Tratando a arrumação da sua mala para dar adeus em
definitivo ao PT, partido que ajudou a fundar, a senadora paulista descarrega
pesadas críticas contra o ainda seu partido e a presidente da República.
Ao se referir à situação caótica do governo
petista, ela usou a expressão "barata
voa" para criticar a resposta do Palácio do Planalto às recentes
manifestações de protestos, tendo afirmado que "As respostas dos ministros Cardozo e Rossetto, que pareciam dois ETs,
e, no dia seguinte, a inflexão do governo, tentando sair do espírito acusatório
da véspera, foram ridículas. A presidente discursou falando mais do mesmo, e a
derrapada no improviso foi feia: que indicassem onde faltava humildade para ela
corrigir!".
A senadora se refere à esquizofrenia nos discursos
do governo, que teria sido expressa nas abordagens dos citados ministros e
também nas declarações da presidente, que disse textualmente que o país está
mais forte do que nunca e que valeu a pena ela ter lutado pela democracia e
liberdade, para que as pessoas pudessem ir às ruas para protestar.
A senadora criticou a falta de sinceridade da presidente
brasileira, por ter dito que vai dialogar, com “humildade”, com todos os setores. Isso, para a ainda petista, é
repetição da promessa dita após a reeleição e até agora não cumprida.
A parlamentar estranha que a presidente não tenha admitido
erros na administração do país, motivo pelo qual ela exige que a mandatária
brasileira pratique, com efetividade, o discurso, que se refere à "Falta de resposta radical da presidente, à
altura do que a nação exige e possa acreditar: verdade, humildade e uma mudança
total na equipe que não corresponde.".
Arrematando as duras críticas ao ainda seu partido,
a senadora disse que "O povo
acompanha, indignado, a roubalheira porque vê o dinheiro que falta no fim do
mês ser desviado para a corrupção. Isso deixa os petistas atordoados e sem
ação. O partido está travado na defesa de seus quadros, não propõe uma nova
política nem apresenta uma proposta para a nação. Está acéfalo.".
Não há a menor dúvida de que a senadora, depois de
terem tolhidas suas pretensões aos cargos majoritários e contrariados seus
interesses e mandos dentro do partido, onde sempre mereceu as melhores
deferências e atenções, à vista de ter tido voz ativa e exercido importantes
cargos na legenda, agora não perde oportunidade para mostrar as reais
precariedades que jamais seriam por ela admitidas, a exemplo da presidente, que
resiste em reconhecer os erros na condução do governo, caso ela estivesse em
paz no ninho petista.
Trata-se da prática de politicagem de conveniência,
visto que a senadora seria totalmente incapaz de criticar o governo petista e
reconhecer a sua deficiência caso ela estivesse gozando as benesses próprias do
poder e ainda comungasse com os mesmos pensamentos e opiniões políticos da
legenda, apesar da sua posição atual refletir exatamente a situação caótica do
país, que é abafada pelo governo.
Não há a menor dúvida de que a parlamentar está
completamente com razão, quanto às críticas sobre as mazelas do governo
petista, que são cristalinas como a luz solar, mas a atitude mais condizente
com a dignidade e a elegância políticas seria evitar exposição explícita da sua
insatisfação com o partido que já lhe proporcionou o estrelato e as glórias
políticas.
Na realidade, a senadora não discrepa da
normalidade quanto à prática da “ética” ínsita dos políticos tupiniquins, que se
tornam imoderados, inconsequentes e inconvenientes sempre que haja ruptura nas
relações políticas, em contrariedade de seus planos políticos.
Compete à sociedade avaliar o nível político dos
homens públicos e seu desempenho como representante do povo, de modo a decidir
quanto à capacidade, às condições e à competência para eles continuarem exercendo,
com dignidade e decência, cargos públicos eletivos, notadamente com relação à
observância dos princípios da ética, da tolerância, da conveniência, do
respeito e da moderação, que são qualidades indispensáveis para o
aperfeiçoamento do salutar conceito de democracia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de março de 2015
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