A
revista The Economist, depois de
publicar, meses atrás, reportagem sobre a derrocada do Brasil, volta a analisar
as terríveis situações ética, política e econômica do país, tendo colocado na
sua capa a imagem do Cristo Redentor pedindo socorro, em cujo editorial defende
novas eleições gerais.
A
publicação britânica mostra o Cristo carioca empunhando cartaz com a inscrição
"SOS", enquanto o seu editorial afirma que a presidente petista tem
responsabilidade sobre o fracasso econômico, embora os políticos que tentam
afastá-la da Presidência "são, em
muitos aspectos, piores" que ela, tendo nominado o presidente da
Câmara dos Deputados.
A
revista tem opinião de que, "No
curto prazo, o impeachment não vai resolver isso", motivo pelo qual
ela defende novas eleições gerais.
O
texto afirma que "Dilma Rousseff
levou o país para baixo, mas toda a classe política também. O fracasso não foi
feito apenas pela senhora Rousseff. Toda a classe política tem levado o país
para baixo através de uma combinação de negligência e corrupção. Os líderes do
Brasil não ganharão o respeito de volta de seus cidadãos ou superarão os
problemas econômicos, a não ser que haja uma limpeza completa".
A
revista ressalta que a petista tem responsabilidade sobre as graves crises, porque
houve incompetência do atual governo na condução da economia, o Partido dos
Trabalhadores se envolveu no esquema de corrupção da Petrobras e ela ainda
tentou proteger o seu antecessor das investigações, embora as reiteradas acusações
contra ele sejam relativizadas quando comparadas com as existentes contra os
nomes daqueles que lideram o processo de impeachment, como se os erros pudessem
ser justificados com a existência de falhas cometidas por outrem.
A
revista é taxativa ao dizer que "O
que é alarmante é que aqueles que estão trabalhando para o seu afastamento são,
em muitos aspectos, piores", lembrando que o vice-presidente da
República é filiado ao PMDB e que "O
PMDB também está perdidamente comprometido. Um dos seus líderes é o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha, que presidiu o espetáculo do impeachment de seis
horas, no domingo. Ele é acusado pelo Tribunal Superior Federal de aceitar
suborno da Petrobras".
A The Economist
entende que "não há maneiras rápidas"
de resolver as crises, porque as raízes dos problemas políticos viriam da
economia baseada no trabalho escravo do século XIX, a ditadura do século XX e o
sistema eleitoral em vigor, tendo asseverado que "No curto prazo, impeachment não vai consertar isso".
O
editorial diz que a acusação da manipulação contábil da presidente parece
"tão pequena que apenas um punhado
de deputados se preocupou em mencionar isso em seus dez segundos",
embora a própria revista não teve o devido cuidado de avaliar o real motivo pelo
qual o Congresso Nacional foi levado a discutir o grave descumprimento das
normas de administração orçamentária e financeira pela presidente, à luz das
disposições de que tratam as Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes
Orçamentárias, no que diz respeito aos limites do ajuste fiscal, implicando isso
em crime de responsabilidade fiscal.
À
vista do real sentido da responsabilidade administrativa, não se trata de mera
manipulação contábil de pouca expressividade, ante seus reflexos diretos no
déficit das contas públicas, que nenhum gestor de recursos públicos pode ignorar,
para o fim de ultrapassar os limites prudenciais quanto ao binômio receita e
despesa, conquanto os gastos maiores do que a arrecadação resultarão em aumento
da dívida pública e inexistência de investimentos em obras e serviços públicos,
que redundariam em benefícios e melhoramentos para a população.
A
revista defende que a situação poderia ser contornada com a realização de nova
eleição, com vistas à escolha de presidente que tenha apoio popular para a
execução de reformas das estruturas do Estado, uma vez que "Os eleitores também merecem uma chance de se
livrar de todo o Congresso infestado de corrupção. Apenas novos líderes e novos
legisladores podem realizar as reformas fundamentais que o Brasil necessita".
Dificilmente
os sistemas político-partidário e administrativo passem a funcionar com a
ansiada e indispensável eficiência no país, diante das péssimas qualidades ética,
moral e intelectual da expressiva maioria dos políticos em atividade.
Urge
que haja mudanças não somente dos protagonistas das crises que grassam no país,
mas principalmente da consciência do eleitorado, que tem o dever de reciclar a
maneira de escolha de seus representantes políticos, de modo que haja
abrangente mudança no critério de escolha de seus candidatos, embora isso
parece bastante impossível, diante do populismo e do caudilhismo que imperam no
sistema político-eleitoral, implantado a partir dos programas considerados
populares de distribuição de renda, com a marca indelével do ideário
socialista, que tem sido o retrato do petismo, como forma de se perpetuar no
poder e de manutenção do domínio absoluto da classe política.
Não
há a menor dúvida de que, de uma forma ou de outra, o Brasil continuará
encrencado quanto às perspectivas de futuro, porque o país se encontra
quebrado, esfacelado e sem a menor condição de soerguimento em curto e médio
prazos, porque as estruturas das instituições do Estado apodreceram e ruíram de
forma a impossibilitar a adoção de medidas com cunho de crescimento, ante a
voracidade como a incompetência administrativa tomou conta do país, cujos
reflexos econômicos são os piores possíveis para a retomada do desenvolvimento,
que terá dificuldade para aparecer, uma vez que os principais fatores
econômicos, notadamente da produção, foram atacados nas suas raízes,
contribuindo para a instalação da forte recessão, do desemprego, da inflação,
dos juros altos, do aumento das dívidas públicas, da desindustrialização, da
expressiva diminuição da arrecadação, da falta de investimentos público e
privado e da fartura de precariedades na prestação dos serviços públicos, que
são responsáveis por esse estado deplorável da gestão petista.
Diante
desse estado deplorável, não se vislumbra a menor alternativa para possibilitar
tirar o país do buraco e do atoleiro, que apenas se intensificam com a
continuidade do governo impopular, desacreditado e exaurido por suas próprias
ineficiência, incompetência e omissão, em cristalina demonstração de inaptidão,
com estrondoso reflexo no atendimento das necessidades básica da população, que
padece por força dos prejuízos causados pela crônica paralisia da administração
do país, que, por falta de alternativa, apenas implora para que venha algum
milagre do céu, de onde somente caem chuvas, aeronaves descontroladas e
meteoritos. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de abril de 2016
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