quinta-feira, 30 de junho de 2011

Casa da mãe Joana

Conforme vem sendo noticiado pela mídia, para implementar a fusão da rede francesa Carrefour com o grupo Pão de Açúcar, o Estado brasileiro teria que participar com R$ 4 bilhões, ou seja, cem por cento do negócio, com aporte de recursos realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES. Como de costume, o governo brasileiro mente, inventando uma história sempre mal contada. Veja-se que a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República negou que haja recurso público na fusão e que essa é uma ação de mercado da BNDESPar, braço de participações do banco em empresas privadas, e não passa pelo crivo do governo. Como o próprio nome diz, o braço faz parte, como membro, do BNDES, ou seja, administra recursos públicos. Também há explicação oficial no sentido de que a aludida negociação interessa ao país, sob os argumentos de que isso facilitaria a distribuição de produtos brasileiros pelo mundo. Essa é outra inverdade petista, sabendo-se que os produtos brasileiros são muito caros, em comparação aos fabricados, por exemplo, na China e na França, para aonde eles seriam exportados, os quais não teriam a mínima condição de competitividade nesses países. Esse nebuloso caso não chega a ser nenhuma novidade, porque o governo brasileiro tradicionalmente age com benevolência com os empresários pátrios já bem sucedidos, ao participar, sem qualquer critério que o justifique, de empresas que, na realidade, estão muito bem administradas financeiramente. É bastante fácil entender o motivo pelo qual os empresários recorrem aos recursos públicos, para turbinarem os seus negócios, estando vinculados aos encargos financeiros subsidiados, quase a custo zero, em relação aos financiamentos da rede bancária privada. Caso o Brasil fosse um país pouquinho sério, os recursos do BNDES, que são públicos, seriam canalizados com exclusividade para setores efetivamente carentes de incentivos econômico e social, com vistas a possibilitar o aumento do emprego e principalmente da produtividade interna ou localizada, para o desenvolvimento econômico e social, como indicam claramente o nome e a própria destinação do mencionado banco, em exclusivo benefício do povo brasileiro.  

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de junho de 2011
   

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