quarta-feira, 13 de abril de 2016

A caótica situação


O influente e maior jornal norte-americano New York Times dá principal destaque na sua capa, em reportagem de página inteira sobre a caótica situação por que passa o Brasil, com a afirmação de o país caiu em uma ampla "teia de corrupção", que alimentou as crises política e econômica.
Na capa, constam as fotos da presidente brasileira, do ex-presidente da República petista, do juiz que comanda a Operação Lava-Jato e do senador ex-líder do governo, como figuras que ilustram quase a metade da capa do jornal.
A extensa e circunstanciada reportagem aborda com detalhe a prisão do ex-líder do governo, fazendo alusão à trama que muito se assemelha aos filmes da famosa Hollywood, com a narrativa do episódio muito arquitetado para a efetivação da fuga de ex-diretor da Petrobrás, que não poderia revelar os meandros das falcatruas e dos esquemas de ladroagem montados dentro da estatal.
O jornal diz que o depoimento do senador que implicou o ex-presidente e a presidente, tendo dado início ao agravamento da crise política no Brasil.
A reportagem descreve que as investigações da Operação Lava-Jato contribuíram para a prisão de mais de 40 importantes políticos, empresários e executivos, tendo ressaltada a existência de lista de envolvidos no escândalo.
O Times disse que "Estudiosos dizem que o escândalo de corrupção está entre os de maior alcance nos países em desenvolvimento".
A reportagem ressalta que o agravamento das crises que grassam no país contribui para piorar a situação política no momento muito difícil do Brasil, que tende a se complicar ainda mais à vista da proximidade da Olimpíada, do agravamento da epidemia do vírus zika, da forte recessão econômica e do aumento do desemprego.
O jornal disse que o ex-líder do governo teria afirmado, por ocasião da sua delação, que "Estou fazendo minha parte para ajudar a República".
O Times frisa que a delação do senador piorou em muito a situação política da presidente do país, que passou a ficar desconfortável, embora depois do depoimento em apreço houve verdadeira escalada da crise. Em entrevista, o senador teria comentado que "Eu estraguei tudo, então descobri que precisava de uma chance de fazer as coisas certas de novo".
A reportagem põe em destaque a importância do papel do juiz federal de Curitiba, pelas destemidas e corajosas decisões de ordenar a prisão de pessoas poderosas envolvidas com a corrupção e ainda de ter contribuído para estimular as delações premiadas, que resultaram nas investigações positivas de muitos casos objeto da Operação Lava-Jato, tendo chegado até ao todo-poderoso do partido do governo.
A reportagem também descreve o imbróglio que envolve a nomeação do ex-presidente para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, seguida pela bombástica divulgação autorizada pelo juiz da Lava-Jato de áudios de conversas telefônicas comprometedoras.
Não há a menor dúvida de que é bastante crítica a situação político-administrativa do Brasil, que teve o infortúnio de ser comando por pessoa cujos atos se tornaram completamente incompatíveis com os princípios da competência e eficiência, conforme mostram os resultados da sua gestão, que foram progressivamente passando por processo degenerativo, a ponto de se poder concluir que o país se encontra paralisado pelo poder maléfico da recessão, que contribuiu para contaminar os processos produtivos, o emprego, o salário dos trabalhadores, a arrecadação, enfim, os mecanismos capazes de estimular a volta do crescimento e da prosperidade, diante da falta de credibilidade que tomou conta do país e do exterior.
A verdade é que a presidenta teve enorme insucesso no primeiro mandato e não conseguir encontrar o caminho que pudesse contornar as graves crises advindas do passado, uma vez que os ajustes fiscal e econômico não surtiram os efeitos esperados para a solução dos problemas estruturais e conjunturais, que exigiam medidas eficientes e eficazes que jamais aconteceram, justamente pelas incapacidade e falta de vontade e condições políticas para a realização de reformas com vistas ao aperfeiçoamento e à modernização das políticas obsoletas e ultrapassadas que ainda persistem atravancando as indispensáveis mudanças na administração do país.
          É óbvio que os esquemas de corrupção na Petrobras contribuíram para potencializar as crises existente no país, mas eles, segundo as investigações e os delatores, tiveram significativa participação do Palácio do Planalto, de onde originaram as medidas com vistas ao aparelhamento da estatal, por meio de diretores indicados por partidos políticos, a exemplo do PT, PMDB e PP, que cuidaram de desviar dinheiro por intermédio de contratos superfaturados.
O mar de lama que foi transformada a República brasileira, cujo quadro lamentável vem sendo mostrado com muita fidelidade pela imprensa internacional, depõe de forma bastante negativa contra a imagem do Brasil, que cada vez mais perde credibilidade e oportunidade de negócios mundo afora, refletindo de maneira muito prejudicial para os interesses dos brasileiros.
Tudo isso demonstra que o país realmente chega ao fundo do poço, se é que ainda existe poço nas terras tupiniquins, com capacidade para suportar tanta sujeira e bastante falta de competência para se evitar que a situação tivesse passado por terrível degeneração, em tão pouco tempo.
O Brasil não merece passar por situação tão degradante como a atual, em que as crises ética, social, política, econômica, administrativa etc. atingiram seu grau máximo e o mais grave é que não se vislumbra, mesmo que minimamente, qualquer iniciativa por parte do governo em contraposição ao desastre da administração do país, salvo as desesperadas e espúrias negociatas de cargos públicos, com a finalidade de livrar a pele da presidente do impeachment.
É evidente que, se efetivado o afastamento da presidente, a medida poderia funcionar como importante tentativa passível de mudança do status quo, que tem sido de extremo malefício para os interesses nacionais, uma vez que a continuidade do governo não garante, em curto ou médio prazos, a retomada da credibilidade quanto à sua gestão, que já se tornou símbolo de estrondoso fracasso e de seguidos insucessos, à vista, em especial, dos péssimos resultados das políticas econômicas e dos exacerbados conchavos para assegurar a perpetuidade do poder e da absoluta dominação da classe política, em torno desse processo contrário à salutar alternância de poder, que tem sido prática visivelmente na contramão da história dos países sérios e democraticamente desenvolvidos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de abril de 2016

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