domingo, 3 de abril de 2016

Maria do Barro, como prioridade?


Sem opção importante para resolver as graves crises política, ética, social, econômica e administrativa, entre tantas, a presidente da República passou a organizar, em recinto nobre do Palácio do Planalto, de forma sistemática, atos políticos contra o seu impeachment.
Desta feita, ocorreu o anúncio de nova fase do programa Minha Casa, Minha Vida, que tem sido programa representativo de suas vitrines eleitorais e populistas de maior peso, por conseguir arrebanhar, por meio dele, dezenas de militantes de movimentos sociais e de moradia popular, como o MST, MTST, CONAM, FNL e CMP, entre outros, que conseguem transformar o evento oficial em verdadeira manifestação política.
Com entoação de gritos de "não vai ter golpe", os entusiastas militantes acusaram de "golpistas" o vice-presidente da República, o juiz federal da Operação Lava-Jato, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ou seja, todos aqueles que se opõem à falta de rumo do governo e à tragédia que grassa no país, que se encontra em desalentada falta de perspectivas quanto ao seu futuro.
A presidente tem aproveitado os eventos sociais como bandeira para a sua defesa contra o impeachment, tendo se expressado na última ocasião com dizeres de que "Não existe essa conversa de não gosto do governo, então ele cai. Impeachment está previsto na Constituição. Agora é absolutamente má fé dizer que por isso todo impeachment está correto. Para estar correto a Constituição exige que se caracterize crime de responsabilidade. Impeachment sem crime de responsabilidade é o quê? É golpe.".
Por seu turno, um líder sindicalista presente no evento disse que "Impeachment em si não é golpe. Agora, impeachment sem crime de responsabilidade e conduzido por um bandido na presidência da Câmara é golpe sim senhor e não tem legitimidade”, enquanto outro sindicalista afirmou que “Já estamos mobilizados e vigilantes. Combateremos todos os fascistas e golpistas. Lutaremos com todas as nossas forças em defesa da nossa democracia, da nossa Constituição. Golpe nunca mais. Não vai ter golpe. Dilma fica".
O desespero da presidente levou-a a orquestrar reiterados gritos de golpe, tentando adotar o mantra de que a democracia corre sério risco no país e aproveitou para citar a ditadura militar. Ela disse que "A democracia no Brasil não caiu do céu. Ela foi conquistada com muito empenho, com muita participação de todos nós que ao longo dos anos resistimos, metabolizamos e no fim engolimos a ditatura".
O discurso da presidente tem tido cada vez mais calculista e calcado em postura que a procura colocar no cenário político como vítima do processo de impeachment, quando, na verdade, ela é apenas protagonista, por ter levado o país à desgraça e ao infortúnio, em todos os sentidos, conforme mostram os fatos.
Ela disse que oposicionistas "querem tirar o governo para golpear direitos do cidadão" - e não apenas atingi-la -, “além de fomentar ódio, intolerância, violência e preconceito na sociedade. Se fazem isso contra mim, o que não farão contra o povo?", em que pese a presidente ignorar que os eventos patrocinados na casa dela estão, na verdade, sendo causadores de atiçamento da convulsão a partir dali, com expressões explosivas concitando justamente o incêndio dos sentimentos antagônicos, que são arquitetados, planejados, por profissionais do marketing político.
Como forma de se esquivar da responsabilidade sobre a crise econômica, em especial, a presidente tentou transferi-la para o colo da oposição, embora não haver a menor dúvida sobre quem realmente causou todo esse processo recessivo da economia e de suas maléficas consequências, mas, de forma irresponsável, ela alega que quem deseja a interrupção do seu mandato, sem os instrumentos legais, segundo ela, deve arcar com a responsabilidade por "retardar" a retomada do crescimento do país e do aumento dos níveis de emprego, como se ela estivesse adotando, pelo menos, alguma medida nesse sentido.
Por falta de melhor alternativa, já que o governo se encontra paralisado, completamente atado com o processo do impeachment, estão sendo agendadas cerimônias mequetrefes, na vã tentava de atrair os holofotes da mídia para pauta que o governo considera positiva e construir palanque para exacerbados discursos contra a oposição e a sociedade que não comungam com o desgoverno, a incompetência e a falta de seriedade, por não assumir as responsabilidades pelos gravíssimos erros e falhas administrativos que contribuíram para levar à trágica degeneração dos princípios fundamentais da gestão dos negócios do país.
Essa forma de evento demonstra a pequenez do governo e a serventia à falta da essencialidade e da plenitude do interesse público, que deixa de tratar de questões urgentes e relevantes, com o idêntico entusiasmo como vem sendo feito com o programa de moradia.
Não há dúvida de que a presidente do país deixa muito claro que desconhece a necessidade da priorização de políticas sérias capazes de contribuir para a retomada do emprego, da produção e do desenvolvimento.
Não se trata de menosprezar a presença de presidente do país em evento pertinente a programa de moradia, que tem o seu valor social, mas, com certeza, nem nas republiquetas essa forma de solenidade se faz com tanta frequência e com bastante entusiasmo, quase diariamente, com muita pompa, em recinto especial do palácio presidencial, como se fosse algo da mais expressiva relevância para os interesses nacionais, à vista das crises que deveriam merecer prioridade das prioridades presidenciais.
Ao invés de se preocupar com a resolução das relevantes questões nacionais, notadamente relacionadas com as gravíssimas questões ética, econômica, política e administrativa, a presidente brasileira fica cuidando, de forma patética, de situações referentes a programa Maria do Barro da moradia, que tem sua importância no contexto das políticas públicas, mas isso é matéria que, nas circunstâncias, deveria estar acima da milésima ou mais prioridades de governo, ante a fragilidade da administração do país.
Urge que os brasileiros se mobilizem para repudiar, com veemência, não somente as tentativas de manipulação do governo sobre a conscientização acerca das reais questões nacionais, inclusive do crime de responsabilidade fiscal cometido pela presidente do país, que se elegeu com respaldo em gastança mais que exacerbada, contribuindo para os rombos das contas públicas, que foram maquiadas por meio das pedaladas fiscais, que omitiam os déficits orçamentários e financeiros, mas também os discursos inverídicos que procuram omitir da sociedade a marca do desgoverno, da incompetência e da indignidade, por não assumir as responsabilidades pelos gravíssimos erros e falhas administrativos que levaram o país à bancarrota e à tragédia, em todos os sentidos, conforme são reafirmados pelos fatos mostrando a verdade quanto à desastrada administração do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de abril de 2016

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