terça-feira, 5 de abril de 2016

Generalização das indignidades


Depois de ter sido abandonado pelo PMDB, que acaba de desembarcar do governo, o Palácio do Planalto decidiu trabalhar com plano B, para tentar barrar, no Congresso Nacional, o impeachment contra a presidente.
Diante do novo cenário político, o governo não perdeu tempo para fazer uso dos cargos antes ocupados pelo antigo aliado para negociar no balcão de negociata com deputados.
A estratégia consiste em oferecer cargos do primeiro e segundo escalões, a exemplo do comando da Funasa e de outras entidades importantes, e até mesmo ministérios vagos, com vistas à obtenção de fidelidade ao Palácio do Planalto, mediante a garantia de votos na Câmara dos Deputados contra o impeachment.
Um integrante da articulação política do governo disse que “Vamos tentar fazer de um limão, uma limonada. O PMDB tem sete ministérios e dezenas de cargos importantes. Com isso, vai ser possível negociar individualmente com os deputados de outros partidos”.
O governo contabiliza, por enquanto, 130 votos garantidos na Câmara, mas ele precisa assegurar pelo menos 171 votos para barrar o impeachment. Na avaliação do governo, há dificuldade de se negociar partidos inteiros, ou grupo de parlamentares.
O articulador político afirmou que “Já iniciamos um mapeamento. E vamos usar esse espólio do PMDB para resolver o impeachment. Tem partido que só tem um ministério e já garante votos. Já que o PMDB decidiu desembarcar, vamos distribuir esses cargos e tentar reverter a situação”.
Causa perplexidade a forma esdrúxula e indigna como a presidente do país tenta se livrar do processo de impeachment fazendo uso da máquina pública a seu favor, na tentativa de solucionar questão estritamente pessoal, com o oferecimento de cargos em ministérios e empresas estatais em troca de apoio político, visando manter seu governo totalmente combalido e destroçado, graças ao vergonhoso loteamento, em fase anterior, desses órgãos entre partidos aliados, que os entregaram para políticos sem os devidos preparo e competência para o exercício dos cargos pertinentes.
Esses dirigentes foram os causadores da péssima execução das políticas públicas, cujos resultados são os piores possíveis, ante a caótica situação que se encontra a nação, completamente mergulhada em recessão econômica, com desemprego nas nuvens, inflação de dois dígitos, juros elevadíssimos, dívidas públicas em progressivo crescimento, contas públicas descontroladas, inexistência de investimentos em serviços e obras públicos, enfim, a incompetência administrativa é indiscutivelmente patente, o que vem contribuindo para a insatisfação do povo contra a presidente mais impopular da história do país, segundo atestam as pesquisas de opinião pública.  
Essa ridícula forma institucionalizada do “toma lá, dá cá” revela desprezo aos princípios da dignidade e da moralidade tanto por parte do governo, que, sem o menor escrúpulo, faz uso da máquina pública para fins nada republicanos, como dos parlamentares, que vendem a sua consciência, a sua reputação, pela vaidade de poderem ocupar cargos públicos relevantes.
À toda evidência, trata-se de demonstração de medida que apequena ao nível mais rasteiro possível a governança do país, que não merece ser tratado com tamanho desrespeito e desmazelo, fato que merece o repúdio dos brasileiros, que têm o dever cívico de exigir que a presidente do país cumpra seu compromisso de cumprir o ordenamento jurídico do país, com a estrita observância dos princípios da ética, moralidade, transparência, honorabilidade e dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de abril de 2016

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