Segundo
a imprensa, a Procuradoria Geral da República vai analisar as mais de 17 mil
manifestações contrárias ao discurso do deputado que teria feito apologia à
tortura no regime militar, ao enaltecer a figura de militar que comandou o
Doi-Codi, órgão de repressão, e teria sido considerado torturador perante a
Justiça brasileira.
O Instituto Vladmir Herzog também se manifestou contra as declarações do
deputado, afirmando, entre outras coisas, que “Nossa Constituição é plena de razões explícitas, desde seus
Princípios Fundamentais, para se impedir que Jair Bolsonaro continue a ofender
e envergonhar o Brasil com sua apologia à tortura por agentes do Estado e
incitação ao crime, em plena Câmara
dos Deputados – pelo que
deveria inclusive ser responsabilizado criminalmente. (...) O
Instituto Vladimir Herzog, pela decisão unânime de seus conselheiros, manifesta
sua indignação contra essa abominável pregação pelo mais vil aspecto de
qualquer ditadura, já por si execrável. Conclamamos todos os cidadãos que, como
nós, exaltam a democracia como valor fundamental a pressionarem os deputados
federais, o STF – guardião da Constituição – todos, enfim, a livrar nosso Congresso dessa figura ignóbil que se jacta
publicamente de ser criminosa.”.
Nessa mesma linha, a OAB-RJ
entrou com processo na Justiça, pedido a cassação do deputado, por entender que
ele teria atentado contra o decoro parlamentar.
Conviria
que o deputado fosse mais pé no chão, equilibrado, sensato, ponderado e que
tivesse pouco mais de racionalidade para transmitir seu pensamento como homem
público, porque a forma como ele age pode até agradar parcela expressiva da
caserna, onde existe a sua base de simpatizantes, mas, sinceramente, o seu
comportamento como parlamentar desagrada muita gente que tem pouco mais senso
de equilíbrio e pensa em termos de Brasil.
Impressiona
que o deputado, com seu instinto um tanto agressivo sobre causa que é
completamente destoante da atualidade, não perceba que o homem público precisa
raciocinar de modo construtivo e agir com equilíbrio suficientemente capaz de
contribuir para o aperfeiçoamento da democracia, sem necessidade de ressuscitar
temas que fazem parte do passado, porque é do seu dever pensar tão somente no presente e no
futuro, salvo se for provocado sobre a sua honra e a sua dignidade, o que não têm
sido exatamente os casos que ele vem se envolvendo.
No
caso específico da votação do impeachment, ele simplesmente suscitou assunto
absolutamente espinhoso, desnecessário e de extrema provocação para determinado
segmento da sociedade, o qual não condizia com a importância do evento, quando
ele certamente seria apenas aplaudido se dissesse apenas "sim", sem
precisar aparecer como defensor de causa que todos já sabem que ele tem forte
ligação.
Convém
que o parlamentar, que tem importantes pretensões políticas, evitasse se
envolver em situações desagradáveis, como essa da baixaria em plena solenidade
especial da votação do impeachment da presidente da República, sendo preferível
que ele se mantivesse defendendo causas que digam respeito aos interesses
nacionais, voltadas para o presente e o futuro, porque o passado deve pertencer
exclusivamente aos museus, que servem apenas como importante guardião dos registros
sobre a história.
Se
o deputado continuar na tentativa de aparecer e agradar os militares,
certamente vai perder simpatia e votos de civis, que têm outra mentalidade
sobre brasilidade, bem diferente dessa ideia de corporativismo, sempre
considerado pernicioso para os interesses nacionais.
Trata-se
de opção dele, mas, à toda evidência, o estadista deve pensar exclusivamente no
país, de maneira republicana, sem tomar partido para determinada causa ou
partido, porque isso foge da normalidade democrática e dos princípios
republicanos.
Não
há dúvida de que pensamento sobre o Brasil deve levar em conta apenas a defesa
dos interesses dos brasileiros, como forma de servir como contribuição para a
plataforma de qualquer candidato, porque os homens públicos devem ter
maturidade suficiente para se comportar de forma exemplar, sem necessidade de
provocação ou de acirramento absolutamente desnecessários.
Infelizmente,
diante da inegável deterioração dos princípios ético e moral, o nível cultural
dos políticos passa por terrível deterioração, como forma de satisfazer a
igualmente pobreza cultural dos eleitores, que, em parcela significativa,
demonstra plena desinformação e desconhecimento da realidade sobre a origem das
falcatruas e da depravação da moralidade que permite que os principais
políticos entendam que a corrupção é normal, porque seus antecessores ou
adversários políticos também se beneficiado dos esquemas ilícitos, como se as
irregularidades praticadas por alguém pudessem respaldar ilegitimidades
semelhantes.
O
deputado poderia conquistar a simpatia não somente daqueles que ainda estão com
pensamento voltado para o regime militar, mas também dos demais brasileiros,
por meio de atitude que não leve a erros políticos graças à exaltação de fatos
que podem muito bem ficar gravados apenas na história do país.
O
Brasil precisa de urgentes mudanças que exijam tão somente projeção de olhares tanto
para o presente como para o futuro, de modo que os brasileiros possam acreditar
em propostas renovadoras, sem essa de ficar enaltecendo a imagem de quem
precisa descansar em paz, no caso dos atos protagonizados no regime militar.
As
mentalidades retrógradas apenas demonstram retrocesso e por causa disso o país
se encontra completamente atolado em profundas crises ética, moral, política e
administrativa, sem precedentes, fato que suscita a premência do surgimento de
homens públicos sensatos, equilibrados, ponderados e acima tudo com capacidade
para influenciar de forma positiva e entender que os brasileiros precisam
acreditar em político que possa contribuir para a união, a pacificação, a
compreensão e o entendimento, em todas as suas formas de concepção do Estado
brasileiro. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 25 de abril de 2016
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