O
ministro da Fazenda declarou que a presidente da República demonstra “desejo genuíno” para acertar, mas não o
faz “da maneira mais fácil” e “efetiva”.
Posteriormente,
diante da enorme repercussão dessa afirmação, ele resolveu esclarecer que teria
sido mal interpretado.
A
frase do ministro, divulgada pelo portal da Folha
de S.Paulo, foi pronunciada em inglês, para alunos da escola de
negócios da Universidade de Chicago/EUA, que foi analisada e interpretada por
alguns políticos como verdadeira contribuição para enfraquecer o governo,
exatamente no momento em que ele já se encontra bastante fragilizado.
O
ministro afirmou na ocasião, ipsis
litteris, em comentário paralelo, quando ele abordou pontos do ajuste
fiscal, que “Acho que há um desejo
genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais
fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno”.
Segundo
fonte palaciana, a presidente petista, informada acerca da declaração do
ministro, houve por bem não se pronunciar quanto ao episódio, que também não
foi comentado pelos ministros responsáveis pela articulação política do governo.
Não
obstante, o ministro reagiu à divulgação de sua fala, ao lamentar a
interpretação dada ao que ele havia dito, que teria sido apenas no sentido de
que “... aqueles que têm a honra de
encontrarem-se ministros sabem que a orientação política do governo é genuína,
reconhecem que o cumprimento de seus deveres exige ações difíceis, inclusive da
Exma. Sra. presidente Dilma Rousseff, e eles têm a humildade de reconhecer que
nem todas as medidas têm a efetividade esperada”.
A
oposição avalia que a afirmação do responsável pela pasta da Fazenda tem o
condão de potencializar os desafios para o governo, por evidenciar pensamento
divergente entre a presidente do país e seus ministros. Segundo um deputado do PSDB,
a afirmação do ministro joga mais peso na audiência deste na Comissão de
Assuntos Econômicos do Senado Federal, quanto à necessidade de maiores detalhes
sobre a razão do comentário em referência, por evidenciar que a mandatária do
país age com ineficácia.
Já
um senador do PSDB disse que “o principal
ministro dizer isso publicamente desarruma o governo”. Enquanto um
parlamentar do PMDB entende que a falta de formação política do ministro o leva
a cometer novo “sincericídio”, uma vez que esta não foi seu primeiro comentário
negativo sobre a condução das políticas conduzidas pelo Planalto, por ter, há pouco
mais de mês, chamado de “grosseira” a
iniciativa de se desonerar a folha de pagamentos, tendo sido imediatamente repelido
pela presidente, no sentido de que a expressão dele tinha sido “infeliz”.
Na
atual gestão, dois ministros, que são os únicos não fanatizados petistas, ousaram
contrariar a onisciência palaciana, manifestando-se sobre temas que divergem da
orientação do governo, embora eles mostrem exatamente a realidade dos fatos que
é contestada pelo pensamento da maior autoridade do país. Aliás, com “plenas
razões”, por ser absolutamente inadmissível que ministro classifique “importante”
medida do governo, no caso a desoneração da folha de pagamento adotada no
primeiro mandato da petista de “brincadeira”, uma generosidade com recursos
públicos, quando o país ainda se encaminhava para o atoleiro que se encontra
agora.
A
verdade é que, dificilmente ministros das cotas das pastas loteadas entre os
partidos da base de sustentação do governo teriam a audácia de ser tão mordazes
com as continuadas gafes nos discursos como fazem os ministros da Fazenda e do Planejamento,
porque certamente eles seriam obrigados a desapear imediatamente do governo,
porquanto se dizer a verdade sobre a administração do país é absolutamente censurável
e condenável.
Neste país,
dizer-se a verdade sobre as fragilidades ou as falhas do governo corre-se o
grave risco de ser atropelado pelos guardiões da falsa razão, que têm enorme
dificuldade para enxergar a realidade dos fatos.
O que o ministro da Fazenda quis deixar claro é que
o pensamento da presidente dificulta também a condução das políticas
econômicas, pondo em risco o trabalho da sua pasta, que encontra sérias
dificuldades para conseguir aprovar as medidas pertinentes aos ajustes da
economia.
Com certeza, há enorme dificuldade para o melhor encaminhamento
das medidas de ajustes econômicos, à vista de elas se concentrarem em aumento
de tributo e restrição de direitos trabalhistas, em clara e injusta atribuição
de mais sacrifício para a classe trabalhadora, que é sempre penalizada com a responsabilidade
de arcar com o ônus da incompetência, diante, entre tantas deficiências, da
falta de capacidade governamental de controlar as contas públicas.
Urge que a sociedade se mobilize para protestar
contra a insensibilidade política sobre o pensamento malévolo de responsabilizá-la
pelas precariedades e deficiências administrativas do país, cujo governante
deveria pensar em amplas reformulações das estruturas do Estado, como forma de se
encontrar solução saudável e racional para os graves problemas que afligem,
sobremodo, o desempeno da economia, tendo como meta primordial a drástica
redução dos gastos monstruosos do governo, a começar pela famigerada máquina
pública, que, de sã consciência, não comporta a insensata existência de 39
ministérios - quando se sabe que a primeira potência mundial tem somente 15 órgãos
de assessoramento superior -, entre outras medidas de racionalização e
modernização da administração pública, que deveria funcionar estritamente em
função dos interesses nacionais e do subdesenvolvimento do país. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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