“Deixem-me envelhecer sem compromissos e
cobranças,
Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém,
Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,
Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,
Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,
Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,
Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,
Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.
Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,
Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão,
Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir,
Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos,
Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,
Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,
Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,
Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.
Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,
Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,
Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,
Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,
Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,
Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,
Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,
Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz!” - Concita Weber
Esse belíssimo texto escrito pela celebrada escritora
maranhense, a admirável Concita Weber, é a síntese do bem viver que condiz com
o desejo do verdadeiro viver a velhice serena e tranquila, em harmonia com o
sentido apropriado para esse período da vida.
A mensagem deve condizer exatamente com a paz de
espírito sonhada pelo velho, sem necessidade de qualquer forma de ingerência,
senão do próprio idoso, que deve ser livre para agir e decidir o seu destino da
melhor maneira possível, tendo o direito até mesmo de cometer os erros próprios
da idade maravilhosa, porque até isso, convenhamos, seria estranho se também
não fosse permitido.
O importante é que a velhice, como dádiva divina,
tenha somente privilégios e prerrogativas ilimitados para o velho, sem
quaisquer restrições, porque isso se harmoniza com a felicidade objetivada da
velhice saudável e despreocupada.
Que o velho tenha o sagrado direito de viver a vida
pedida a Deus, rica de liberdade e plena de felicidade.
Amém!
Brasília,
em 1º de outubro de 2024
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