O último ex-presidente do país afirmou que é o candidato da direita para
a Presidência da República, em 2026, em claro desprezo à atual situação dele de
inelegível até 2030, ou seja, ele está inapto ao registro como candidato.
A declaração do ex-presidente veio em forma de rebate ao que disse o
presidente do partido dele, que os primeiros da fila para a disputa ao Palácio
do Planalto são o governador de São Paulo e o filho do ex-presidente, que é deputado
federal.
O presidente do partido disse ainda que acredita que o ex-presidente poderá
ser candidato em 2026, caso seja aprovado projeto legislativo que trata de anistiá-lo, cuja medida tem o apoio do seu
partido.
O ex-presidente do país se mostra perplexo pelo fato de ter sido
declarado inelegível, por oito anos, tão somente por ter se reunido com
embaixadores estrangeiros.
Nas circunstâncias atuais, não assiste razão alguma ao ex-presidente do
país em afirmar que ele será candidato ao cargo de presidente da República, em
2026, porque ele se encontra inelegível e sequer poderá registrar o seu nome
junto ao órgão eleitoral.
Sim, ele poderá se candidatar caso o Congresso Nacional aprove a anistia
dele, evidentemente a depender ainda do consentimento do sistema dominante, que
poderá não aceitar medida nesse sentido, uma vez que há precedente em caso de
anistia, quando o ex-presidente estava no cargo e ele concedeu a graça a um
deputado condenado pela corte maior do país.
Outro ponto que precisa ser mais bem esclarecido, diz respeito ao motivo
que deu causa à inelegibilidade do ex-presidente, que não teria sido somente
por ele ter se reunido com embaixadores estrangeiros, mas sim por ele
aproveitar o encontro com representantes de outros países para discutir
assuntos internos exclusivamente de interesse do Brasil, como o sistema
eleitoral, que fora colocado sob suspeita por ele, embora ele não houvesse
qualquer prova sobre os fatos
denunciados.
Nessa reunião, o então presidente do país denunciou fragilidades sobre a
operacionalização do sistema eleitoral brasileiro, com destaque acerca das
urnas eletrônicas, quando ele não dispunha de nenhuma de absolutamente nada, em
termos de fraude que ele denunciava.
Não é de bom tom que a principal autoridade do país se encarregue de
fazer denúncia sobre deficiência do Brasil, quando ela era inexistente, fato
este que demonstra promiscuidade perante a obrigatoriedade de ser fiel à
integridade sobre o sigilo dos assuntos de interesse do país.
À toda evidência, a denúncia feita pelo então presidente do país teve
por finalidade tão somente tentar desmoralizar o sistema eleitoral brasileiro, também
ficando muito claro que a denúncia aos embaixadores estrangeiros não teria
nenhuma serventia ao saneamento de possíveis falhas no citado sistema, porque
eles não teriam qualquer ingerência nos assuntos internos brasileiros.
O certo é que a reunião com embaixadores tinha objetivo definido pelo
então presidente do país, que era mostrar a sua insatisfação com autoridades
que comandavam o órgão eleitoral brasileiro, mesmo sabendo que aquilo não
adiantaria absolutamente nada, salvo para mostrar desvio de conduta que deveria
ter sido evitado, em respeito à liturgia prevista na cartilha do verdadeiro
estadista.
Ressalte ainda que a reunião em comento aconteceu em dependência
pública, para tratar de assunto estranho ao serviço público, na qual foram
utilizados bens igualmente públicos.
É evidente que mesmo considerado grave o desvio de conduta do então
presidente do país, ao se reunir com embaixadores estrangeiros, para denunciar
algo inexiste, a inelegibilidade dele não encontra a mínima justificativa,
principalmente porque não ficou caracterizado qualquer prejuízo às relações
diplomáticas brasileiras, por conta dessa maldita reunião, ou seja, não houve interrupção
nem descontinuidade no relacionamento com os países que participaram de estranha
reunião.
Não fosse a questão ideológica, que implica severa oposição de
pensamento político, certamente que os fatos que causaram a inelegibilidade do
ex-presidente do país não ensejariam nada mais do que mera advertência ou algo
no sentido de se informar a ele que não é aconselhável reunião de presidente do
país com representantes de países amigos, para o fim de se denunciar algo
inexistente, não havendo o menor cabimento qualquer forma de penalidade, quanto
mais tão exagerada como foi.
Enfim, os brasileiros até admitem, se for para o bem do Brasil, que o
ex-presidente do país possa se candidatar, no próximo pleito eleitoral, ao
cargo de presidente da República, mas na condição de que ele tenha a dignidade
para assumir os seus atos, tal e qual como eles aconteceram.
Brasília, em 17 de outubro de 2024
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