quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Interesse político?

 

Diante do quadro político que se apresenta a campanha eleitoral de São Paulo, o governador desse estado manteve contado com o último ex-presidente do país, na tentativa da obtenção de maior empenho dele na campanha do candidato à reeleição ao cargo de prefeito da capital, que é apoiado por ambos os políticos. 

Ficou transparente nessa conversa que o governador manifestou preocupação segundo a qual outro candidato, também conservador, pode tomar o segundo turno do mencionado candidato apoiado por eles.

A verdade é que o governador quer que o ex-presidente participe mais ativamente na campanha do candidato à reeleição, sob o argumento de que, ao contrário disso, a vitória, no primeiro turno, do outro candidato conservador pode beneficiar o candidato da esquerda, no segundo turno, que o venceria.

Aliados do ex-presidente afirmam que o governador gostaria que o apoio do ex-mandatário seja de forma incisiva e efetiva, para mostrar que o voto útil no candidato à reeleição contra o candidato da esquerda, na concepção de que o prefeito tem mais chance de vencer o candidato esquerdista, no segundo turno, à vista de pesquisa de preferência de votos.

O governador entende que "Só tem um candidato que derrota os outros no segundo turno. (...) A gente tem que mostrar isso. Tem muita gente enganada, que vai votar em um e vai levar o outro".

Não obstante, não há consenso se o ex-presidente venha realmente a participar de fato da campanha do candidato à reeleição, por meio de gravação de propaganda ou eventos públicos.

Os conservadores paulistanos estão realmente dividindo seus votos entre os dois candidatos mais à direita, cujo fato pode influenciar no resultado da eleição a favor do esquerdista, de modo que as pesquisam mostram empate de preferência entre os eleitores conservadores.

Enquanto isso, o governador tem sido o principal cabo eleitoral do candidato à reeleição, estando sempre presente nas agendas públicas, nos eventos estratégicos da campanha e nas preparações para os debates eleitorais.

O governador também vem mediando as conversas entre o ex-presidente e o candidato à reeleição, em que pesem os acenos daquele em direção ao outro candidato conservador.

Chegam a ser risíveis os viés que orientam os contornos na política, quando o homem público da estirpe do ex-presidente, inclusive tido por incorruptível, se junta, por visível interesse político, mais especificamente por domínio de vantagem indiscutivelmente escusa, apoia o candidato à reeleição, mesmo sabendo de muitos atos nada republicanos adotados por ele, conforme denúncia pública feita por ex-ministro do Meio Ambiente do governo daquela autoridade.

O caso é que o vice-prefeito do candidato à reeleição foi indicado pelo ex-presidente do país e isso já sinaliza forte suspeita em participação do seu apoio, posto que isso demonstra completa falta de imparcialidade quanto ao resultado do pleito em si, em termos meramente políticos, diante do interesse na vitória do seu afilhado político e não apenas no melhor para o município de São Paulo.

A situação pode configurar maior suspeita sobre falta de lisura, caso o ex-presidente venha a realmente intensificar a sua participação na campanha do candidato à reeleição, quando ficará escancarado o seu interesse na defesa propriamente do seu patrimônio político.    

À toda evidência, fica muito claro que o ex-presidente age por conta de interesse se ele decidir se empenhar ativamente na campanha do candidato à reeleição, porque isso só expõe o seu efetivo interesse em ajudar a eleger também o seu protegido político, não tendo nada a ver com os verdadeiros interesses do povo do município de São Paulo, em especial que o seu partido não tem candidato ao cargo de prefeito, que ele ficaria mais à vontade para se manifestar, com isenção de interesses.

Enfim, os brasileiros cada vez mais se decepcionam com os homens públicos, que aproveitam cada oportunidade para exporem o seu lado fraco do seu ego, como faz agora o principal político da oposição, que indica afilhado político para se manter em evidência na política, embora não tenha coragem para mostrar a sua verdadeira face, quando não assume diretamente a sua atitude nada republicana.

É preciso que os brasileiros honrados percebam e consigam avaliar os seus representantes políticos, quanto aos aspectos circunstanciais que contribuem para a consolidação dos princípios éticos e morais inerentes às suas atividades políticas.  

Brasília, em 2 de outubro de 2024

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