quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Privilégio da indignidade

O presidente do Senado Federal rebateu as severas e apropriadas críticas que vem recebendo em virtude de ter usado, em agosto último, um helicóptero da Polícia Militar do Estado do Maranhão, governado por sua filha, para viagens particulares em deslocava para sua ilha particular, tendo reafirmado que tem "direito" a esse tipo de transporte. Na ocasião, ele disse que 'Não prejudicou ninguém', embora, no momento, houvesse uma pessoa gravemente ferida, que teria sido preciso esperar o desembarque dessa autoridade para ser retirada de outro helicóptero. Agora, ele disse ao jornal "Zero Hora", do Rio Grande do Sul, que: "Quando esses privilégios foram criados, o objetivo era que os deputados fossem livres e seus salários não os fizessem miseráveis, dependentes dos presidentes" e continuou: "Quando a legislação diz que o presidente do Congresso tem direito a transporte de representação, estamos homenageando a democracia, cumprindo a liturgia das instituições". No seu entendimento, privilégios a congressistas “homenageiam democracia”. Esse fato mostra a verdadeira marca registrada de um político decrépito e totalmente fora de sintonia com os anseios da sociedade, que não merece ser tratada com tanto desdém e explícita prepotência. É inadmissível que esse político se posicione como o suprassumo das pessoas, alegando direito adquirido de privilégio como presidente de uma Casa Legislativa, em homenagem à democracia. Essa é mais uma barbárie cometida por esse politico, ao agredir e confundir democracia, que, entre tantas definições, significa prática de princípios de igualdade de direitos, oportunidade e tratamento numa comunidade, com privilégio, que pode ser vantagem ou concessão especial feita a alguém, sem exagero. Numa verdadeira democracia, não se admite privilégio somente para poucos, em detrimento da sociedade. É lamentável que esse político abuse da sua autoridade para menosprezar o direito dos cidadãos que pagam os seus vários vencimentos e proventos, tendo em vista que o helicóptero foi comprado com dinheiro do povo, com a destinação exclusiva à prestação de socorros médicos no Maranhão e jamais poderia ser utilizado nem pela presidente da República, que também merece transporte especial, mas esse veículo ou aeronave deve ser provido por outros meios apropriados e diferentes daquele que tem uso específico, não podendo ser dele desviado, sob pena de comprometer o atendimento à saúde pública e à vida de pessoas acidentadas, como de fato ocorreu, cujo socorro não pode ficar à mercê do oferecimento de privilégio inexistente no caso concreto. Esse lamentável episódio exige que o povo brasileiro se conscientize da verdadeira necessidade de acabar com esse tipo de privilégio a qualquer político, em homenagem à democracia, votando, para o seu representante político, na pessoa que possua dignidade, espírito humanitário, respeite e valorize o seu semelhante e tenha o indispensável e exclusivo devotamento às causas do interesse público. Acorda, Brasil!

 ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de outubro de 2011

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