A recente eleição para prefeitos pode ter consolidado a inclinação do país
à centro-direita e o indiscutível enfraquecimento da esquerda, à vista da
expressiva votação para a primeira ala e a diminuta preferência para a segunda.
Ficou muito notório que a direita saiu fortalecida do pleito e mostrou
ser muito maior do que o último ex-presidente do país, que até há pouco tempo
era tido como o líder maior desse campo político.
Por seu turno, a esquerda provou ser muito menor do que o presidente do
país, visto que ele tem sido, há décadas, o centro de gravidade do chamado
“campo progressista” e não permitir o surgimento de novas lideranças, obviamente
por temer a perda do protagonismo e do domínio sobre o partido.
É possível que o triunfo político do governador de São Paulo tenha sido determinante
para a chegada do prefeito de São Paulo ao segundo turno, fato que evidencia que
a direita não depende mais da associação explícita à figura do ex-presidente,
com vistas à conquista de votos.
A bem da verdade, o candidato à reeleição chegou ao segundo turno a
despeito da falta de empenho do ex-presidente, que se mostrou dúbio, por manifestar,
em dado momento, apoio mais direto ao outro candidato conservador.
Não há a menor dúvida de que o ex-presidente ainda é capaz de mobilizar multidões
de eleitores e obter sucesso em sua empreitada de se conquistar votos, país
afora, mantendo a política como o principal meio de ativismo ideológico de seus
seguidores.
O certo é que o ex-presidente nem de longe representa aquela onda
avassaladora mostrada na campanha eleitoral de 2018.
Já na eleição de 2020, quando ele era o presidente do pais, seu
desempenho como cabo eleitoral já dava sinais de fraqueza, em especial, tendo
perdido força por conta de tantas mortes causadas pela Covid-19.
A prova disso é que, dos 13 candidatos a prefeito que foram apoiados por
ele, 11 foram derrotados, na eleição de agora.
O ex-presidente é incapaz de oferecer substância que em política é
tratado como um ativo valiosíssimo, ou seja, perspectiva de poder.
À toda evidência, não há a menor esperança de que o ex-presidente seja
candidato em 2026, por mais que ele acredite em virada de mesa que o torne
elegível.
O ex-presidente do país agora é apenas um retrato de político e isso
parece muito importante para a democracia brasileira, porque a direita pode
respirar livremente, sem a interferência de líder sem iniciativa e sem ideias,
em que a direita tende a ser mais civilizada e democrática, mais pragmática e
menos ideológica, para o bem do Brasil.
Quanto à situação política do poder, está bastante claro que o principal
partido da esquerda, sem a presença do seu líder maior, caminhará a passos gigantescos
para se tornar partido pequeno, incapaz de eleger mais quase ninguém ou apenas capaz
de eleger alguém nas periferias e nos interiores.
Em que pese o líder ter voltado à Presidência do pais, o seu partido conseguiu
a proeza de eleger pouco mais de 250 prefeitos, em universo de 5.670 municípios,
o que demonstra a sua quase insignificância, mostrada pelo resultado das urnas,
em desprestígio comparativo à votação nacional, em notoriedade de partido que
perde credibilidade e está em visível decomposição a olhos nus.
Em de conclusão sobre o último pleito eleitoral, pode-se afirmar que a
direita se alargueceu, se expandiu, em termos de conquistas políticas, por ter
se distanciar visivelmente do ex-presidente do pais, em forma de autonomia,
enquanto a esquerda foi encolhida, sem deixar de depender visceralmente do
presidente do país, que nem por isso ele conseguiu vitórias expressivas, nas disputas
para cargos de prefeito, em especial.
Parece haver boa tese para se explicar esse terrível fenômeno, de alguma
singeleza, qual seja, o fato de que quem já foi governado pela esquerda,
sobretudo pelo principal partido socialista, quer se distanciar de governos incompetentes
e ineficientes, de pouquíssima otimização nos seus resultados
político-administrativos.
A verdade é que, nesta última eleição para prefeito, o povo procurou ser
mais prático e cauteloso na hora de votar, tendo o cuidado de votar em
candidatos diferentes da esquerda mais radical e isso demonstra mais zelo para
com a causa pública, em termos de responsabilidade no emprego dos recursos
públicos.
Enfim, as renovadas esperanças são no sentido de os brasileiros possam
aprender a votar, somente elegendo os representantes políticos que demonstrem
verdadeiro senso de competência, eficiência e responsabilidade na aplicação do
dinheiro público, como forma de respeito ao voto e amor a si e ao Brasil.
Brasília, em 16 de outubro de 2024
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