quinta-feira, 2 de junho de 2011

A beleza das reformas

Tem sido motivo de enorme preocupação não só a demora das reformas e construções dos estádios para a Copa do Mundo, mas, em especial, o fato de que, inicialmente, não seriam utilizados recursos públicos para essas obras e os custos, evidentemente, deveriam ser outros bem inferiores aos valores estimados na atualidade. Já não há mais dúvidas de que nada será implementado sem o financiamento generoso do BNDES, ou seja, recursos públicos, sob o falso argumento de que serão criados espaços multiusos, como forma de justificar a participação de verbas públicas, que também hão de garantir as obras de infraestrutura nas imediações das praças desportivas. Desde logo, é possível se afiançar que a dívida contraída jamais será quitada, as construtoras vão reajustar de forma escandalosa seus preços, para possibilitarem a conclusão das obras, e os espaços multiusos não terão utilidade senão para o usufruto de terceiros, como sói acontecer em casos que tais. Em passado recente, nos Jogos Pan-Americanos, foram apuradas irregularidades diversificadas, como superfaturamento de preços, emprego de material de péssima qualidade e obras inacabadas, entre outras perversidades com o dinheiro público, porém não se tem conhecimento que alguém tenha sido responsabilizado pelos prejuízos ao erário e, muito menos, penalizado com a proibição de participar de novas contratações com a administração pública, que se compatibilizariam com a exigência legal de reparação do patrimônio público e de lição para prevenir a reincidência de fatos análogos. A previsibilidade de insucesso quanto ao resultado das reformas e construções em apreço é uma realidade que poderia ser evitada se o governo tivesse interesse em se prevenir, apenas adotando, desde logo, medidas eficientes de controle da gestão pública, sem necessidade de ter que assumir no futuro, de forma pacífica, para o contribuinte pagar, a fatura pertinente aos investimentos destinados à realização da Copa do Mundo de Futebol.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 02 de junho de 2011

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