sábado, 8 de outubro de 2011

A honra e o mérito

A Universidade Internacional Menéndez Pelayo, da Espanha, aprovou, nesta data, a concessão do título de doutor honoris causa ao último ex-presidente da República, em reconhecimento a seu "papel fundamental" na erradicação da pobreza, na luta pela democracia, na criação de empregos, no investimento em programas sociais e no corte das taxas de juros. No entendimento desse educandário, o ex-presidente buscou, na política externa, o reconhecimento internacional, tendo assinado diversos acordos, defendido a Amazônia e reivindicado para o Brasil um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU. Também foi lembrado que o agraciado alcançou níveis inéditos de popularidade e conseguiu a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016. É impressionante como a visão do mundo exterior enxerga a gestão do ex-metalúrgico na Presidência da República apenas pelo ângulo que interessa ser convenientemente destacada, como se isso somente servisse de fundamento para justificar a concessão de tão honrosa comenda. Talvez fosse mais justo que houvesse avaliação, para a outorga de tamanha honraria, das obras, realizações ou omissões atribuídas ao homenageado, que por certo poderiam influenciar na à concessão de títulos que tais. No caso em comento, é evidente que a gestão do ex-presidente foi recheada por fatos marcantes e graves para a vida dos brasileiros, tendo deixado várias heranças malditas, como a falência do ensino público, da educação, da saúde, da segurança pública, dos transportes etc.; o descontrole dos juros e da inflação; a composição política com partidos e pessoas sem ideologia alguma, apenas interessadas em se beneficiarem da coalizão para sustentar o governo; a instalação de esquema de corrupção e roubalheira, do tipo mensalão, destinado a corromper as pessoas visando à manutenção no poder, ao crescimento do PT e ao enriquecimento de pessoas com dinheiro sujo; o nepotismo explícito dentro da máquina pública, obrigando a expansão exagerada e injustificável dos órgãos públicos; a distribuição demagógica de recursos públicos, na forma de bolsa família, repasse de verba para a UNE, o MST etc.; inexistência das reformas estruturais prometidas ao povo; ausência de metas de desenvolvimento econômico e social; e tantas outras situações que um prêmio de caráter e autenticidade comprovados se envergonharia de ser passado às mãos de quem não teve a devida competência para administrar ou gerir os negócios do país, com as necessárias competência, dignidade e qualidade que merece e exige o Brasil. É muito provável que, para tantos equívocos e várias interpretações desastrosas acerca de brilhante politico que usou o talento em defesa de seus interesses políticos pessoais e de apaniguados, em detrimento das causas nacionais, a única explicação plausível é a bem sucedida política publicitária de seu governo, que foi ineficiente e incapaz de implantar programas desenvolvimentistas, mas bastante eficiente e sustentado apenas em fortes ações de marketing pessoal, tanto interna como no exterior, custeado com recursos dos bestas dos contribuintes. Agora, parece que fica claro que a concessão do doutorado honoris causa não segue observância de mérito e qualificação pessoal, mas sim a avaliação de um ou outro atributo que sirva apenas como justificativa, mesmo que ele seja parcialmente verossímil, como é o caso sob exame.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de outubro de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário