domingo, 26 de junho de 2011

O poder do cartel

Mais uma vez, a poderosa cartelização dos combustíveis conseguiu vencer a esforçada boa vontade da população consumidora do Distrito Federal, ao impedir, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, mediante aprovação de emenda de sua iniciativa, que os atuais supermercados possam instalar revendas nos seus pátios e comercializar derivados de petróleo, sob a fajuta e desbotada alegação da necessidade de proteger o tombamento, a legalidade e a isonomia de mercado. A atitude dos parlamentares que inviabilizaram, no primeiro turno da votação, a efetivação de medida tão almejada, demonstra claramente o seu ostensivo comprometimento com essa pouca vergonha denominado cartel da economia, há muito tempo imperando soberanamente na capital dos brasileiros, com verdadeiro massacre à vida dos cidadãos trabalhadores. Nesse contesto, impende ressaltar que levantamento oficial assegura que os supermercados, autorizados a funcionar no país inteiro, à exceção do Distrito Federal, vendem combustíveis a preços dez por cento menos do que os demais postos, fato esse que reforça, de forma substancial, o entendimento segundo o qual o atual sistema adotado na capital federal tem sido bastante perverso para com o bolso dos candangos, que vêm gritando contra essa maldade sem qualquer ressonância por quem de direito, principalmente das autoridades. Veja-se que tramita, no Supremo Tribunal Federal, ação impetrada pelo Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, com a finalidade de declarar inconstitucional legislação proibindo a venda de combustíveis pelos supermercados, cuja análise aguarda há mais de dois anos, enquanto a liberação da Marcha da Maconha foi decidida, naquela corte, em toque de caixa, do dia para a noite. É lamentável que parlamentares, eleitos para representar o povo e agir sobretudo em sintonia com o interesse público, delibere acintosamente em defesa de grupo econômico, em visível procedimento de proteção dos seus patrocinadores eleitorais, com prejudicial resultado para a economia dos cidadãos que pagam os seus vencimentos. Isso evidencia que a consciência do eleitor brasiliense precisa evoluir um pouco mais, para, finalmente, escolher corretamente seus fieis representantes no parlamento, com vistas a evitar que inescrupulosos empresários venham legislar indiretamente em causa própria, como ocorreu nesse indecente caso.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de junho de 2011


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