O
papa apresentou aos fiéis documento intitulado “A Alegria do Amor”, onde ele pede aos sacerdotes do mundo que
tenham mais compreensão com relação às famílias não tradicionais e aceitem os
gays, as lésbicas, os divorciados católicos e outras pessoas que vivem em situações
que a igreja considera "irregulares".
O
extenso texto contém 256 páginas e oferece conclusões de dois sínodos (assembleias
de párocos) sobre a família e objetiva, à luz da igreja, mudança na sua
doutrina, por tentar reconhecer as diversas razões pelas quais os casais,
segundo o contexto social e cultural, decidem conviver.
O
pontífice disse que “Desejo, antes de
mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação
sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito".
O
papa afirmou que a igreja não deve continuar a fazer julgamentos e “atirar pedras” contra aqueles que não
conseguem viver de acordo com ideais de casamento e vida familiar segundo o
Evangelho, embora o documento rejeita "os
projetos de equiparação das uniões entre pessoas homossexuais com o matrimônio".
Em
outro trecho, o papa disse que “Desejo,
antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria
orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com
respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e,
particularmente, toda a forma de agressão e violência”.
O
documento do papa demonstra o quanto a igreja ainda é preconceituosa, por
reconhecer que existe no seu seio explícita e potencial discriminação à parcela
de pessoas, para quem ele pede compreensão, como se elas fossem párias, privadas
dos direitos sociais e religiosos, excluídas da sociedade somente porque
defendem seus sentimentos, suas vocações, seus desejos e suas orientações
pessoais, quando os princípios da igreja deveriam repudiar essa forma
antagônica e de incompreensão, justamente porque o sentimento de acolhimento
não combina com a imposição de qualquer forma de doutrinamento senão de viver
com dignidade, sem preconceitos ou discriminação.
O
líder da Igreja Católico, ao pedir que se valorizem as "uniões de fato" e reconheça os
"sinais de amor" entre
estes casais e que sejam "acolhidos
e acompanhados com paciência e delicadeza", denuncia a resistência de
sacerdotes às pessoas por ele indicadas.
Não
à toa que o pontífice insiste em defender que a consciência individual deva ser
o princípio capaz de orientar os católicos para a negociação das complexidades
do casamento, da vida família e do sexo.
Enfim,
o papa deixou claro que "Estas
situações exigem um atento discernimento e um acompanhamento com grande
respeito, evitando qualquer linguagem e atitude que faça com que se sintam
discriminados, promovendo sua participação na vida da comunidade".
A
princípio, constitui verdadeira heresia por parte do sumo pontífice, quando
apela para que os sacerdotes do mundo aceitem os gays e as lésbicas, os
divorciados católicos e outras pessoas que vivem em situações que a igreja
considera "irregulares",
como se ele e os demais membros da Igreja Católica tivessem o dom supremo de
julgar as pessoas, ainda não tivessem nenhuma mácula e fossem os donos da
verdade, na face da terra.
A
lição do papa deixa muito claro o distanciamento da Igreja Católica dos
verdadeiros filhos de Deus, que não podem ser classificados por classes sociais
nem estigmatizados pelo simples fato de ter opção sentimental, psicológica ou
comportamental, porque o próprio Deus não preconizou tamanha brutalidade,
irracionalidade, em termos condicionantes das pessoas por meio das suas
convicções de vida, à luz dos ensinamentos bíblicos, segundo os quais o homem
tem a capacidade do livre arbítrio, que o faz dono e senhor de seus
sentimentos, como forma capaz de satisfazer suas necessidades sobre a
construção do amor e da felicidade.
O que deve prevalecer é realmente a vontade de Deus,
que é incutida no sentimento das pessoas, que têm o direito de viver segundo às
suas convicções pessoais que proporcionam satisfação. Essa questão de
tolerância é coisa ultrapassada, porque ninguém deve ficar sujeito ao que
outros pensam sobre aquilo que não lhe diz respeito.
Os ensinamentos bíblicos dizem que o ser humano vive
para o amor e a felicidade e é isso que importa, sem essa de tolerância por ser
o que for, porque todas as criaturas são filhas do mesmo Deus e devem merecer
tratamento recíproco de igualdade, respeito e dignidade humanos.
A
Igreja Católica tem a sublime missão de enxergar as pessoas apenas como ser
humano que tem sentimentos e deve viver segundo a sua conscientização sobre de
efetivos desejos que tragam harmonia, amor, paz e felicidade para elas,
independentemente do que pensa, sem o direito de julgar, quem deve apenas cuidar
e realizar seu trabalho de evangelização, que tem como princípio primordial a
união e a pacificação em torno do atingimento do bem comum, como forma da
disseminação da caridade, da fé e dos ensinamentos oriundos do mestre Jesus
Cristo. Acorda, Vaticano!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de abril de 2016
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