sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Incoerência política

A recente privatização dos aeroportos brasileiros, por certo, deve ter sido exitosa, motivando o governo a estudar a concessão também à iniciativa privada de alguns parques nacionais, conforme acena para tal possibilidade a assinatura de acordo pelas ministras do Planejamento e do Meio Ambiente, tendo por objeto a "modernização da gestão" de unidades de conservação do país, compreendendo concessões de serviços até parcerias público-privadas para administração dos parques. Segundo avaliação governamental, o modelo de concessão deve estar pronto logo no primeiro semestre do próximo ano, estando incluídos, nessa primeira fase, os parques nacionais de Jericoacoara e Ubajara, no Ceará, e os de Sete Cidades e da Serra das Confusões, no Piauí. Posteriormente, outros parques de grande potencialidade turística estarão também na mira da privatização, como Fernando de Noronha (PE), Anavilhanas (AM) e Lençóis Maranhenses (MA). O governo pretende que os parques sob concessão tenham aumento de visitação e de arrecadação por hectare. Não deixa de ser saudável a iniciativa petista, que realmente já demonstrou não ter competência, não somente com relação aos parques, mas no contexto geral, de tornar eficiente o gerenciamento do patrimônio público, havendo necessidade da urgente concessão dos aludidos serviços, mesmo envolvendo áreas protegidas, para quem efetivamente tem experiência e qualificação apropriadas para administrar, de forma moderna e lucrativa, os parques nacionais. Inobstante, somente quem esteve a distância do último pleito presidencial pode acreditar que a vontade governamental não se trata de mero encenação ou devaneio por parte de quem tanto demonizou as privatizações de órgãos estatais, promovidas no passado por governos adversários. Na concepção petista, as questionadas privatizações teriam sido a pior coisa da face da terra, por terem evidenciado que o patrimônio público teria sido transferido para as mãos de terceiros de forma desastrosa e entreguista. Essa atitude governamental vem apenas confirmar, agora, a enxurrada de incoerências, indecências, aleivosias e faltas de caráter protagonizadas na campanha eleitoral, com a exclusiva finalidade de atordoar e ganhar votos com o menosprezo à capacidade gerencial do opositor. Contrariando o posicionamento político-eleitoral petista, agora, as privatizações estão sendo realizadas uma atrás da outra, como se procedimentos desse jaez fossem algo natural, sem a menor importância. A sociedade brasileira anseia por que os seus governantes sejam congruentes com seus atos e suas condutas politicas, procedam com a indispensável retidão que se espera dos agentes públicos e, de forma zelosa e eficiente em defesa do patrimônio público, permitam somente as privatizações daqueles bens ou serviços públicos cujos procedimentos resultem benefícios para os interesses da nacionalidade. Acorda, Brasil!  

 ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de outubro de 2011

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