Depois
de ter sido abandonado pelo PMDB, que acaba de desembarcar do governo, o Palácio
do Planalto decidiu trabalhar com plano B, para tentar barrar, no Congresso
Nacional, o impeachment contra a presidente.
Diante
do novo cenário político, o governo não perdeu tempo para fazer uso dos cargos
antes ocupados pelo antigo aliado para negociar no balcão de negociata com
deputados.
A
estratégia consiste em oferecer cargos do primeiro e segundo escalões, a
exemplo do comando da Funasa e de outras entidades importantes, e até mesmo
ministérios vagos, com vistas à obtenção de fidelidade ao Palácio do Planalto,
mediante a garantia de votos na Câmara dos Deputados contra o impeachment.
Um
integrante da articulação política do governo disse que “Vamos tentar fazer de um limão, uma limonada. O PMDB tem sete
ministérios e dezenas de cargos importantes. Com isso, vai ser possível
negociar individualmente com os deputados de outros partidos”.
O
governo contabiliza, por enquanto, 130 votos garantidos na Câmara, mas ele precisa
assegurar pelo menos 171 votos para barrar o impeachment. Na avaliação do
governo, há dificuldade de se negociar partidos inteiros, ou grupo de
parlamentares.
O
articulador político afirmou que “Já
iniciamos um mapeamento. E vamos usar esse espólio do PMDB para resolver o
impeachment. Tem partido que só tem um ministério e já garante votos. Já que o
PMDB decidiu desembarcar, vamos distribuir esses cargos e tentar reverter a
situação”.
Causa
perplexidade a forma esdrúxula e indigna como a presidente do país tenta se
livrar do processo de impeachment fazendo uso da máquina pública a seu favor, na
tentativa de solucionar questão estritamente pessoal, com o oferecimento de cargos
em ministérios e empresas estatais em troca de apoio político, visando manter seu
governo totalmente combalido e destroçado, graças ao vergonhoso loteamento, em
fase anterior, desses órgãos entre partidos aliados, que os entregaram para políticos
sem os devidos preparo e competência para o exercício dos cargos pertinentes.
Esses
dirigentes foram os causadores da péssima execução das políticas públicas,
cujos resultados são os piores possíveis, ante a caótica situação que se
encontra a nação, completamente mergulhada em recessão econômica, com
desemprego nas nuvens, inflação de dois dígitos, juros elevadíssimos, dívidas
públicas em progressivo crescimento, contas públicas descontroladas,
inexistência de investimentos em serviços e obras públicos, enfim, a
incompetência administrativa é indiscutivelmente patente, o que vem contribuindo
para a insatisfação do povo contra a presidente mais impopular da história do
país, segundo atestam as pesquisas de opinião pública.
Essa
ridícula forma institucionalizada do “toma lá, dá cá” revela desprezo aos
princípios da dignidade e da moralidade tanto por parte do governo, que, sem o
menor escrúpulo, faz uso da máquina pública para fins nada republicanos, como
dos parlamentares, que vendem a sua consciência, a sua reputação, pela vaidade
de poderem ocupar cargos públicos relevantes.
À
toda evidência, trata-se de demonstração de medida que apequena ao nível mais
rasteiro possível a governança do país, que não merece ser tratado com tamanho
desrespeito e desmazelo, fato que merece o repúdio dos brasileiros, que têm o
dever cívico de exigir que a presidente do país cumpra seu compromisso de
cumprir o ordenamento jurídico do país, com a estrita observância dos
princípios da ética, moralidade, transparência, honorabilidade e dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de abril de 2016
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