Em
atendimento a pedido formulado pelo Tribunal de Contas da União, o Banco
Central do Brasil publicou a movimentação financeira pertinente às manobras denominadas
“pedaladas fiscais”, que evidencia a explosão dos gastos sob esse título pelo
atual governo.
Segundo
os números apresentados pelo banco oficial, publicados na edição desta
quarta-feira pelo jornal Folha
de S. Paulo, a conta do governo tucano perante os bancos públicos
era do importe de R$ 948 milhões, enquanto, ao término do ano passado, o valor das
pedaladas fiscais do governo petista, aproximava-se, pasmem, de R$ 60 bilhões,
que foram reconhecidos e pagos, em dezembro último, por determinação do referido
tribunal.
Os
mencionados valores têm o condão de pôr em xeque a principal tese da defesa da
presidente brasileira, que, além de tentar se esquivar, de forma insensata, da culpa
pelo grave crime de responsabilidade fiscal, objeto do processo de impeachment
contra ela, em tramitação na Câmara dos Deputados, ainda acusa seus
antecessores, como forma de justificativa, de também terem adotado idêntica
prática de usar dinheiro de bancos federais em programas de responsabilidade do
Tesouro Nacional.
Em
que pese a astronômica diferença entre os valores que serviram de exemplo
comparativo das inadmissíveis infringências das normas de administração orçamentária
e financeira, mostrando o disparate dos valores representativos das
irregularidades praticadas em ambos os casos, ou seja, mais de 60 vezes um
sobre o outro, em nenhuma das situações, os órgãos de controle e fiscalização teriam
o menor direito de agir com condescendência, uma vez que a legislação aplicável
é cristalina em estabelecer que comete crime contra a administração pública aquele
que der causa a gastos além dos limites do ajuste fiscal, à luz do disposto nas
Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias.
Ademais,
convém que se ressalte que, nos países civilizados e evoluídos
democraticamente, nenhuma forma de erro é capaz de justificar a prática de falhas
semelhantes, porquanto as responsabilidades são personalizadas e as penalidades
correspondem exatamente aos crimes praticados individualmente.
Isso
vale dizer que há legitimidade em se exigir que a presidente brasileira seja
punida, inclusive com a perda do mandato, caso fique comprovado que ela tenha
cometido o crime de responsabilidade fiscal, por desrespeito às normas de
administração financeira e orçamentária, justamente por se encontrar no
exercício do cargo presidencial, ficando o registro no sentido de que os
presidentes que a antecederam também poderiam ter sido incursos em crimes
similares ao que ela foi enquadrada, caso as oposições e os órgãos de controle,
que tinham o dever de fiscalizá-los, não tivessem cometido o erro da omissão,
ao deixar de denunciá-los tempestivamente, como era do seu dever constitucional
e legal.
Os
números fornecidos pelo banco do governo mostram o cálculo dos atrasos referentes
aos repasses do Tesouro Nacional a bancos públicos e ao Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) desde 2001, no governo tucano, com a indicação de tendência
de alta no fim do governo do ex-presidente petista e enorme disparada na atual gestão,
deixando muito claro o abuso na prática de gastos na forma das pedaladas
fiscais, por meio da indevida utilização de recursos de bancos oficiais para pagamento
de compromissos do Tesouro Nacional, em claro descumprimento das normas legais
aplicáveis à espécie, conforme pontificado pela ação fiscalizatória do TCU.
De
acordo com os dados do Banco Central, entre os anos de 2001 a 2008, o impacto
das pedaladas fiscais na dívida pública oscilou sem tendência definida, entre
0,03% e 0,11% do Produto Interno Bruto, mas, a partir de 2009, o crescimento passou
a ser contínuo, até chegar ao pico de 1% do PIB, no término do primeiro mandato
da presidente.
Diante
da alarmante situação de desrespeito às normas constitucionais e legais, a presidente
havia apresentado defesa no sentido de que a diferença de valores está
relacionada à expansão da economia brasileira e do Orçamento da União, desde a
última década, mas, à toda evidência a economia e o Orçamento da União, ao
contrário do que foi afirmado, simplesmente regrediu, em claro processo
recessivo, não permitindo a menor possibilidade de avanço nos gastos públicos, principalmente
para bancar exageradas despesas visando à conquista da reeleição presidencial,
como foi o que teria acontecido, quando as pedaladas fiscais extrapolaram todas
as medidas de racionalidade e de bom senso, que devem sempre prevalecer na administração
pública, que exige austeridade e economicidade, mesmo em momentos de bonanças
das contas públicas, o que também não era o caso do Brasil.
As informações realistas, concretas, insofismáveis
sobre as pedaladas fiscais, prestadas pelo Banco Central do Brasil, que nem
poderiam atuar de forma diferente, por se tratar de instituição pública de
respeitabilidade nacional e internacional, criada para servir com absoluta
fidelidade ao público, conspiram contra as inverdades, mentiras e falsidades
repassadas para a sociedade, com a pretensão de produzir o mais absurdo
disfarce na tentativa do afastamento do crime de responsabilidade cometido pela
presidente brasileira, que parece ser patente, agora com os
dados do banco oficial. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de abril de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário