O
influente e maior jornal norte-americano New
York Times dá principal destaque na sua capa, em reportagem de página
inteira sobre a caótica situação por que passa o Brasil, com a afirmação de o
país caiu em uma ampla "teia de
corrupção", que alimentou as crises política e econômica.
Na
capa, constam as fotos da presidente brasileira, do ex-presidente da República
petista, do juiz que comanda a Operação Lava-Jato e do senador ex-líder do
governo, como figuras que ilustram quase a metade da capa do jornal.
A
extensa e circunstanciada reportagem aborda com detalhe a prisão do ex-líder do
governo, fazendo alusão à trama que muito se assemelha aos filmes da famosa
Hollywood, com a narrativa do episódio muito arquitetado para a efetivação da
fuga de ex-diretor da Petrobrás, que não poderia revelar os meandros das
falcatruas e dos esquemas de ladroagem montados dentro da estatal.
O
jornal diz que o depoimento do senador que implicou o ex-presidente e a
presidente, tendo dado início ao agravamento da crise política no Brasil.
A
reportagem descreve que as investigações da Operação Lava-Jato contribuíram
para a prisão de mais de 40 importantes políticos, empresários e executivos,
tendo ressaltada a existência de lista de envolvidos no escândalo.
O
Times disse que "Estudiosos dizem
que o escândalo de corrupção está entre os de maior alcance nos países em
desenvolvimento".
A
reportagem ressalta que o agravamento das crises que grassam no país contribui
para piorar a situação política no momento muito difícil do Brasil, que tende a
se complicar ainda mais à vista da proximidade da Olimpíada, do agravamento da
epidemia do vírus zika, da forte recessão econômica e do aumento do desemprego.
O
jornal disse que o ex-líder do governo teria afirmado, por ocasião da sua
delação, que "Estou fazendo minha
parte para ajudar a República".
O
Times frisa que a delação do senador piorou em muito a situação política da
presidente do país, que passou a ficar desconfortável, embora depois do
depoimento em apreço houve verdadeira escalada da crise. Em entrevista, o
senador teria comentado que "Eu
estraguei tudo, então descobri que precisava de uma chance de fazer as coisas
certas de novo".
A
reportagem põe em destaque a importância do papel do juiz federal de Curitiba,
pelas destemidas e corajosas decisões de ordenar a prisão de pessoas poderosas
envolvidas com a corrupção e ainda de ter contribuído para estimular as
delações premiadas, que resultaram nas investigações positivas de muitos casos
objeto da Operação Lava-Jato, tendo chegado até ao todo-poderoso do partido do
governo.
A
reportagem também descreve o imbróglio que envolve a nomeação do ex-presidente
para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, seguida pela bombástica divulgação
autorizada pelo juiz da Lava-Jato de áudios de conversas telefônicas comprometedoras.
Não
há a menor dúvida de que é bastante crítica a situação político-administrativa
do Brasil, que teve o infortúnio de ser comando por pessoa cujos atos se tornaram
completamente incompatíveis com os princípios da competência e eficiência,
conforme mostram os resultados da sua gestão, que foram progressivamente
passando por processo degenerativo, a ponto de se poder concluir que o país se
encontra paralisado pelo poder maléfico da recessão, que contribuiu para
contaminar os processos produtivos, o emprego, o salário dos trabalhadores, a
arrecadação, enfim, os mecanismos capazes de estimular a volta do crescimento e
da prosperidade, diante da falta de credibilidade que tomou conta do país e do
exterior.
A
verdade é que a presidenta teve enorme insucesso no primeiro mandato e não
conseguir encontrar o caminho que pudesse contornar as graves crises advindas
do passado, uma vez que os ajustes fiscal e econômico não surtiram os efeitos
esperados para a solução dos problemas estruturais e conjunturais, que exigiam
medidas eficientes e eficazes que jamais aconteceram, justamente pelas
incapacidade e falta de vontade e condições políticas para a realização de
reformas com vistas ao aperfeiçoamento e à modernização das políticas obsoletas
e ultrapassadas que ainda persistem atravancando as indispensáveis mudanças na
administração do país.
É
óbvio que os esquemas de corrupção na Petrobras contribuíram para potencializar
as crises existente no país, mas eles, segundo as investigações e os delatores,
tiveram significativa participação do Palácio do Planalto, de onde originaram
as medidas com vistas ao aparelhamento da estatal, por meio de diretores
indicados por partidos políticos, a exemplo do PT, PMDB e PP, que cuidaram de
desviar dinheiro por intermédio de contratos superfaturados.
O
mar de lama que foi transformada a República brasileira, cujo quadro lamentável
vem sendo mostrado com muita fidelidade pela imprensa internacional, depõe de
forma bastante negativa contra a imagem do Brasil, que cada vez mais perde
credibilidade e oportunidade de negócios mundo afora, refletindo de maneira
muito prejudicial para os interesses dos brasileiros.
Tudo
isso demonstra que o país realmente chega ao fundo do poço, se é que ainda
existe poço nas terras tupiniquins, com capacidade para suportar tanta sujeira
e bastante falta de competência para se evitar que a situação tivesse passado
por terrível degeneração, em tão pouco tempo.
O
Brasil não merece passar por situação tão degradante como a atual, em que as
crises ética, social, política, econômica, administrativa etc. atingiram seu
grau máximo e o mais grave é que não se vislumbra, mesmo que minimamente,
qualquer iniciativa por parte do governo em contraposição ao desastre da
administração do país, salvo as desesperadas e espúrias negociatas de cargos
públicos, com a finalidade de livrar a pele da presidente do impeachment.
É
evidente que, se efetivado o afastamento da presidente, a medida poderia
funcionar como importante tentativa passível de mudança do status quo, que tem sido de extremo malefício para os interesses
nacionais, uma vez que a continuidade do governo não garante, em curto ou médio
prazos, a retomada da credibilidade quanto à sua gestão, que já se tornou
símbolo de estrondoso fracasso e de seguidos insucessos, à vista, em especial,
dos péssimos resultados das políticas econômicas e dos exacerbados conchavos
para assegurar a perpetuidade do poder e da absoluta dominação da classe
política, em torno desse processo contrário à salutar alternância de poder, que
tem sido prática visivelmente na contramão da história dos países sérios e
democraticamente desenvolvidos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de abril de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário