seja, a governança não vem correspondendo às
expectativas de eficiência e eficácia na condução das políticas públicas, que
são prestadas em péssima qualidade, em dissonância com a altíssima carga
tributária.
O religioso sabe muito bem que acusar sem prova
constitui crime, punível na forma da lei, quanto mais em se tratando de pessoa tida
como altamente preparada e qualificada, que tem o dever cívico de enxergar os
fatos no seu exato contexto.
O
religioso precisa compreender que o ódio dos brasileiros ficou bastante claro
na manifestação, ao ser declarada a inépcia da presidente do país, tanto pela
falta de priorização das políticas públicas, como pela precariedade no combate
às irregularidades detectadas na Petrobras, que foram perpetradas por
integrantes do PT, PMDB e PP, conforme os depoimentos constantes de delações
premiadas, não havendo nenhuma medida punitiva por parte do governo.
As declarações desse cidadão não contribuem para o
aperfeiçoamento dos princípios da verdade e da dignidade, que não deveriam se
afastar dele, ante o prestígio por ele conquistado ao longo da sua militância
em defesa da sociedade.
Não há dúvida de que, perante as pessoas sensatas, o
teólogo perde credibilidade e tem seu conceito substancialmente enfraquecido,
por distorcer, de forma insensata e irresponsável, a verdade dos fatos,
conquanto as recentes manifestações ocorreram exatamente em razão da
incapacidade de o governo atuar com eficiência no equacionamento e na solução
das graves questões que afligem os brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de março de 2015
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