quarta-feira, 22 de junho de 2011

O casarão

Bem num lugar de destaque no interior do Sítio Canadá, próximo da sede do Município de Uiraúna, Estado da Paraíba, fica a casa grande ou o casarão, como é do conhecimento da redondeza, em face da sua imponência e elegância de uma construção antiga, ímpar, singular mesmo para as fazendas da região. Foi exatamente ali onde, aproximadamente às 04h00 do dia 28 de janeiro de 1949, nasci para a vida e para a luta, no primeiro quarto situado à direita do frontispício, à base de belo sobrado que representava a pujança de uma residência bastante aconchegante no seu interior, com cômodos grandes e confortáveis e uma pequena capela, para as orações da família, tendo no pavimento alto um cenário panorâmico encantador e invejável; para o lado direito, via-se a beleza das águas mansas e abundantes do extenso açude, com capacidade para abastecer a região e torná-la fértil; para à frente, descortinava-se maravilhosa vista, abrangendo parte do açude, as casas dos familiares, bonita floresta ao fundo e o velho engenho de moagem de cana de açúcar; e ao lado esquerdo, avistava-se fantástica paisagem do sítio com frondosas e variadas árvores frutíferas de primeira qualidade e de frutos de sabores inigualáveis. Foi nesse verdadeiro paraíso terrestre onde também passei meus primeiros anos de vida, com o calor e os cuidados dos meus avós paternos e das minhas carinhosas e amáveis tias, que tiveram dedicação incomparável para comigo, contribuindo decisivamente para a minha formação moral e pessoal. Na casa grande, floresceram os meus sonhos e desejos, um dos quais tem sintonia com a minha vinda para Brasília, nascido a partir de ouvir um cidadão que trabalhava na construção da nova capital do Brasil e, estando de férias, em visita ao meu avô, conversava animadoramente enaltecendo as vantagens e novidades da futura cidade, deixando os presentes embebecidos e encantados, de queixos caídos com tantos avanços e progressos, bem como a facilidade de ganhar muito dinheiro. Para mim, em particular, essa visita serviu para plantar uma semente de avidez por aventuras em plagas distantes. A contemplação em pensamento do passado na casa grande é muito especial, por poder reviver momentos agradáveis e inesquecíveis, entre muitos, de exuberância, fartura, carinho, confraternização, alegria, festa, satisfação, beleza, ternura, amor e sonhos, que, felizmente, viriam a ser realizados. Bons tempos aqueles do meu querido e saudoso casarão...

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 22 de junho de 2011
   

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