Ao
anunciar o corte das desonerações concedidas pelo governo a algumas empresas,
na gestão anterior, o ministro da Fazenda não teve o menor cuidado em poupar os
mentores dessa medida, ao criticá-la impiedosamente, chegando a classificá-la como
“grosseira e brincadeira, que custaram
caro”, além de deixar claro que ela não surtiu os resultados objetivados, a
exemplo, em especial, quanto à garantia da manutenção do emprego.
Imediatamente,
a presidente da República o repreendeu em público, afirmando que a declaração
do ministro foi “infeliz”,
reconhecendo o governo que ele teria cometido erro político, por ter sido
exageradamente sincero, expondo com clareza a realidade da trapalhada
protagonizada por seu antecessor, cujo legado é indiscutivelmente deletério aos
interesses do país, à vista dos terríveis resultados econômicos, mostrando que a
nação se encontra em profunda crise, que compromete inapelavelmente o seu desenvolvimento.
O
"escorregão" do ministro da Fazenda com as palavras, aliás, muito bem
adjetivadas, se compara ao do ministro do Planejamento, no início do governo,
quando foi anunciado novo cálculo para o salário mínimo, que a presidente,
mesmo estando de férias, determinou que ele divulgasse nota repondo as
declarações, embora não houvesse discordância de política econômica, mas apenas
erro na colocação das palavras. No último episódio, o ministro da Fazenda recebeu
críticas diretas da presidente, mas foi dispensado de divulgar nota, poupando-o
de vergonhoso vexame perante a opinião pública.
Pelo tamanho do incômodo da presidente, fica
evidente que os atos falhos dos ministros do Planejamento e da Fazenda são
equiparáveis, em termos de contrariedade do pensamento do governo, mas ela não
teve a mesma atitude com o último ministro, quando determinou que o ministro do
Planejamento retificasse, imediatamente e por nota, o seu pronunciamento, o que
foi atendido prontamente, deixando seu auxiliar em situação de desautorizado e
de sem autoridade dentro do governo.
Trata-se de incoerência da presidente, que
demonstra o uso de dois pesos e de duas medidas entre os membros do mesmo
governo, evidenciando possível temor de que atitude tirana, como a primeira,
poderia entornar o caldo de vez.
Não há a menor dúvida de que a irritação do
Planalto é apenas normal, haja vista que falar a verdade para aquelas bandas tem
o condão de ferir de morte os brios de quem somente acha que faz a coisa certa
e não admite, por qualquer hipótese, as desastrosas ações políticas,
principalmente na condução da economia, mesmo quando os indicadores mostram, à
luz solar, que a derrocada brasileira é fruto da incompetência e das
trapalhadas da equipe econômica.
É evidente que o ministro não teve habilidade
para dizer a verdade, posto que ele poderia ter dito tão somente que a
desoneração, na atualidade, não constitui medida capaz de solucionar a
gravidade da crise pela qual o Brasil precisa enfrentar e debelar, como forma
de retomar o ritmo perdido do crescimento, que somente será possível com adoção
de medidas coerentes com a realidade da situação econômica, que dá sinal de
bastante impotência e de enormes dificuldades que são incompatíveis com as
esdrúxulas e prejudiciais desonerações adotadas de forma precipitada pelo
governo.
Segundo as afirmações do ministro, as
desonerações teriam sido concedidas de forma privilegiada e equivocada para
algumas empresas ligadas às autoridades palacianas, em inadmissível detrimento
dos interesses das demais empresas do país, que jamais poderiam ficar fora de
qualquer benefício fiscal, à luz do princípio constitucional da isonomia, que
estabelece tratamento igual para todos.
Caso trata-se
de sistema tributário sério, responsável e competente, o governo jamais teria
promovido as questionadas desonerações, objeto das imperfeições de dos erros
classificados pela honestidade e pelo excesso de sinceridade do ministro, que
teve a coragem de mostrá-las com todas as letras, deixando a presidente do país
em verdadeira saia justa e bastante incomodada, conforme explicitação dela, ante
a crítica bem colocada por meio da justificativa na ocasião do anúncio da nova
medida que procura corrigir o grave e grosseiro desacerto da anterior equipe
econômica dela, que teria resultado, à vista de estudos realizados, segundo o
ministro, em enormes prejuízos para o erário, ante a indevida e injustificável renúncia
de tributos.
Observa-se,
à toda evidência, que, de erro em erro, todos revelando desacerto e incorreções
das políticas adotadas pela gestão anterior, não seria realmente possível o
menor êxito dos resultados da economia, que se encontra em verdadeiro frangalho
devido à forma inconsequente das medidas adotadas pela equipe substituída,
evidentemente da direta responsabilidade da presidente do país, a demonstrar incompetência
e ineficiência administrativas e gerenciais, com imensuráveis prejuízos para o
desenvolvimento do país, que, infelizmente, vem crescendo negativamente, com
consequências imprevisíveis e assustadoras. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de março de 2015
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