domingo, 23 de outubro de 2011

Mentiras e propinas

Após reunião com a presidente da Republica, o ministro do Esporte, apesar de ser alvo de várias acusações de supostos desvios de recursos no órgão, por meio do Programa Segundo Tempo, foi confirmado no cargo, por ter conseguido convencê-la da sua isenção quanto às irregularidades apontadas por quem teria se beneficiado dos esquemas de corrupção com dinheiros públicos. O ministro foi taxativo ao afirmar que a mandatária acreditou em tudo que ele falou e que ela lhe recomendou que permanecesse tocando a agenda do órgão. Ele disse ainda que: “Desmascarei, diante da presidente, todas as mentiras que foram perpetradas contra mim”. Logo em seguida, a Presidência da República divulgou nota afirmando que o governo “não condena sem provas e parte do princípio da presunção da inocência”. Explicou também que não aceita que "alguém seja condenado sumariamente". Diante de tantas denúncias de irregularidades que vêm surgindo ao longo dos tempos, dando conta de que a liberação do dinheiro daquela pasta dependia do desconto da parte para o abastecimento do PC do B, partido que controla o Esporte desde o início do governo anterior, estipulada em 10%, parece haver equívoco palaciano quanto a essa conclusão, que demonstra total leniência com os fatos em si, abonando in limine a gestão do órgão, quando os fatos apontados acenam para a real existência de esquema de desvio de dinheiros públicos. Embora o atual ministro tenha conseguido evitar momentaneamente a degola, a sua situação é insustentável, não pela convicção de se poder afirmar que ele tenha se beneficiado de algo, mas em razão de as irregularidades terem nutrido e se corporificado na sua gestão, com a sua assinatura nos convênios e na liberação dos recursos, permitindo que quinhão do dinheiro pudesse escoar pelo ralo, em direção ao partido pelo qual ele é filiado. Há notícia de que o esquema abrange muitos convênios e em todos estaria sempre presente o aparelhamento de desvio na defesa dos interesses econômicos do PC do B. Agora, já há prova consistente no sentido de que assessores diretos do ministro tenham ensinado a desviador de recursos públicos como deveria proceder para fraudar o próprio ministério. O certo é que a presidente da República, agora imbuída dos fortes ensinamentos de seu mentor e principalmente após a surra política que levou quando ensaiou promover limpeza no seu governo, não aceita que a imprensa traga à lume denúncias de irregularidades nos órgãos públicos, por mais que possa existir fundo de verdade nos fatos apontados. Não obstante, a sociedade espera que haja intensa guerra contra a corrupção, atingindo as raízes que se aprofundaram ao longo da história política, sem distinção de que os protagonistas sejam amigos do “rei”, porque, no contexto da moralização e dignificação do Estado, ninguém neste país pode ser mais importante do que o próprio patrimônio da nação. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de outubro de 2011

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