quinta-feira, 7 de abril de 2016

A vileza de homens públicos


Um cidadão recorreu ao procurador-geral da República, pedindo urgente adoção de medidas enérgicas capazes de coibir a desmoralizante e indigna compra de votos de parlamentares, sob a batuta orquestrada e comandada pelo ex-presidente da República petista, por constituir prática degenerativa dos princípios da ética, moralidade, dignidade e honestidade e ainda com grave ofensa à nobreza republicana.
Ele alega que a citada atitude atenta contra as normas da civilidade e vem sendo praticada à luz solar, sem o menor disfarce, conforme noticiam os meios de comunicação, que prestam os detalhes sobre os lances promovidos pelos interessados na efetivação das posições do tabuleiro da Esplanada dos Ministérios ou dos próximos passos para o atingimento de seus objetivos, tendo como premissa a exclusiva blindagem da presidente do país contra o seu afastamento do cargo.
Trata-se, sem a menor dúvida, de prática extremamente criminosa e prejudicial ao interesse público, que já foi exemplarmente condenada pelo Supremo Tribunal Federal, em passado recente, quando examinou o famigerado escândalo do mensalão, cujo cerne foi exatamente a compra da inescrupulosa consciência de parlamentares, tendo como veredicto a condenação de vários importantes líderes petistas e de outros criminosos, com a prisão por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, peculato e outros crimes graves contra a administração pública.
O cidadão alega que o mensalão nasceu e se projetou exatamente no governo do ex-presidente, que agora toma a iniciativa de liderar mais essa indigna e deprimente cooptação de congressistas, fazendo uso, de maneira ostensiva da máquina pública, ou seja, de cargos em ministérios e empresas públicas, em troca de apoio no Congresso Nacional, em clara afronta aos princípios da legalidade e da moralidade, bem assim às autoridades constituídas e às instituições públicas do país.
A forma esdrúxula de loteamento de cargos públicos entre parlamentares que aceitarem vender a sua consciência, pela simples vaidade de poder ser ministro, representa a mais cristalina indignidade que o cidadão representante do povo pode demonstrar perante a opinião pública.
Também é representada por ínfima indignidade a participação do governo que leiloa a nobreza da administração pública em troca da fidelidade de inescrupulosos congressistas, em evidente desmoralização dos princípios da honradez e da nobreza que se exigem dos homens públicos.
Nesse triste e vergonhoso processo conhecido "toma lá, dá cá", que se tornou marca registrada do governo petista, não se consegue vislumbrar quem se passa por mais indigno nesse vergonhoso episódio, à vista do conceito de moralidade pública, se o governo, de um lado, que usa, de forma explícita e espúria, a máquina pública para comprar a vil consciência do parlamentar, ou daqueles que são seduzidos para o usufruto de benefícios, vantagens proporcionados pelo Estado, em razão de amplas possibilidades da utilização do poder para a facilitação do tráfico de influência, com vistas à satisfação de seus objetivos pessoais e partidários, em clara demonstração de afronta aos salutares princípios da ética, da moral, do decoro, da legalidade, da dignidade e da nobreza, que não podem jamais se afastar da administração pública.
Não há a menor dúvida de que o uso da máquina pública, para a satisfação de finalidade particular, como caracterizado nesse caso da compra da consciência de parlamentar para defender a presidente petista contra o seu impeachment, no Congresso Nacional, é caso típico de involução da humanidade, por haver nisso total desprezo e contraposição à finalidade precípua do atendimento à satisfação do interesse público, que deve ser a função básica dos ocupantes de cargos públicos eletivos. 
Nos países civilizados e evoluídos democraticamente, essa forma degradante de ocupação de cargos públicos é absolutamente impossível de acontecer, porque isso não se compatibiliza com os princípios e o nível cultural de seu povo, que é normalmente representado por homens públicos imbuídos de dignidade e de acatamento aos conceitos de valorização e dignificação das atividades públicas.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre a necessidade de se repudiar, com veemência, os atos indignos praticados por homens públicos, como estes da indecente compra da consciência de parlamentares para garantir fidelidade ao Palácio do Planalto, mediante a blindagem contra o impeachment da presidente da República, e exigir que os atos da administração pública sejam praticados sob a estrita observância dos princípios da ética, moralidade, legalidade, dignidade e honestidade, como forma de contribuir para o aperfeiçoamento dos princípios democrático e republicano.
Convém que as autoridades responsáveis pelo controle sobre as regras constitucionais e legais, em especial envolvendo a Excelsa Corte de Justiça, o Ministério Público, os organismos civis representativos da sociedade e demais instituições honradas do país tenham a dignidade de defender a honra e a nobreza do pouco que ainda resta da República, tomando a iniciativa no sentido de coibir essa nefasta, odiosa e delituosa prática instituída pelo governo do toma lá, dá cá, que tem contribuído, de forma deletéria, para transformar a prestação dos serviços públicos na mais precária qualidade que se possa imaginar, ante a desqualificação dos principais administradores públicos responsáveis pela execução das políticas públicas essenciais, que são escolhidos pelo censurável e inadmissível critério da submissão à fidelidade presidencial, em vexatória troca do voto no Parlamento. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de abril de 2016

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