quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cascateagem oficial

Diante da fúria demonstrada pelo PMDB, que não teria sido devidamente informado sobre os reais motivos pelos quais o governo vem defendendo, a duras penas, o sigilo dos orçamentos das obras pertinentes às reformas dos estádios para a Copa do Mundo e a Olimpíada, houve sensível recuo estratégico no sentido de que o segredo somente ocorrerá até a divulgação dos resultados dos vencedores para a execução das aludidas obras. O certo é que o questionado projeto contém sérios vícios de origem, inclusive há dispositivos que desrespeitam princípios constitucionais, mas, mesmo assim, o governo insistia que a proposta fosse aprovada pelo Congresso Nacional, sem qualquer explicação, nem mesmo aos seus aliados, porém, diante do claro sinal de insatisfação peemedebista, acenando para possível derrota do projeto no Senado, não restou senão a alternativa de modificar apenas um pouco o seu texto, que ainda não é suficiente para escoimar plenamente as suspeitas que rondam sobre as maquiavélicas intenções palacianas. Resta, agora, saber se o estilo atropelador petista conseguirá emplacar a sua vontade inconfessável, nitidamente sem transparência e sem justificativas, que não se coadunam em nada com os regimes democráticos, deixando de dar o indispensável atendimento às exigências “legítimas” do maior partido garantidor de sustentação governamental, quais sejam, nomeações de cargos de direção e liberação de recursos públicos, em especial aos que se referem à prorrogação, até 31 de dezembro de 2011, da validade dos restos a pagar de 2009. Induvidosamente, o presente episódio demonstra que a falta de justificativas e de fundamentação claras e plausíveis, nos atos governamentais, não contribui para o desejável fortalecimento dos princípios fundamentais da administração pública, em especial quanto à transparência, à verdade dos fatos e ao inarredável atendimento do interesse público.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de junho de 2011

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