O
vice-presidente da República concedeu entrevista para a um repórter da
GloboNews, na qual foram abordados temas sobre as manifestações de protestos
contra o governo e a corrupção, as investigações da Operação Lava-Jato, a
reforma política, o ajuste fiscal e a relação dele com a presidente do país e o
PT, entre outros assuntos.
Na
ocasião, ele disse que "O que é
preciso, quando se tem movimento de rua, é ouvi-lo" e que é “impensável” o impeachment da presidente da
República, em que pese a prática de improbidade administrativa, pela forma
deletéria como o país vem sendo administrado, notadamente quanto à terrível
condução das políticas econômicas, cujos indicadores sinalizam para forte quadro
de recessão, com dificuldades para a produção, o emprego, a arrecadação de
tributos, os investimentos em obras públicas, enfim, para o desenvolvimento do
país.
Com
relação à última pesquisa Datafolha, mostrando que o governo petista tem
somente 13% de aprovação e 62% de desaprovação por 2.858 entrevistados, o
vice-presidente simplesmente disse que "É uma rebelião, digamos assim, contra a classe política.".
É
inacreditável que o político classifique nítidas repulsa e insatisfação da
sociedade contra o desgoverno do país e a corrupção de mera rebelião, em claro
e completo menosprezo à inteligência da multidão que foi às ruas protestar
contra o que de pior vem acontecendo contra o interesse público, mas o
pemedebista estaria acenando no sentido de que o povo deveria ser condescendente
com as precariedades, em aceitação dos atos nocivos, como a fazem os políticos
como ele.
O
vice-presidente da República perdeu excelente oportunidade para se firmar como
político sério, competente e honesto, mas a desperdiçou em nome da sua
fidelidade à presidente da República, alvo da desaprovação e da insatisfação da
sociedade, em razão da maneira desastrosa como vem administrando o país,
exatamente com o adjunto desse político e de seu partido, que se associam
incondicionalmente à mandatária brasileira, respaldando a condução deletéria dos
interesses da nação.
É
bastante lamentável que o vice-presidente entenda como rebelião se pretender
que o país seja governado com competência, moralidade, dignidade e honestidade,
princípios que sempre devem imperar na administração pública, como se isso não
fosse indispensável.
A
declaração do pemedebista de considerar a manifestação legítima da sociedade de
rebelião contra a classe política representa verdadeiros retrocesso político e
deboche ao sentimento do povo, por haver nisso incompreensão sobre a real
situação calamitosa pela qual se encontra o país, cujo governo acha-se atolado
até a medula no maior lamaçal da incompetência administrativa e da corrupção
que grassam nas práticas político-administrativas.
Trata-se
de político que tem coragem de assumir que é normalidade brasileira a primazia
pela incompetência da governança do país e a convivência com a tragédia da
corrupção, que têm o condão de contribuir para o subdesenvolvimento da nação.
A afirmação de que a insatisfação da sociedade é rebelião
contra a classe política tem algo de insensato e impensado, além da demonstração
da exata dimensão da compreensão dos políticos tupiniquins sobre a
incompetência administrativa e as irregularidades com recursos públicos, por
tratarem esse fato como sendo absolutamente normal, que a sociedade deveria conviver
pacificamente com a situação caótica.
O certo é que os maus políticos nunca vão se curvar
à realidade da tragédia administrativa do país, que vem de longa data, mesmo que
os fatos prejudiciais sejam cristalinos e incontestáveis, mostrando a desgraça
que abate sobre as políticas econômicas e o ineficiente combate à corrupção.
Na verdade, enquanto houver políticos com mentalidade
dissociada da realidade dos fatos incontestáveis, com capacidade para ignorá-los
por completo, como os que grassam atualmente na administração pública, este
país não passará de desprezível republiqueta, por indiscutível desrespeito aos
princípios da sinceridade, dignidade, moralidade e honestidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de março de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário