quinta-feira, 21 de abril de 2016

São todos filhos de Deus


O papa apresentou aos fiéis documento intitulado “A Alegria do Amor”, onde ele pede aos sacerdotes do mundo que tenham mais compreensão com relação às famílias não tradicionais e aceitem os gays, as lésbicas, os divorciados católicos e outras pessoas que vivem em situações que a igreja considera "irregulares".
O extenso texto contém 256 páginas e oferece conclusões de dois sínodos (assembleias de párocos) sobre a família e objetiva, à luz da igreja, mudança na sua doutrina, por tentar reconhecer as diversas razões pelas quais os casais, segundo o contexto social e cultural, decidem conviver.
O pontífice disse que “Desejo, antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito".
O papa afirmou que a igreja não deve continuar a fazer julgamentos e “atirar pedras” contra aqueles que não conseguem viver de acordo com ideais de casamento e vida familiar segundo o Evangelho, embora o documento rejeita "os projetos de equiparação das uniões entre pessoas homossexuais com o matrimônio".
Em outro trecho, o papa disse que “Desejo, antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e, particularmente, toda a forma de agressão e violência”.
O documento do papa demonstra o quanto a igreja ainda é preconceituosa, por reconhecer que existe no seu seio explícita e potencial discriminação à parcela de pessoas, para quem ele pede compreensão, como se elas fossem párias, privadas dos direitos sociais e religiosos, excluídas da sociedade somente porque defendem seus sentimentos, suas vocações, seus desejos e suas orientações pessoais, quando os princípios da igreja deveriam repudiar essa forma antagônica e de incompreensão, justamente porque o sentimento de acolhimento não combina com a imposição de qualquer forma de doutrinamento senão de viver com dignidade, sem preconceitos ou discriminação.
O líder da Igreja Católico, ao pedir que se valorizem as "uniões de fato" e reconheça os "sinais de amor" entre estes casais e que sejam "acolhidos e acompanhados com paciência e delicadeza", denuncia a resistência de sacerdotes às pessoas por ele indicadas.
Não à toa que o pontífice insiste em defender que a consciência individual deva ser o princípio capaz de orientar os católicos para a negociação das complexidades do casamento, da vida família e do sexo.
Enfim, o papa deixou claro que "Estas situações exigem um atento discernimento e um acompanhamento com grande respeito, evitando qualquer linguagem e atitude que faça com que se sintam discriminados, promovendo sua participação na vida da comunidade".
A princípio, constitui verdadeira heresia por parte do sumo pontífice, quando apela para que os sacerdotes do mundo aceitem os gays e as lésbicas, os divorciados católicos e outras pessoas que vivem em situações que a igreja considera "irregulares", como se ele e os demais membros da Igreja Católica tivessem o dom supremo de julgar as pessoas, ainda não tivessem nenhuma mácula e fossem os donos da verdade, na face da terra.
A lição do papa deixa muito claro o distanciamento da Igreja Católica dos verdadeiros filhos de Deus, que não podem ser classificados por classes sociais nem estigmatizados pelo simples fato de ter opção sentimental, psicológica ou comportamental, porque o próprio Deus não preconizou tamanha brutalidade, irracionalidade, em termos condicionantes das pessoas por meio das suas convicções de vida, à luz dos ensinamentos bíblicos, segundo os quais o homem tem a capacidade do livre arbítrio, que o faz dono e senhor de seus sentimentos, como forma capaz de satisfazer suas necessidades sobre a construção do amor e da felicidade.
O que deve prevalecer é realmente a vontade de Deus, que é incutida no sentimento das pessoas, que têm o direito de viver segundo às suas convicções pessoais que proporcionam satisfação. Essa questão de tolerância é coisa ultrapassada, porque ninguém deve ficar sujeito ao que outros pensam sobre aquilo que não lhe diz respeito.
Os ensinamentos bíblicos dizem que o ser humano vive para o amor e a felicidade e é isso que importa, sem essa de tolerância por ser o que for, porque todas as criaturas são filhas do mesmo Deus e devem merecer tratamento recíproco de igualdade, respeito e dignidade humanos.
A Igreja Católica tem a sublime missão de enxergar as pessoas apenas como ser humano que tem sentimentos e deve viver segundo a sua conscientização sobre de efetivos desejos que tragam harmonia, amor, paz e felicidade para elas, independentemente do que pensa, sem o direito de julgar, quem deve apenas cuidar e realizar seu trabalho de evangelização, que tem como princípio primordial a união e a pacificação em torno do atingimento do bem comum, como forma da disseminação da caridade, da fé e dos ensinamentos oriundos do mestre Jesus Cristo. Acorda, Vaticano!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de abril de 2016

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