Um pastor, muito próximo ao ex-presidente do país, em momento sincero desabafo,
não poupou críticas à suposta omissão do líder da extrema direita brasileira,
durante as eleições municipais em São Paulo.
O líder religioso, visivelmente desapontado, disse que o ex-presidente
estava muito mais preocupado com a possibilidade da derrota do outro candidato
conservador do que na defesa de seus aliados, tendo questionado: “Que
porcaria de líder é esse?”.
O pastor fez crítica à falta de apoio a aliados e a indecisão do
ex-presidente, nos momentos cruciais da campanha, ao afirmar, aos brados, que “Bolsonaro foi covarde, omisso. Para
ficar bem sabe com quem? Com seguidores.”.
O religioso esclareceu que teria enviado mais de 30 mensagens “duríssimas”
ao ex-presidente, expressando a sua insatisfação, além de ter lembrado de momento
em que o ex-presidente, em uma ligação angustiante, chorou por cinco minutos,
temendo ser preso.
Em outro momento da conversa com jornalistas, o pastor fez elogio ao
governador de São Paulo, afirmando que pretende apoiá-lo na corrida
presidencial, caso o ex-presidente permaneça inelegível, até 2026.
Por seu turno, em comentário com jornalistas, o ex-presidente preferiu
não comentar nem responder às críticas do aliado.
Não obstante, o filho primogênito do ex-presidente fez a réplica aos
duros ataques do pastor, dizendo que: “Roupa suja se lava em casa. O Silas
expôs intimidade das nossas conversas, e é esse tipo de atuação que encolhe o
nosso campo.”.
Vê-se, nas contundentes críticas de religioso, que o ex-presidente teria
falhado quanto ao compromisso de apoio ao candidato da coligação partidária, ao
chamá-lo de porcaria de líder, covarde e omisso, no que se pode intuir pela clara
demonstração de desprezo à importância de aliados políticos.
Todo o duríssimo desabafo do pastor se torna ainda mais preocupante, envolvendo
liderança política, porque o ex-presidente foi incapaz de respondê-lo à altura,
aproveitando para justificar precisamente os motivos pelos quais ele teria sido
interpretado como covarde, porcaria e omisso.
De maneira alguma, isso não condiz com a grandeza de líder minimamente
de respeito, embora, em se tratando de político brasileiro, isso é o mínimo que
se pode esperar de quem pratica atividade política.
Mesmo que o religioso tenha se desculpado com o seu líder, a verdade é
que os fatos realmente aconteceram, diante da interpretação de que o candidato
não teve o apoio necessário do ex-presidente, fato este que teria prejudicado o
desempenho dele.
Ou seja, os pronunciados predicativos negativos não são apagados com o
pedido de perdão em si, uma vez que são fatos distintos de o ex-presidente ter errado
perante o dever de liderança política e o de o pastor ter sido pródigo em soltar
o verbo.
Agora, é preciso se notar que a participação no episódio do filho do
ex-presidente torna a situação bastante emblemática, porque ele reconhece implicitamente
a validade das críticas que foram feitas ao pai dele, quando afirma
textualmente que “Roupa suja se lava em casa” e ainda admite que isso “encolhe
o nosso campo”, ou seja, seria preferido que o pastor não tivesse lavado a
sujeira para as ruas, porque ninguém ficaria sabendo que o ex-presidente tem muitas
deficiências, que precisam ser jogadas para baixo do tapete, evidentemente para
o “bem” da política podre brasileira.
Por via de consequência, entende-se que as duras palavras do pastor não
foram contestadas, mas sim reconhecidas como acertadas, quando se reconhece que
a roupa ficou suja e entende-se que essa sujeira tem origem na covardia, na porcaria
e na omissão protagonizadas pelo ex-presidente que não teve dignidade para
contestar as incisivas acusações, o que vale dizer que ele admite a sua
fraqueza, tal qual como exposto pelo corajoso religioso.
Causa perplexidade que político com tais predicativos vacilantes e
prejudicais às atividades proativas da política possa ainda merecer a admiração
e o carinho dos verdadeiros brasileiros, ficando mais do que demonstrado que
essa maneira de tratamento dispensada aos políticos ajuda a se compreender os
motivos pelos quais o Brasil se encontra atolado no abismo profundo da precariedade
generalizada, tendo por rumo o contrário do que gostariam os brasileiros de
verdade.
Em conclusão, pode-se concluir que as contundentes críticas do pastor ao
principal líder da oposição brasileira, por sua validade não contestada, têm o
condão de mostrar exatamente que o povo tem os representantes políticos que bem
merece, na compreensão de que ambos estão na mesma sintonia de mentalidade política,
todos plenamente satisfeitos com a mediocridade de suas consciências.
Brasília, em 9 de outubro de 2024
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