domingo, 22 de março de 2015

Indignidade e antiética na política

Tratando a arrumação da sua mala para dar adeus em definitivo ao PT, partido que ajudou a fundar, a senadora paulista descarrega pesadas críticas contra o ainda seu partido e a presidente da República.
Ao se referir à situação caótica do governo petista, ela usou a expressão "barata voa" para criticar a resposta do Palácio do Planalto às recentes manifestações de protestos, tendo afirmado que "As respostas dos ministros Cardozo e Rossetto, que pareciam dois ETs, e, no dia seguinte, a inflexão do governo, tentando sair do espírito acusatório da véspera, foram ridículas. A presidente discursou falando mais do mesmo, e a derrapada no improviso foi feia: que indicassem onde faltava humildade para ela corrigir!".
A senadora se refere à esquizofrenia nos discursos do governo, que teria sido expressa nas abordagens dos citados ministros e também nas declarações da presidente, que disse textualmente que o país está mais forte do que nunca e que valeu a pena ela ter lutado pela democracia e liberdade, para que as pessoas pudessem ir às ruas para protestar.
A senadora criticou a falta de sinceridade da presidente brasileira, por ter dito que vai dialogar, com “humildade”, com todos os setores. Isso, para a ainda petista, é repetição da promessa dita após a reeleição e até agora não cumprida.
A parlamentar estranha que a presidente não tenha admitido erros na administração do país, motivo pelo qual ela exige que a mandatária brasileira pratique, com efetividade, o discurso, que se refere à "Falta de resposta radical da presidente, à altura do que a nação exige e possa acreditar: verdade, humildade e uma mudança total na equipe que não corresponde.".
Arrematando as duras críticas ao ainda seu partido, a senadora disse que "O povo acompanha, indignado, a roubalheira porque vê o dinheiro que falta no fim do mês ser desviado para a corrupção. Isso deixa os petistas atordoados e sem ação. O partido está travado na defesa de seus quadros, não propõe uma nova política nem apresenta uma proposta para a nação. Está acéfalo.".
Não há a menor dúvida de que a senadora, depois de terem tolhidas suas pretensões aos cargos majoritários e contrariados seus interesses e mandos dentro do partido, onde sempre mereceu as melhores deferências e atenções, à vista de ter tido voz ativa e exercido importantes cargos na legenda, agora não perde oportunidade para mostrar as reais precariedades que jamais seriam por ela admitidas, a exemplo da presidente, que resiste em reconhecer os erros na condução do governo, caso ela estivesse em paz no ninho petista.
Trata-se da prática de politicagem de conveniência, visto que a senadora seria totalmente incapaz de criticar o governo petista e reconhecer a sua deficiência caso ela estivesse gozando as benesses próprias do poder e ainda comungasse com os mesmos pensamentos e opiniões políticos da legenda, apesar da sua posição atual refletir exatamente a situação caótica do país, que é abafada pelo governo.  
Não há a menor dúvida de que a parlamentar está completamente com razão, quanto às críticas sobre as mazelas do governo petista, que são cristalinas como a luz solar, mas a atitude mais condizente com a dignidade e a elegância políticas seria evitar exposição explícita da sua insatisfação com o partido que já lhe proporcionou o estrelato e as glórias políticas.
Na realidade, a senadora não discrepa da normalidade quanto à prática da “ética” ínsita dos políticos tupiniquins, que se tornam imoderados, inconsequentes e inconvenientes sempre que haja ruptura nas relações políticas, em contrariedade de seus planos políticos.
Compete à sociedade avaliar o nível político dos homens públicos e seu desempenho como representante do povo, de modo a decidir quanto à capacidade, às condições e à competência para eles continuarem exercendo, com dignidade e decência, cargos públicos eletivos, notadamente com relação à observância dos princípios da ética, da tolerância, da conveniência, do respeito e da moderação, que são qualidades indispensáveis para o aperfeiçoamento do salutar conceito de democracia. Acorda, Brasil!    
                                  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de março de 2015

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